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NOTÍCIAS 2014 4º Trimestre - Outubro
Fonte: Folha de São Paulo - Poder PETROBRAS APROFUNDA INVESTIAGAÇÃO INTERNA Sob pressão de órgãos de regulação do mercado, estatal contrata escritórios especializados em lei anticorrupção dos EUA // Empresa também pediu à Justiça para ouvir Paulo Roberto Costa sobre reuniões dele com outros executivos Publicado: Folha de São Paulo - 31/10/14 - Pág. A8 | On Line 31/10/2014 Samantha Lima do Rio, Flávio Ferreira de São Paulo A Petrobras contratou dois escritórios especializados em lei anticorrupção americana e no atendimento a investigados pela SEC (órgão regulador do mercado de capitais dos EUA) para investigar denúncias de corrupção derivadas da Operação Lava Jato. Nos EUA, o escritório escolhido foi o Gibson, Dunn & Crutcher. No Brasil, a escolha foi o Trench, Rossi e Watanabe, de São Paulo. Eles vão colaborar com a comissão interna criada pela Petrobras para investigar o caso. A firma americana é uma das principais do país em FCPA, sigla da lei dos EUA que prevê pesadas punições a empresas estrangeiras flagradas em atos de corrupção e que tem ações negociadas em bolsa de valores do país. Já o advogado Bruno Maeda é o sócio do Trench especialista na lei americana. Procurados, os escritórios não quiseram comentar. A Petrobras decidiu aprofundar as investigações da comissão interna depois de ser pressionada pela PwC (PricewaterhouseCoopers), auditoria responsável por avaliar os balanços da Petrobras. No dia 16 de outubro, representantes da PwC informaram à Petrobras que avançar na apuração "era absolutamente necessário" para atender às leis americanas do mercado de capitais. Caso a Petrobras não o fizesse, a PwC deixaria de auditar os resultados do terceiro trimestre, a serem divulgados em novembro, e comunicaria a omissão ao conselho de administração da empresa. Se o conselho se calasse, o caso seria informado à SEC e a PwC deixaria o contrato. A Petrobras também pediu à Justiça autorização para ouvir o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa em suas investigações internas sobre desvios nas refinarias Abreu e Lima (PE) e Comperj (RJ). O pedido à Justiça é necessário porque Costa cumpre prisão domiciliar após ter feito delação premiada. A empresa pediu que Costa esclarecesse, entre outras coisas, o teor de reuniões com o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli e o ex-diretor de Serviços Renato Duque realizadas entre o fim de 2005 e o começo de 2006 sobre Abreu e Lima. A Petrobras quer saber por que, às vésperas da implantação de Abreu e Lima, Costa foi com Gabrielli e Renato Duque a reunião em Brasília. A estatal pede explicações sobre as revisões do valor da obra, que subiu de US$ 4 bilhões para US$ 13,4 bilhões entre 2006 e 2009. Duque disse não ter participado de reunião em Brasília sobre o assunto. Gabrielli afirmou que várias reuniões ocorreram na época sobre Abreu e Lima. A Petrobras também quer justificativa para liberação de adiantamento de R$ 200 milhões ao governo de Pernambuco em 2010, relativo a tarifas do porto de Suape (PE). À época, o Estado era governado por Eduardo Campos (PSB), que morreu em acidente aéreo em agosto passado. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: O Globo - País PETROBRAS: TCU CONSTATA SUPERFATURAMENTO ATÉ NA COMPRA DE MANDIOCA Em obra da estatal, alimento tem preço muito superior ao de mercado Publicado: O Globo - 30/10/14 - Pág. 3 | On Line 30/10/2014 6:00 / Atualizado 30/10/2014 9:57 Vinicius Sassine / Eduardo Bresciani BRASÍLIA — A Petrobras já recorreu aos mais diversos argumentos para rebater a acusação de superfaturamento de R$ 1,3 bilhão nos principais contratos das obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Preços a mais, acertados com as empreiteiras, foram a base para o esquema de desvios operado pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, conforme investigação da PF na Operação Lava-Jato. No caso de uma fatia desse superfaturamento, referente aos custos com alimentação, a estatal recorreu à mandioca — ou à macaxeira, como é conhecida no Nordeste — para explicar a diferença de preços. O caso é investigado em inquérito da PF e em processos de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). O que já se constatou é que a mandioca de fato foi comprada para o café da manhã nos canteiros de obras e encareceu as refeições, mas a preços superfaturados, conforme as investigações. A Petrobras disse terem sido gastos R$ 2,88 a cada 220 gramas de mandioca. O valor foi considerado elevado pelos técnicos do TCU. “Considerando as cotações máximas da Ceasa-PE, corrigidas pelo IPCA, o valor de referência para a porção de 220 gramas de macaxeira é de R$ 0,39”, advertiram eles, em relatório. A PF abriu inquérito em 2011 com base no relatório do TCU para apurar o suposto superfaturamento em quatro contratos da refinaria. Os custos exagerados de alimentação chegaram a R$ 37,9 milhões, segundo os auditores. A PF, então, intimou gerentes dos contratos para que explicassem as diferenças de preços. — A convenção coletiva dos trabalhadores da indústria da construção pesada exige que o café da manhã respeite os regionalismos. No caso do Nordeste, são um tubérculo e uma proteína. Sem macaxeira ou inhame e sem galinha ou carne, a obra para — afirmou à PF Flávio Casa Nova, um dos gerentes de implementação da obra. Dos sete gerentes da refinaria intimados pela PF, três citaram a mandioca como responsável por encarecer o café da manhã. A suspeita de superfaturamento ocorreu porque os preços estimados eram superiores à tabela usada pelo TCU como referência. Esse cardápio leva em conta obras de São Paulo e inclui café, leite, margarina, queijo prato, muçarela e pão francês. Num acórdão de 2013, o TCU concordou com a inclusão da mandioca, mas destacou que uma porção de 220 gramas era “bem superior” à prevista, de 120 gramas. “Entende-se que deve ser revisto o valor adotado na análise de preços”, diz o relatório. O TCU decidiu reconsiderar o valor do café da manhã, classificado como adequado por causa dos preços semelhantes praticados nas obras do Complexo Petroquímico de Pernambuco. Falta agora saber qual a posição da PF sobre a mandioca superfaturada. * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - País DELATORES DE ESQUEMA DE CORRUPÇÃO NA PETROBRAS VÃO DEVOLVER R$ 175 MILHÕES Doleiro Alberto Youssef pagará R$ 55 milhões ao Erário como parte do acordo de delação premiada para diminuir pena Publicado: O Globo - 30/10/14 - Pág. 3 | On Line 30/10/2014 6:00 / Atualizado 30/10/2014 9:57 Jailton de Carvalho - Colaborou Cleide Carvalho BRASÍLIA — O doleiro Alberto Youssef deverá devolver aos cofres públicos R$ 55 milhões até o fim dos processos abertos contra ele a partir da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. A devolução do dinheiro e dos bens obtidos de recursos ilícitos faz parte do acordo de delação premiada que o doleiro firmou em troca de redução substancial das penas de prisão a que poderia ser condenado por desvios de verbas da Petrobras e de outras áreas da administração pública. Na quarta-feira, Youssef recebeu alta do hospital em Curitiba onde estava internado desde sábado e voltou para a prisão. Até o momento, réus que decidiram colaborar com as investigações da Lava-Jato já se comprometeram a devolver aproximadamente R$ 175 milhões. O primeiro da fila da delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que confessou participar de um esquema de corrupção que envolvia políticos de PT, PMDB e PP, deverá devolver mais de R$ 70 milhões. Entre os valores a serem entregues por Costa estão US$ 23 milhões que ele teria recebido da Odebrecht, uma das empreiteiras com grandes contratos com a Petrobras. O dinheiro está bloqueado em contas bancárias na Suíça, e sua devolução aos cofres públicos depende apenas de medidas burocráticas Volume expressivo de dinheiro deve ser devolvido também por outros colaboradores, entre eles o executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, que também decidiu fazer acordo de delação premiada. Os valores que ele teria de devolver estariam em torno de R$ 40 milhões. Os recursos a serem recuperados até o fim do processo devem aumentar ainda mais caso algumas empreiteiras confirmem a intenção de fazer acordo de leniência. Emissários de empresas já fizeram sondagens sobre possível acordo logo na primeira fase das investigações, mas ainda não há decisão sobre isso. Para o Ministério Público, novos acordos só deverão ser assinados em bases ainda mais duras. — Não dá para fazer acordo de leniência com todas as empresas. Tem que ser acordos individuais com condições específicas — disse uma autoridade que acompanha o caso de perto. As exigências do Ministério Público Federal para eventuais colaborações das empreiteiras seguirão parâmetros adotados em processos judiciais americanos. As empresas teriam que abrir mão dos lucros obtidos em contratos espúrios. Teriam ainda que pagar multa por danos morais. Em caso de não colaboração, as punições poderão ser ainda mais rigorosas. O Ministério Público deverá pedir pena de prisão de dirigentes envolvidos nas negociatas denunciadas por Costa e Youssef, além da proibição da contratação pelo serviço público. No material em poder da PF e do MP constam contratos de falsa prestação de serviços, e os depoimentos de Costa, Youssef e outros integrantes da organização do doleiro que teriam participado das supostas fraudes. Entre os documentos aparecem ainda extratos de contas no exterior e detalhados relatos sobre a remessa de recursos ilegais para beneficiários do esquema em outros países. PETROBRAS QUER OUVIR COSTA A Petrobras quer ouvir o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa nas investigações internas abertas para apurar irregularidades nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj. O pedido foi encaminhado ontem à Justiça Federal do Paraná, uma vez que Costa cumpre prisão domiciliar depois de ter sido beneficiado pela delação premiada negociada com o Ministério Público Federal. A estatal pede que Costa responda por escrito a 19 quesitos, na maioria relacionados a negócios da diretoria de Abastecimento. A comissão interna da estatal quer saber quais assuntos foram tratados em reuniões feitas em Brasília, no início de 2006, às vésperas da aprovação do projeto Abreu e Lima, das quais participaram Costa, Renato Duque e o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli. Outra pergunta é sobre as razões de ter sido aumentado o valor do projeto, revisado para US$ 4 bilhões em dezembro de 2006. O relator da CPI mista da Petrobras, Marco Maia (PT-RS), disse ontem que quebrar sigilos de empreiteiras envolvidas nas denúncias de Costa e Youssef pode não contribuir para o andamento da investigação no Congresso. Os integrantes da CPI chegaram a um acordo para prorrogar os trabalhos até 21 de dezembro, mas não há entendimento sobre novos requerimentos de acesso a dados sigilosos nem convocações. — Aprovar quebras de sigilo pode ser inócuo. Não acho necessidade de novas quebras neste momento — afirmou. — Quebrar sigilo de empreiteiras de forma genérica talvez não contribua para o processo investigatório porque são informações generalizadas. São seis meses para chegarem os dados e uma loucura para analisar tudo — reiterou. * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo G1 - Política DIRETOR QUE SUCEDEU COSTA DIZ À CPI DESCONHECER CORRUPÇÃO NA PETROBRAS Paulo Roberto Costa denunciou propina a partidos com dinheiro de contrato. // Atual dirigente admitiu ter tido contato com Costa após sua saída da estatal. Publicado: O Globo - 30/10/14 - Pág. 4 (não transcrito abaixo) | On Line 29/10/2014 15h53 - Atualizado em 29/10/2014 22h36 Priscilla Mendes Do G1, em Brasília (On Line) O diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, que substituiu Paulo Roberto Costa no cargo, disse nesta quarta-feira (29) à CPI mista que investiga a petroleira que “nunca” ouviu falar “absolutamente nada” sobre suposto esquema de pagamento de propina e lavagem de dinheiro dentro da empresa. “Desconheço. Nunca ouvi falar absolutamente nada sobre isso”, afirmou o diretor quando questionado pelo relator da CPI mista, deputado Marco Maia (PT-RS). Em depoimento à Justiça Federal do Paraná no início de outubro, Paulo Roberto Costa, preso em regime domiciliar no Rio, afirmou que havia um esquema de pagamento de propina a partidos com dinheiro de contratos da estatal com fornecedores. Segundo Costa, as diretorias da Petrobras comandadas por PT, PMDB e PP recolhiam propinas de 3% do valor de todos os contratos. As legendas negam. O atual diretor destacou que todas as denúncias de irregularidades dentro da petroleira estão sendo investigadas interna e externamente. “O Ministério Público e a Polícia Federal estão investigando se isso é verdade. Meu trabalho é conduzir o suprimento (de gás e petróleo) do país como um todo. Detalhes de contratação não são da minha área”, afirmou. Marco Maia, então, retrucou: “mas o senhor está substituindo o Paulo Roberto Costa”. “Sim, mas dentro do [diretoria de] Abastecimento eu nunca ouvi falar de cartel”, respondeu. “Nos meus 38 anos de empresa, eu não tenho essa informação de que antes ou depois dele [Paulo Roberto Costa] havia esse esquema de propina”, completou o diretor. O relator, então, lembrou que, durante depoimento na delação premiada, Costa teria afirmado que o suposto esquema era “tratado abertamente” dentro da diretoria. “Se foi, eu nunca vi”, respondeu Cosenza. Contatos com Costa Cosenza também disse que não conhece o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal suspeito de comandar esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 10 bilhões. O diretor, no entanto, admitiu ter tido contato com Paulo Roberto Costa depois de sua saída da empresa, em 2012. No depoimento desta quarta, inicialmente, Consenza negou ter mantido contato com Costa após ele ter deixado a empresa. Ele chegou a afirmar que seu contato com o ex-diretor limitou-se ao momento em que foi convidado para assumir a gerência de Refino. “Somente neste momento”, afirmou. Cerca de 20 minutos depois, no entanto, em reposta ao deputado Rubens Bueno (PPS-PR), ele admitiu que, depois que Costa deixou a diretoria, eles tiveram contato em cinco ocasiões, duas vezes pessoalmente e três por telefone. Em um dos contatos com Costa, Cosenza disse ter feito consultas “técnicas” sobre a Diretoria de Abastecimento. ”Fiz uma consulta sobre mecanismos dentro do Abastecimento, porque eu nunca tinha exercido um cargo dessa magnitude e tinha dúvidas sobre o modus operandis. Queria sanar dúvidas das mais diversas, um assunto estritamente técnico”, respondeu. Em outra oportunidade, Cosenza afirmou ter respondido a uma carta enviada pelo ex-diretor, na qual ele fazia uma proposta relacionada a minirefinarias. “Ele mandou uma carta e essa carta foi respondida. Foi uma mera correspondência seguida de uma resposta sobre a inviabilidade”, afirmou, sem dar detalhes da proposta. Discussão O líder do PSDB, na Câmara, deputado Antônio Imbassahy (BA), questionou quais medidas Cosenza teria adotado a partir de 2012 para sanar eventual desvio de verba na diretoria. "Com tantas irregularidades, o senhor passa dois anos e nada faz? Nada foi feito? Nenhuma punição?”, provocou o parlamentar. O diretor respondeu que a auditora interna está “nos finalmentes”. “Fazer uma ação nesse momento sem ter conclusão por parte dos órgãos de investigação nos parece temerário. Vamos agir quando tivermos os resultados tanto das auditorias internas quanto externas”, afirmou. “A auditoria (interna) está nos finalmentes”, completou. Para Imbassahy, “não resta dúvida que essas irregularidades na Petrobras prosseguiram mesmo depois da saída do Paulo Roberto Costa”. Questionado pelo deputado Enio Bacci (PDT-RS) se Costa era uma pessoa “confiável”, Cosenza disse nunca ter visto nada que o “desabonasse”. “Mas alguma coisa aconteceu que o levou a ter essa situação de delação premiada”, admitiu o diretor. “O Brasil sabe que alguma coisa aconteceu”, respondeu Bacci. O primeiro parlamentar governista a falar na sessão foi o petista Afonso Florence (BA), que parabenizou o diretor por não ter “escorregado em nenhuma casca de banana” durante o depoimento. A oposição, segundo ele, tenta levar a investigação da Petrobras para o âmbito da disputa eleitoral. “O que estamos vendo aqui é uma tentativa de terceiro turno. A presidente Dilma foi eleita, nós temos que desacelerar”, disse Florence. O objetivo dos oposicionistas, segundo o petista, é atingir a presidente da empresa, Graça Foster, e Dilma Rousseff. “Quando, na verdade, esse governo faz uma boa gestão na Petrobras”, afirmou Florence. Esta é a segunda tentativa que o colegiado faz para ouvir o diretor. Na semana passada, Cosenza não compareceu e enviou um atestado médico para justificar a ausência. Segundo o documento, o diretor teria apresentado hipertensão e teria recebido “medicação de urgência”, o que impossibilitou sua ida ao Congresso. Versão Impressa DIRETOR DA PETROBRAS DIZ DESCONHECER CPORRUPÇÃO Ao depor na CPI, sucessor de Costa afirma que nunca ouviu falar de propina Eduardo Bresciani -BRASÍLIA- O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, sucessor de Paulo Roberto Costa no cargo, disse ontem em depoimento à CPI mista da Petrobras que "nunca ouviu falar" de desvios de recursos ou formação de cartel para a realização de obras para a companhia. Cosenza afirmou que a empresa faz apurações internas e acompanha as investigações sobre o tema. O relator da comissão, Marco Maia (PT-RS), utilizou declarações de Costa em depoimento à Justiça para questionar Cosenza sobre eventual propina de 3% nos contratos, repasses a partidos políticos e formação de cartel das grandes empreiteiras fornecedoras da Petrobras. Para todas elas, a resposta foi semelhante. - Nunca ouvi falar - repetiu. Questionado sobre a declaração de Costa de que o pagamento de propina era comum antes de seu período na companhia, Cosenza deu uma negativa mais contundente. - Em meus 38 anos de empresa não tenho essa informação de que antes ou depois dele (Costa) havia esse esquema de corrupção. Desconheço totalmente - afirmou. O atual diretor destacou seu tempo de trabalho na companhia e afirmou ter conseguido bons resultados para a empresa na melhoria dos processos de refino, principal atribuição da área de abastecimento. Iniciou sua exposição lamentando não poder comparecer à comissão na semana passada por problemas de saúde. Na semana passada apresentou um atestado médico que foi questionado pela oposição. O diretor afirmou que após assumir o cargo trocou três telefonemas e teve dois encontros com Costa. O primeiro encontro foi após assumir o cargo para tratar de assuntos relativos à transição. O segundo foi para receber uma proposta de implantação de minirrefinaria para a qual Costa fa-zia lobby. Cosenza ressalta que a proposta foi considerada inviável pela Petrobras. Cosenza afirmou ainda que não tinha relação de amizade com Costa, mesmo quando foi seu subordinado. Destacou que não havia nem proximidade física de seu escritório com o do diretor, que ficavam distantes por três andares: - Minha relação era profissional. Nunca frequentei a casa dele, nem ele a minha. Afirmou que quando era gerente chegou a se reunir com empreiteiras, mas apenas para tratar do andamento de obras que estavam sob sua jurisdição. O diretor afirmou que estão "nos finalmente" as investigações internas da companhia sobre as obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Com- perj) e da compra da refinaria de Pasadena. Questionado se já houve algum funcionário punido, disse que qualquer medida só poderá ser tomada após a conclusão dessas apurações. - Estamos fazendo as investigações. Fazer ação sem ter conclusão seria temerário. São várias comissões andando em paralelo, que estão nos finalmente. Vamos agir quando tiver resultado - afirmou Cosenza. * Fonte primária: O Globo - G1 - On Line Fonte: Folha de São Paulo - Poder AUDITORIA AMEAÇOU DENUNCIAR ESTATAL NOS EUA Publicado: Folha de São Paulo - 30/10/14 - Pág. A15 | On Line 30/10/2014 02h00 Samantha Lima, do Rio Responsável por auditar as demonstrações financeiras da Petrobras desde 2012, a americana PwC (Pricewaterhouse Coopers) ameaçou não avaliar o próximo balanço da empresa e, em último caso, denunciá-la nos EUA se a investigação sobre desvios na estatal não fosse aprofundada. Onze dias depois, na segunda (27), a Petrobras divulgou ter contratado duas empresas, uma americana e outra brasileira, para aprofundar a investigação das denúncias reveladas na investigação da Operação Lava Jato. O tema foi tratado em 16 de outubro, em reunião com cinco representantes da PwC e Sérgio Quintella, vice-presidente da FGV e conselheiro de auditoria da Petrobras. Segundo ata à qual a Folha teve acesso, a PwC mostrou preocupação especial em relação à denúncia feita à Justiça pelo ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa de que teria recebido R$ 500 mil em propina do presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Para a PwC, a investigação era "absolutamente necessária" para atender às leis do mercado de capitais americano, onde a Petrobras negocia ações; se ela não fosse feita, a própria auditoria poderia denunciar a omissão nos EUA. Procurado, Machado negou as acusações com veemência. A PwC afirmou que não fala sobre clientes. Quintella disse que o caso deveria ser comentado pela empresa, e a Petrobras não comentou. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Poder EXECUTIVO QUE FEZ ACORDO DE DELAÇÃO DOOU MAIS E R$ 5 MI PARA PT E PR Petistas receberam 38% do total de R$ 6,7 milhões repassados a 13 siglas entre 2006 e 2014 pelo empresário // Doações foram feitas por diretor de empresa com contratos de R$ 4 bi com a Perobras; doações são legais, afirma PT Publicado: Folha de São Paulo - 30/10/14 - Pág. A15 | On Line 30/10/2014 02h00 Gabriela Terezini e Mario Cesar Carvalho, de São Paulo O executivo Julio Camargo, que fez um acordo de delação premiada com procuradores que investigam desvios na Petrobras, doou R$ 6,7 milhões a 13 partidos entre 2006 e 2014. O partido que mais recebeu foi o PT, com R$ 2,56 milhões, o equivalente a 38% do total repassado. As doações foram feitas pelo próprio Camargo, executivo da Toyo-Setal, ou por empresas das quais ele é sócio. Foram beneficiados os senadores Marta Suplicy (SP), Lindbergh Farias (RJ) e Delcídio do Amaral (MS) e o deputado Adriano Diogo (SP). O segundo partido no ranking de doações, o PR, recebeu R$ 2,49 milhões (36,9%), com uma concentração de R$ 2 milhões na campanha de José Roberto Arruda, que foi candidato ao governo do Distrito Federal neste ano, mas desistiu em setembro último, quando foi considerado ficha-suja pela Justiça. Os R$ 2 milhões foram doados pela Toyo-Setal. O restante das doações são pulverizadas e em valores menores. O PMDB, por exemplo, foi agraciado com R$ 475 mil –7% do total. A maioria das doações foi feita a siglas da base aliada do governo, mas há também três partidos da oposição beneficiados –PSDB, PV e PPS. Os repasses foram feitos para a campanha de candidatos desses partidos. MULTA DE R$ 40 MI Camargo é diretor da Toyo-Setal, empresa que tem contratos de cerca de R$ 4 bilhões com a Petrobras, e é o primeiro executivo das grandes empresas a fazer um acordo de delação para obter uma pena menor. Além de prometer contar o que sabe sobre o esquema de desvios, ele pagará multa de R$ 40 milhões. Camargo é investigado sob suspeita de pagar propina para conseguir obras da Petrobras. Três empresas controladas por Camargo (Auguri, Piemonte e Treviso) fizeram depósitos de R$ 13,4 milhões à GFD Investimentos, firma de fachada do doleiro Alberto Youssef. Procuradores consideram que todos os depósitos feitos à GFD eram repasse de propina, já que a empresa não tinha atividade. Tanto o doleiro quanto Costa também fizeram acordos de delação. Youssef disse num desses depoimentos que doações legais a partidos eram uma forma que os fornecedores da Petrobras recorriam para obter contratos da estatal sem violar a lei. Nos interrogatórios da delação, Camargo contou que Renato Duque, que ocupou a diretoria de serviços da Petrobras entre 2003 e 2012, recebeu propina fora do país. Duque foi indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu. O nome de Duque já havia sido mencionado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa em interrogatório à Justiça. O ex-diretor afirmou que o PT ficava com 3% do valor líquido dos contratos da diretoria de Duque. O ex-diretor nega que tenha cometidos crimes e informa que processou Costa. A assessoria do PT diz que todas as doações ao partido são legais e declaradas à Justiça. O PR não quis se pronunciar. A advogada de Camargo, Beatriz Catta Preta, também não quis se manifestar. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Poder EXECUTIVO ACUSA EX-DIRETOR DA PETROBRAS Integrante de empresa investigada sob suspeita de pagar propina diz que Renato Duque fazia parte do esquema Publicado: Folha de São Paulo - 29/10/14 - Pág. A11 | On Line 29/10/2014 02h00 Mario Cesar Carvalho, de São Paulo Um executivo de empresa investigada sob suspeita de pagar propina para conseguir contratos da Petrobras disse em seu acordo de delação premiada que o ex-diretor da estatal Renato Duque fazia parte do esquema e recebia suborno, de acordo com duas pessoas que atuam na Operação Lava Jato. O nome do ex-diretor da estatal foi citado por Julio Camargo, executivo da Toyo Setal e primeiro integrante de uma grande empresa investigada sobre desvios na Petrobras a fazer um acordo de delação com procuradores da Operação Lava Jato. Camargo afirmou que a Toyo pagou propina para obter contratos. Três empresas controladas pelo executivo (Treviso, Piemente e Auguri) repassaram R$ 13,4 milhões à GFD Investimentos, firma de fachada controlada pelo doleiro Alberto Youssef. O montante era para pagamento de propina, de acordo com os procuradores. Duque foi diretor de serviços da Petrobras entre 2003 e 2012, indicado para o cargo pelo ex-ministro José Dirceu. Ele foi demitido junto com Paulo Roberto Costa, que ocupou a diretoria de abastecimento entre 2004 e 2012, foi preso pela Polícia Federal e também fez um acordo de delação premiada para tentar obter uma pena menor. Costa, que confessou uma série de crimes e vai devolver cerca de R$ 70 milhões que ganhou ilicitamente, já havia citado o nome de Duque em depoimento que prestou na Justiça federal. Segundo Costa, o PT ficava com 3% do valor líquido dos contratos assinados pela diretoria de serviços. Na sua delação, Costa citou que ajudou a arrecadar recursos para a campanha de Lindberg Farias (PT), candidato derrotado ao governo do Rio. A Toyo Setal, filial de uma empresa japonesa, a Toyo Engineering, tem contratos com a Petrobras cujos valores somam cerca de R$ 4 bilhões. A empresa também assinou um acordo pelo qual vai colaborar com a investigação em troca de uma punição menor, segundo pessoas envolvidas na investigação ouvidas pela Folha. A diretoria de Duque foi responsável pela elaboração do projeto e pela licitações de uma das maiores obras da Petrobras, o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). De formal similar ao que ocorreu com a refinaria Abreu e Lima, o complexo teve seu custo multiplicado por cinco desde que começou a ser construído, em 2008. O valor da obra estava estimado em US$ 8,4 bilhões (R$ 21 bilhões pelo câmbio atual) quando o complexo começou a ser erguido, mas já consumiu US$ 47,7 bilhões (R$ 118 bilhões). A Toyo-Setal foi contratada para fazer a unidade de produção de hidrogênio do complexo, orçado em R$ 1,1 bilhão. A empresa faz outra obra da Petrobras cujo projeto saiu da diretoria de serviços à época que Duque ocupava o cargo, a unidade de fertilizantes em Uberaba, orçada em R$ 2,1 bilhões. Em nota à Folha, Duque disse desconhecer o depoimento do executivo da Toyo- Setal e afirma que não é acusado de nenhum crime nem tem conhecimento de desvios na Petrobras. Duque afirmou ainda que as acusações de Costa contra ele são falsas. Segundo ele, Costa terá de provar a veracidade das imputações que fez a ele em uma ação penal que ingressou, sob acusação de crime contra a honra. A Folha não conseguiu localizar assessores na sede da Toyo-Setal para comentar as suspeitas de suborno. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: O Globo País ABREU E LIMA: PF ADIOU INVESTIGAÇÃO POR TRÊS ANOS Polícia Federal de Pernambuco não deu andamento a inquérito sobre suspeitas de fraude Publicado: O Globo - 29/10/14 - Pág. 6 | On Line 29/10/2014 6:00 / Atualizado 29/10/2014 7:29 Vinicius Sassine / Eduardo Bresciani BRASÍLIA — A Polícia Federal (PF) em Pernambuco manteve praticamente paralisado por três anos um inquérito aberto para apurar suspeitas de superfaturamento de R$ 1,3 bilhão nos principais contratos da refinaria Abreu e Lima, em construção em Ipojuca (PE). A investigação, instaurada em fevereiro de 2011, só foi retomada em maio deste ano, quando foram determinadas as primeiras perícias nos contratos. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, chegou a ser oficiado para que informasse eventual “repactuação dos contratos envolvidos”, ainda no início das apurações, mas não houve resposta nem cobrança por parte da PF. Durante a tramitação do inquérito, os investigadores ignoraram a recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para que prosseguissem na apuração e consultaram a Justiça sobre a competência para atuar no caso, o que impediu a produção de provas num período de três anos e três meses. Nessa período, o esquema de desvios de recursos e pagamento de propina, a partir dos contratos superfaturados de Abreu e Lima, operou sob o comando do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Os dois firmaram acordo de delação premiada e citaram políticos envolvidos no esquema. A Operação Lava-Jato, responsável pela prisão de Youssef e Costa, foi deflagrada em março deste ano, sob a condução da PF e do MPF no Paraná. O inquérito da PF em Pernambuco, instaurado a partir do encaminhamento de decisões do Tribunal de Contas da União (TCU), ainda em 2010, sobre o superfaturamento de R$ 1,3 bilhão em Abreu e Lima, só foi retomado após vir à tona o escândalo envolvendo o doleiro e o ex-diretor da estatal. Nos anos em que o procedimento ficou praticamente parado, os negócios de Youssef e Costa prosperaram. Laudo feito pela PF no Paraná mostra que, só da Sanko Sider, empresa subcontratada do consórcio liderado pela Camargo Corrêa, as empresas controladas pelo doleiro receberam R$ 31,4 milhões entre 2011 e 2013. TEMOR DE PRESCRIÇÃO DE CRIMES O delegado que assumiu a investigação em Pernambuco pediu que o setor técnico-científico da PF, em ofício enviado em junho deste ano, informasse a previsão para a realização das perícias. O temor era a prescrição de crimes relacionados ao suposto superfaturamento nos contratos. “Considerando o tempo que nos distancia dos fatos e o risco dos efeitos da prescrição, solicito informar uma previsão para a realização dos exames, nada obstando que haja oportuno pedido de prorrogação do prazo”, escreveu o delegado. Além dos pedidos de perícia, a PF ampliou o foco das investigações com a retomada do inquérito. Serão identificados os responsáveis pelo projeto básico da refinaria, projeto executivo, planilhas de referência, execução dos contratos, fiscalização e assessoramento, como consta num despacho de maio. Nos primeiros dias de funcionamento do inquérito, em 2011, a PF solicitou informações sobre o suposto superfaturamento às empreiteiras contratadas e à Petrobras. Os investigadores ouviram, em duas semanas, sete depoimentos de funcionários do terceiro escalão da estatal, responsáveis pela gerência direta dos contratos. A realização das oitivas, sem que o TCU tivesse enviado os documentos complementares, foi criticada pelo delegado que hoje comanda os trabalhos. No mais, o processo teve como andamentos apenas atualizações dos trabalhos do tribunal. CASO VOLTOU PARA A PF EM JANEIRO O primeiro questionamento da PF sobre a prerrogativa para fazer a investigação foi feito em setembro de 2012, após mais de um ano e meio sem avanços reais do inquérito. O argumento foi que, pelo fato de a Petrobras ser uma sociedade de economia mista, crimes praticados na companhia não seriam da alçada da Justiça Federal. Portanto, não caberia à PF conduzir o inquérito. O MPF refutou a tentativa de encerrar o procedimento e orientou a continuidade. A PF, então recorreu à Justiça Federal, em dezembro de 2012, com uma consulta sobre a prerrogativa da investigação. A decisão não caberia ao MPF, mas ao Judiciário, conforme a PF em Pernambuco. Essa consulta levou a mais um ano de paralisia, enquanto a Justiça ouvia as partes envolvidas e pedia informações à Controladoria Geral da União (CGU) sobre a existência de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas obras da refinaria. A decisão final, em dezembro de 2013, foi a de que a competência é de alçada federal. O caso voltou para as mãos da PF em janeiro deste ano. O GLOBO procurou a Superintendência da PF em Pernambuco, a instituição em Brasília e o Ministério de Minas e Energia. Por ser feriado (Dia do Servidor Público), não houve expediente e os assessores não deram retorno. Fonte: O Globo País EXECUTIVO É O PRIMEIRO EMPRESÁRIO A FAZER DELAÇÃO PREMIADA NO CASO PETROBRAS PJulio Camargo, da Toyo Setal, assinou acordo com a Justiça para colaborar com investigações Publicado: O Globo - 29/10/14 - Pág. 6 | On Line 28/10/2014 12:53 / Atualizado 28/10/2014 13:45 Cleide Carvalho, enviada especial CURITIBA — O executivo Julio Camargo, da empresa Toyo Setal, fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal para colaborar nas investigações de desvio de dinheiro de obras da Petrobras para partidos políticos, como PT, PP e PMDB. A empresa, que tem capital japonês, foi citada em depoimento do doleiro Alberto Youssef, prestado à Justiça Federal de Curitiba, como uma das duas fornecedoras da estatal que realizaram pagamento de propina no exterior. A outra empresa citada foi a Odebrecht. Youssef, que também se beneficia da delação premiada, contou que o dinheiro foi pago com depósitos no exterior e que coube a ele internalizar no Brasil, para que a distribuição do dinheiro fosse feita no país. O acordo de delação premiada de empresas é esperado pelo MPF, que acena a elas com abrandamento de punições em troca de assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no qual se comprometam a cessar a prática e adotar regras de governança corporativa em suas relações com o setor público. Procurada, a Toyo Setal ainda não se manifestou. (+ do texto impresso) Segundo a operação Lava-Jato, as fornecedoras se associavam para atuar com a estatal. Pagavam taxa que variava de R$ 300mil a R$ 500mil. Procurada a Toyo Setal não se manifestou. * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo País - Impresso PETROBRAS CONTRATA EMPRESAS PRIVADAS PARA APURAR CORRUPÇÃO Estatal afirma ter levado em conta exigências da CVM e do órgão regulador do mercado americano Publicado: O Globo - 28/10/14 - Pág. 6 | On Line Chico Otavio A Petrobras pediu ajuda a investigadores privados para ir atrás das pistas dadas por seu ex-diretor Paulo Roberto Costa, delator da operação Lava-Jato, que revelou um grande esquema de corrupção na estatal, com o envolvimento de políticos de PT, PMDB e PP. A petroleira esperou o fim das eleições para anunciar ontem a contratação de duas empresas especializadas, uma brasileira e outra americana, para apurar as denúncias de Costa e fatos correlatos que tenham afetado os negócios da estatal. Os contratos foram fechados na sexta-feira e no sábado. Os nomes das contratadas não foram divulgados. Em comunicado oficial, a Petrobras informou que o objetivo da medida é "apurar a natureza, extensão e impacto das ações que porventura tenham sido cometidas no contexto das alegações feitas pelo ex-diretor". Um investigador privado explicou ontem que um trabalho do gênero, pelo tamanho do escândalo, deverá começar por uma auditoria nos números e poderá se estender por até três meses. O pacote de providências anunciado ontem pela estatal também prevê o acesso à delação de Costa, mas o pedido ainda não foi deferido pela Justiça. O ex-diretor revelou à Justiça do Paraná que um cartel formado pelas principais empreiteiras do país operava em obras da Petrobras e de outros setores. De acordo com ele, os contratos eram superfaturados em 3%, em média, e o dinheiro excedente era distribuído para políticos da base aliada do governo federal, diretores da Petrobras e intermediários, como o doleiro Alberto Youssef e o ex-deputado José Janene (PP). PETROBRAS ALEGA DEVER DE DILIGÊNCIA A Petrobras, no comunicado, alegou que, ao autorizar a contratação das duas empresas, a sua diretoria executiva levou em conta o "dever de diligência", as normas regulatórias e de auditoria aplicáveis pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além de considerar "o contexto do Foreign Corrupt Practices Act ("FCPA") e da Seção 10A do Securities Act of 1934 (Seção 10A), uma vez que a Petrobras é registrada na Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA". Tanto a CVM quanto a SEC americana estão investigando as irregularidades na Petrobras. As normas da CVM, porém, não fazem referência direta à contratação de empresas privadas de investigação. A FCPA é uma lei americana de combate à corrupção que torna ilegais os pagamentos efetuados a funcionários de governos estrangeiros, partidos políticos estrangeiros, candidatos a cargos políticos estrangeiros em troca de vantagens comerciais ou econômicas. O Securities Exchange Act regula o mercado de valores mobiliários. O artigo mencionado pela Petrobras trata de mecanismos de detecção de atos ilegais pela empresa em atuação conjunta com as empresas que auditam as suas contas. Para embasar as investigações internas, a Petrobras obteve autorização da Justiça do Paraná para acessar o inteiro teor dos depoimentos de Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, prestados em audiência na 13ª Vara Federal no dia 8. Mas esclareceu que esses depoimentos não devem ser confundidos com a íntegra da delação premiada, que ainda está sob segredo de justiça. A Petrobras também anunciou que constituiu comissões internas para averiguar indícios ou fatos contra a empresa, bem como subsidiar medidas administrativas e procedimentos decorrentes. E garantiu que "já está trabalhando nas ações jurídicas adequadas para ressarcimento dos supostos recursos desviados e dos eventuais valores decorrentes de sobrepreços derivados das empresas supostamente participantes do cartel, conforme mencionado no depoimento do ex-diretor, além dos danos causados à sua imagem". ESTATAL PEDE DADOS ÀS EMPRESAS DENUNCIADAS A estatal solicitou esclarecimentos, para subsidiar suas avaliações internas, às empresas mencionadas na imprensa como tendo atividades sob investigação na Operação Lava Jato, especialmente após a repercussão de informações a respeito da delação premiada. Por outro lado, garantiu que está prestando esclarecimentos à Polícia Federal, Ministério Público Federal e Poder Judiciário, inclusive com informações sobre as diligências já realizadas no âmbito da companhia. A companhia reiterou, "enfaticamente", que manterá seu empenho em continuar colaborando com as autoridades para a elucidação dos fatos. "A Petrobras reforça, por fim, que está sendo oficialmente reconhecida pelas Autoridades Públicas como vítima nesse processo de apuração", concluiu o comunicado. * Fonte primária: O Globo - Impresso Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 EXECUTIVO ACERTA ACORDO DE DELAÇÃO PREMIADA SOBRE A PETROBRAS Publicado: Folha de São Paulo - Eleições 2014 - 28/10/14 - Pág. 5 | On Line 28/10/2014 02h00 Mario Cesar de Carvalho, ed São Paulo Um executivo investigado sob suspeita de ter pago propina para obter contratos na Petrobras decidiu fazer um acordo de delação premiada com os procuradores que atuam na Operação Lava Jato, segundo três pessoas que atuam na investigação ouvidas pela Folha. É Júlio Camargo, executivo da Toyo-Setal, empresa que tem contratos de cerca de R$ 4 bilhões com a estatal. Ele é o primeiro dos executivos das grandes empresas a assinar um acordo de delação e deve revelar detalhes sobre como funcionava o esquema de divisão de obras da Petrobras entre as empreiteiras. Camargo fechou o acordo na última semana, para tentar obter uma pena menor. O executivo teria ficado assustado com os detalhes revelados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada. A advogada de Camargo, Beatriz Catta Preta, já havia atuado na delação premiada de Costa e é considerada uma especialista nesse tipo de acordo. O nome de Camargo foi citado pelo ex-diretor da Petrobras em um documento apreendido pela Polícia Federal na casa dele, no qual ele enumera o nome de executivos de fornecedores da Petrobras e a disposição de cada um para contribuir para uma campanha política. Após o nome de Camargo, Costa anotou: "Começa [a] ajudar a partir de março". A campanha política, segundo a Folha revelou no último dia 11, era a do candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PT, Lindbergh Farias, que acabou derrotado. Aparecem também no documento os nomes de Mendes Junior, Engevix e UTC Constran. As empresas negam que tenham feito contribuições ilegais para as campanhas. Filial da Toyo Enginnering do Japão, a Toyo está construindo uma unidade de hidrogênio para a estatal em Itaboraí (RJ) e uma planta para a produção de amônia em Uberaba (MG). Amônia é uma das matérias-primas dos fertilizantes. A Toyo tem também um estaleiro no Rio, chamado EBR (Estaleiros do Brasil), contratado pela Petrobras para fazer plataformas de petróleo. A unidade de hidrogênio, orçada em R$ 1,16 bilhão, é uma obra da diretoria de Abastecimento, que foi ocupada por Costa entre 2004 e 2012. Nessa diretoria, segundo seu ex-diretor contou em depoimento à Justiça, o PT ficava com 2% do valor dos contratos e o PP, com 1%. A obra começou um ano após Costa ter deixado o cargo. A planta de amônia (R$ 2,1 bilhões) foi contratada pela diretoria de gás e energia da Petrobras. Ainda de acordo com Costa, o PT ficava com 3% do valor dos contratos dessa diretoria. Procurada pela Folha, a advogada Beatriz Catta Preta não se manifestou. A reportagem não conseguiu localizar assessores da Toyo na noite desta segunda (27). * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 EMPRESAS INVESTIGARÃO DENÚNCIAS DE CORRUPÇÃO NA PETROBRAS Publicado: Folha de São Paulo - Eleições 2014 - 28/10/14 - Pág. 5 | On Line 28/10/2014 02h00 do Riode, e Brasília A Petrobras anunciou a contratação de duas empresas independentes de investigação, no Brasil e nos EUA, para apurar acusações sobre corrupção na empresa feitas pelo seu ex-diretor Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Yousseff. Os nomes das empresas não foram revelado. Elas vão subsidiar a comissão interna que a Petrobras criou para acompanhar o caso. Segundo a Petrobras, a contratação "considera o contexto" das normas da CVM e das leis americanas que tratam de corrupção cometidos por empresas que negociam ações nas Bolsas americanas. A Petrobras tem ações listadas na Bolsa de Valores de Nova York. Com o apoio de parte dos aliados de Dilma Rousseff, a oposição vai pedir a criação de uma nova CPI da Petrobras em 2015. "Eu não sou proponente da CPI. Mas o Congresso não vai assistir essa situação", afirmou o líder da bancada peemedebista e um dos favoritos para presidir a Câmara a partir de 2015, Eduardo Cunha (RJ). * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Editoriais DEVASSA NA PETROBRAS As grandes distorções econômicas e institucionais impostas à estatal somam-se os testemunhos sobre vasto esquema de corrupção Publicado: Folha de São Paulo - 28/10/14 - Pág. A2 | On Line 28/10/2014 02h00 Editoriais Até o ano passado, a Petrobras era objeto de uma discussão em grande parte centrada nos muitos problemas econômicos e financeiros da empresa, causados por interferências equivocadas ou indevidas do governo federal, como a política industrial, o controle de preços e mudanças nas leis e programas de exploração do petróleo. As primeiras evidências decisivas sobre um vastíssimo sistema de corrupção na estatal relegou o debate econômico ao segundo plano. No entanto, as degradações de ordem variada de que padece a petroleira derivam todas do descaso federal em relação a princípios institucionais e de racionalidade econômica, da indiferença a normas e à ideia de eficiência. A estatal tornou-se, assim, quase mero instrumento do governo. Não deveria ser necessário lembrar que se trata de uma empresa de relevância maior na economia brasileira. Apenas seu faturamento equivale a 6% do PIB. No ano passado, a Petrobras pagou R$ 68,6 bilhões em impostos no país, cerca de 1,5% do PIB (no segundo governo Lula, a contribuição da empresa era de 2,1% do PIB). Somadas as participações governamentais nos rendimentos, como royalties, os pagamentos da estatal aos governos se aproxima de R$ 100 bilhões por ano, o equivalente, por exemplo, a quatro vezes o desembolso com o Bolsa Família. Essa empresa de grande capacidade técnica tornou-se, lamentavelmente, caso exemplar dos descalabros da administração federal. Perdeu receita devido à política de controle de preços dos combustíveis, um artifício contraproducente para maquiar a inflação. Foi sujeita à política industrial de conteúdo nacional (dar certas preferências a fornecedores brasileiros). Dentro de certos limites, tal programa é razoável. Quando atrasa investimentos e deteriora a qualidade de projetos e balanços, fomenta ineficiências em toda a cadeia produtiva nacional. Um programa de investimentos por demais ambicioso e a receita reduzida fizeram com que o endividamento relativo da empresa triplicasse desde 2009. Observe-se que parte dos investimentos é de uma extravagância perdulária, caso da refinaria Abreu e Lima –para nem mencionar os episódios de superfaturamento. Não bastassem todos esses problemas, os testemunhos sobre corrupção indicam que os mecanismos de controle da Petrobras não são apenas falhos. A atuação criminosa de pelo menos uma diretoria indica o quanto a estatal está sujeita aos efeitos do nível mais baixo da política e é conivente com o conluio de grandes fornecedoras. Parece pouco o anúncio de que a empresa contratou duas agências independentes de investigação para apurar as denúncias do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. Politizada, prejudicada financeiramente, sujeita ao arbítrio político, a maior empresa do Brasil foi entregue a interesses privados e partidários bancados pelo governo. É preciso uma devassa na Petrobras. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: VEJA Youssef: “O Planalto sabia de de tudo!” Delegado: “Quem do Planalto?” Youssef: “Lula e Dilma” O doleiro Alberto Youssef afirma em depoimento à Polícia Federal que o ex e a atual presidente da República não só conheciam como também usavam o esquema de corrupção na Petrobras Publicado: VEJA | On Line 24/10/2014 - 18:50 Robson Bonin A Carta ao Leitor desta edição termina com uma observação altamente relevante a respeito do dever jornalístico de publicar a reportagem a seguir às vésperas da votação em segundo turno das eleições presidenciais: “Basta imaginar a temeridade que seria não publicá-la para avaliar a gravidade e a necessidade do cumprimento desse dever”. VEJA não publica reportagens com a intenção de diminuir ou aumentar as chances de vitória desse ou daquele candidato. VEJA publica fatos com o objetivo de aumentar o grau de informação de seus leitores sobre eventos relevantes, que, como se sabe, não escolhem o momento para acontecer. Os episódios narrados nesta reportagem foram relatados por seu autor, o doleiro Alberto Youssef, e anexados a seu processo de delação premiada. Cedo ou tarde os depoimentos de Youssef virão a público em seu trajeto na Justiça rumo ao Supremo Tribunal Federal (STF), foro adequado para o julgamento de parlamentares e autoridades citados por ele e contra os quais garantiu às autoridades ter provas. Só então se poderá ter certeza jurídica de que as pessoas acusadas são ou não culpadas. Na última terça-feira, o doleiro Alberto Youssef entrou na sala de interrogatórios da Polícia Federal em Curitiba para prestar mais um depoimento em seu processo de delação premiada. Como faz desde o dia 29 de setembro, sentou-se ao lado de seu advogado, colocou os braços sobre a mesa, olhou para a câmera posicionada à sua frente e se pôs à disposição das autoridades para contar tudo o que fez, viu e ouviu enquanto comandou um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar 10 bilhões de reais. A temporada na cadeia produziu mudanças profundas em Youssef. Encarcerado desde março, o doleiro está bem mais magro, tem o rosto pálido, a cabeça raspada e não cultiva mais a barba. O estado de espírito também é outro. Antes afeito às sombras e ao silêncio, Youssef mostra desassombro para denunciar, apontar e distribuir responsabilidades na camarilha que assaltou durante quase uma década os cofres da Petrobras. Com a autoridade de quem atuava como o banco clandestino do esquema, ele adicionou novos personagens à trama criminosa, que agora atinge o topo da República. Comparsa de Youssef na pilhagem da maior empresa brasileira, o ex-diretor Paulo Roberto Costa já declarara aos policiais e procuradores que nos governos do PT a estatal foi usada para financiar as campanhas do partido e comprar a fidelidade de legendas aliadas. Parte da lista de corrompidos já veio a público. Faltava clarear o lado dos corruptores. Na terça-feira, Youssef apresentou o ponto até agora mais “estarrecedor” — para usar uma expressão cara à presidente Dilma Rousseff — de sua delação premiada. Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo: — O Planalto sabia de tudo! — Mas quem no Planalto? — perguntou o delegado. — Lula e Dilma — respondeu o doleiro. Para conseguir os benefícios de um acordo de delação premiada, o criminoso atrai para si o ônus da prova. É de seu interesse, portanto, que não falsifique os fatos. Essa é a regra que Youssef aceitou. O doleiro não apresentou — e nem lhe foram pedidas — provas do que disse. Por enquanto, nesta fase do processo, o que mais interessa aos delegados é ter certeza de que o depoente atuou diretamente ou pelo menos presenciou ilegalidades. Ou seja, querem estar certos de que não lidam com um fabulador ou alguém interessado apenas em ganhar tempo fornecendo pistas falsas e fazendo acusações ao léu. Youssef está se saindo bem e, a exemplo do que se passou com Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, tudo indica que seu processo de delação premiada será homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, ele aumentou de cerca de trinta para cinquenta o número de políticos e autoridades que se valiam da corrupção na Petrobras para financiar suas campanhas eleitorais. Aos investigadores, Youssef detalhou seu papel de caixa do esquema, sua rotina de visitas aos gabinetes poderosos no Executivo e no Legislativo para tratar, em bom português, das operações de lavagem de dinheiro sujo obtido em transações tenebrosas na estatal. Cabia a ele expatriar e trazer de volta o dinheiro quando os envolvidos precisassem. Uma vez feito o acordo, Youssef terá de entregar o que prometeu na fase atual da investigação. Ele já contou que pagava em nome do PT mesadas de 100 000 a 150 000 reais a parlamentares aliados ao partido no Congresso. Citou nominalmente a ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann, a quem ele teria repassado 1 milhão de reais em 2010. Youssef disse que o dinheiro foi entregue em um shopping de Curitiba. A senadora negou ter sido beneficiada. Entre as muitas outras histórias consideradas convincentes pelos investigadores e que ajudam a determinar a alta posição do doleiro no esquema — e, consequentemente, sua relevância para a investigação —, estão lembranças de discussões telefônicas entre Lula e o ex-deputado José Janene, à época líder do PP, sobre a nomeação de operadores do partido para cargos estratégicos do governo. Youssef relatou um episódio ocorrido, segundo ele, no fim do governo Lula. De acordo com o doleiro, ele foi convocado pelo então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, para acalmar uma empresa de publicidade que ameaçava explodir o esquema de corrupção na estatal. A empresa queixava-se de que, depois de pagar de forma antecipada a propina aos políticos, tivera seu contrato rescindido. Homem da confiança de Lula, Gabrielli, segundo o doleiro, determinou a Youssef que captasse 1 milhão de reais entre as empreiteiras que participavam do petrolão a fim de comprar o silêncio da empresa de publicidade. E assim foi feito. Gabrielli poderia ter realizado toda essa manobra sem que Lula soubesse? O fato de ter ocorrido no governo Dilma é uma prova de que ela estava conivente com as lambanças da turma da estatal? Obviamente, não se pode condenar Lula e Dilma com base apenas nessa narrativa. Não é disso que se trata. Youssef simplesmente convenceu os investigadores de que tem condições de obter provas do que afirmou a respeito de a operação não poder ter existido sem o conhecimento de Lula e Dilma — seja pelos valores envolvidos, seja pelo contato constante de Paulo Roberto Costa com ambos, seja pelas operações de câmbio que fazia em favor de aliados do PT e de tesoureiros do partido, seja, principalmente, pelo fato de que altos cargos da Petrobras envolvidos no esquema mudavam de dono a partir de ordens do Planalto. Os policiais estão impressionados com a fartura de detalhes narrados por Youssef com base, por enquanto, em sua memória. “O Vaccari está enterrado”, comentou um dos interrogadores, referindo-se ao que o doleiro já narrou sobre sua parceria com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. O doleiro se comprometeu a mostrar documentos que comprovam pelo menos dois pagamentos a Vaccari. O dinheiro, desviado dos cofres da Petrobras, teria sido repassado a partir de transações simuladas entre clientes do banco clandestino de Youssef e uma empresa de fachada criada por Vaccari. O doleiro preso disse que as provas desses e de outros pagamentos estão guardadas em um arquivo com mais de 10 000 notas fiscais que serão apresentadas por ele como evidências. Nesse tesouro do crime organizado, segundo Youssef, está a prova de uma das revelações mais extraordinárias prometidas por ele, sobre a qual já falou aos investigadores: o número das contas secretas do PT que ele operava em nome do partido em paraísos fiscais. Youssef se comprometeu a ajudar a PF a localizar as datas e os valores das operações que teria feito por instrução da cúpula do PT. Depois da homologação da delação premiada, que parece assegurada pelo que ele disse até a semana passada, Youssef terá de apresentar à Justiça mais do que versões de episódios públicos envolvendo a presidente. Pela posição-chave de Youssef no esquema, os investigadores estão confiantes em que ele produzirá as provas necessárias para a investigação prosseguir. Na semana que vem, Alberto Youssef terá a oportunidade de relatar um episódio ocorrido em março deste ano, poucos dias antes de ser preso. Youssef dirá que um integrante da coordenação da campanha presidencial do PT que ele conhecia pelo nome de “Felipe” lhe telefonou para marcar um encontro pessoal e adiantou o assunto: repatriar 20 milhões de reais que seriam usados na campanha presidencial de Dilma Rousseff. Depois de verificar a origem do telefonema, Youssef marcou o encontro que nunca se concretizou por ele ter se tornado hóspede da Polícia Federal em Curitiba. Procurados, os defensores do doleiro não quiseram comentar as revelações de Youssef, justificando que o processo corre em segredo de Justiça. Pelo que já contou e pelo que promete ainda entregar aos investigadores, Youssef está materializando sua ameaça velada feita dias atrás de que iria “chocar o país”. DINHEIRO PARA O PT Alberto Youssef também voltou a detalhar os negócios que mantinha com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, homem forte da campanha de Dilma e conselheiro da Itaipu Binacional. Além de tratar dos interesses partidários com o dirigente petista, o doleiro confi rmou aos investigadores ter feito pelo menos duas grandes transferências de recursos a Vaccari. O dinheiro, de acordo com o relato, foi repassado a partir de uma simulação de negócios entre grandes companhias e uma empresa-fantasma registrada em nome de laranjas mas criada pelo próprio Vaccari para ocultar as operações. Ele nega ENTREGA NO SHOPPING Alberto Youssef confirmou aos investigadores o que disse o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa sobre o dinheiro desviado da estatal para a campanha da exministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao Senado, em 2010. Segundo ele, o repasse dos recursos para a senadora petista, no valor de 1 milhão de reais, foi executado em quatro parcelas. As entregas de dinheiro foram feitas em um shopping center no centro de Curitiba. Intermediários enviados por ambos entregaram e receberam os pacotes. Em nota, a senadora disse que não recebeu nenhuma doação de campanha nem conhece Paulo Roberto Costa ou Alberto Youssef ELE TAMBÉM SABIA Sérgio Lima/Folhapress/VEJA Durante o segundo mandato de Lula, o doleiro contou que foi chamado pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, para tratar de um assunto que preocupava o Planalto. Uma das empresas com contratos de publicidade na estatal ameaçava revelar o esquema de cobrança de pedágio. Motivo: depois de pagar propina antecipadamente, a empresa teve seu contrato rescindido. Ameaçado pelo proprietário, Gabrielli pediu ao doleiro que captasse 1 milhão de reais com as empreiteiras do esquema e devolvesse a quantia à empresa de publicidade. Gabrielli não quis se pronunciar CONTAS SECRETAS NO EXTERIOR Desde que Duda Mendonça, o marqueteiro da campanha de Lula em 2002, admitiu na CPI dos Correios ter recebido pagamentos de campanha no exterior (10 milhões de dólares), pairam sobre o partido suspeitas concretas da existência de dinheiro escondido em paraísos fi scais. Para os interrogadores de Alberto Youssef, no entanto, essas dúvidas estão começando a se transformar em certeza. O doleiro não apenas confi rmou a existência das contas do PT no exterior como se diz capaz de ajudar a identifi cá-las, fornecendo detalhes de operações realizadas, o número e a localização de algumas delas. UM PERSONAGEM AINDA OCULTO O doleiro narrou a um interlocutor que seu esquema criminoso por pouco não atuou na campanha presidencial deste ano. Nos primeiros dias de março, Youssef recebeu a ligação de um homem, identifi cado por ele apenas como “Felipe”, integrante da cúpula de campanha do PT. Ele queria os serviços de Youssef para repatriar 20 milhões de reais que seriam usados no caixa eleitoral. Youssef disse que chegou a marcar uma segunda conversa para tratar da operação, mas o negócio não foi adiante porque ele foi preso dias depois. Esse trecho ainda não foi formalizado às autoridades. Quem delata pode mentir? Alexandre Hisayasu A delação premiada tem uma regra de ouro: quem a pleiteia não pode mentir. Se, em qualquer momento, fi car provado que o delator não contou a verdade, os benefícios que recebeu como parte do acordo, como a liberdade provisória, são imediatamente suspensos e ele fica sujeito a ter sua pena de prisão aumentada em até quatro anos. Para ter validade, a delação premiada precisa ser combinada com o Ministério Público e homologada pela Justiça. O doleiro Alberto Youssef assinou o acordo com o MP no fi m de setembro. Desde então, vem dando depoimentos diários aos procuradores que investigam o caso Petrobras. Se suas informações forem consideradas relevantes e consistentes, a Justiça - nesse caso, o Supremo Tribunal Federal, já que o doleiro mencionou políticos - homologará o acordo e Youssef será posto em liberdade, como já ocorreu com outro delator envolvido no mesmo caso, Paulo Roberto Costa. O ex-diretor da Petrobras deu detalhes ao Ministério Público e à Polícia Federal sobre o funcionamento do esquema milionário de pagamento de propinas que funcionava na estatal e benefi ciava políticos de partidos da base aliada do governo. Ele já deixou a cadeia e aguarda o julgamento em liberdade. O doleiro continua preso. Até o ano passado, a lei brasileira previa que o delator só poderia usufruir os benefícios do acordo de delação ao fi m do processo com o qual havia colaborado - e se o juiz assim decidisse. Ou seja, apenas depois que aqueles que ele tivesse incriminado fossem julgados é que a Justiça resolveria se o delator mereceria ganhar a liberdade. Desde agosto de 2013, no entanto, esses benefícios passaram a valer imediatamente depois da homologação do acordo. “Foi uma forma de estimular a prática. Você deixa de punir o peixe pequeno para pegar o grande”, diz o promotor Arthur Lemos Júnior, que participou da elaboração da nova lei. Mais famoso - e prolífero - delator da história recente, o mafioso Tommaso Buscetta levou à cadeia cerca de 300 comparsas. Preso no Brasil em 1983, fechou acordo com a Justiça italiana e foi peça-chave na Operação Mãos Limpas, responsável pelo desmonte da máfi a siciliana. Depois disso, conseguiu proteção para ele e a família e viveu livre nos Estados Unidos até sua morte, em 2000. * Fonte primária: O Globo Impresso + On Line Blog do Gilvan de Melo Fonte: O Globo - País // On Line Blog do Gilvan de Melo PETROBRAS NA MIRA DA CVM Órgão regulador do mercado de capitais abre processo para apurar denúncias da Lava-jato Publicado: O Globo - Eleições 2014 - 23/10/14 - Pág. 3 | On Line Rennan Setti e Bruno Rosa A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado de capitais brasileiro, abriu um processo administrativo para investigar a Petrobras. Embora a CVM não informe o motivo da investigação - alegando que "não comenta casos específicos, inclusive para não afetar negativamente trabalhos de análise" -, uma fonte ligada à estatal informou que o objetivo do processo é tomar ciência das denúncias surgidas com a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. - A CVM abriu esse processo para tomar pé de tudo o que está acontecendo com a Operação Lava-Jato, já que há uma investigação em curso, envolvendo vários órgãos. Esse é o objetivo - disse uma fonte ligada à estatal. Já fontes próximas à CVM disseram que, mesmo sem ter instaurado processos sancionadores até então, o órgão já vinha apurando as denúncias surgidas na Operação Lava-Jato. Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras preso na operação, aceitou fazer acordo de delação premiada e contou que o dinheiro da estatal era desviado para pagar propina a políticos de PT, PMDB e PP. Na última sexta-feira, a Petrobras esclarecera, em resposta a um ofício da CVM que pedia informações sobre os crimes denunciados na Lava-Jato, que constituiu comissões internas para averiguar indícios de irregularidades na empresa. Além disso, a companhia afirmou que requereu acesso aos autos da operação - o que foi deferido pela Justiça -, e que solicitou acesso ao conteúdo da delação premiada do seu ex-diretor Paulo Roberto Costa - o que ainda não foi deferido pelo Judiciário. Estatal na mira da SEC, nos EUA A abertura do processo, de número RJ-2014-12.184, foi requerida na segunda-feira pela Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM. A apuração tem caráter preliminar e, caso se identifiquem irregularidades, dará origem a processo administrativo sancionador, que pode resultar em punições para a companhia. - A impressão que dá é que a CVM se sentiu pressionada a abrir uma investigação depois que a SEC (Securities and Exchange Commission, o órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos), começou a apurar a conduta da empresa - disse um gestor, que preferiu não ser identificado. Na semana passada, a consultoria política Arko Advice havia divulgado que a Petrobras é alvo de investigação semelhante nos Estados Unidos. A SEC, porém, não informa quais empresas estão sob investigação. A estatal possui recibos de ações (ADRs, American Depositary Receipts) negociados na Bolsa de Nova York, e por isso está submetida também às leis do mercado acionário americano. A investigação seria preliminar e contaria com 28 advogados e analistas da SEC e do Departamento de Justiça dos EUA. A depender do resultado da apuração, a Petrobras responderia não apenas por irregularidades no mercado acionário, mas também criminalmente, além de estar passível de cobrança de multas - as leis americanas preveem punições à corrupção, mesmo que ocorrida fora do país. - A CVM não é a Polícia Federal, ela não tem como objetivo apurar se houve crimes na empresa, mas se as informações prestadas pela companhia em balanços financeiros e comunicados estão corretas. Então, a investigação é positiva, porque trará mais transparência à companhia - disse Rogério Freitas, da gestora de recursos Teórica Investimentos. Procurada, a Petrobras não se manifestou sobre o processo aberto pela CVM. Em fevereiro, a CVM já havia arquivado sua investigação sobre as supostas irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), feita em 2008. A apuração foi iniciada após queixas de acionistas da estatal. A autarquia não deu continuidade ao caso porque as possíveis irregularidades no negócio já haviam prescrito - o prazo de ação do órgão é de cinco anos após a ocorrência dos fatos. Em carta, Conselheiro critica auditoria Mas, segundo fontes próximas à CVM, o órgão está acompanhando de perto todas as denúncias surgidas com a Operação Lava-Jato porque, caso a investigação descubra que houve, de fato, crime na aquisição da refinaria americana pela Petrobras, o órgão poderá reabrir o caso. Isso porque, em casos de crime, o prazo de prescrição é maior. Ontem, em carta aberta, Silvio Sinedino, membro do Conselho de Administração da Petrobras eleito pelos funcionários, afirmou que a estatal deveria identificar funcionários envolvidos nas fraudes. Ele ressaltou ainda que há indícios de corrupção na gestão da petroleira. "Como entender que a Auditoria Interna não tenha sido capaz de identificar nenhum desses desvios? Eram mesmo indetectáveis?", destacou Sinedino, que também é presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet). "Se o esquema de corrupção existiu, e tudo indica que sim, com certeza há outros petroleiros envolvidos, ou alguém acha que é possível que seja armado um esquema de desvio gigantesco de valores por uma única pessoa e que não desperte a atenção de ninguém?" * Fonte primária: O Globo Impresso + On Line Blog do Gilvan de Melo Fonte: O Globo - País TCU DETERMINA AUDITORIA NO PAGAMENTO EXTRA DE US$ 434 MI DA PETROBRAS À BOLÍVIA Valor foi repassado quando Evo Morales estava em campanha pela reeleição Publicado: O Globo - Eleições 2014 - 23/10/14 - Pág. 3 | On Line 22/10/2014 16:17 / Atualizado 22/10/2014 17:39 Vinicius Sassine BRASÍLIA — O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a abertura de auditoria para investigar o pagamento extra de US$ 434 milhões — mais de R$ 1 bilhão — feito pela Petrobras à Bolívia, no mês passado, por conta do fornecimento de gás ao Brasil. A quantia foi paga além do que estava previsto em contrato, e era um pleito antigo do presidente Evo Morales. O dinheiro foi repassado em plena campanha de Morales pela reeleição. O presidente foi reeleito com 61% dos votos no último dia 12. A investigação foi autorizada pelo ministro José Jorge, responsável pelos processos de Petrobras no TCU. O pedido havia sido feito pelo Ministério Público (MP) junto ao tribunal. — A Bolívia fornecia o gás com componentes novos, não utilizados no Brasil. Nem o contrato previa esse pagamento, nem os componentes estão sendo utilizados. Vamos verificar quem autorizou os pagamentos. A Petrobras decidiu pagar por esses componentes, inclusive os atrasados — disse o ministro. A representação do procurador Júlio Marcelo de Oliveira foi protocolada na semana passada no gabinete do ministro José Jorge. Uma auditoria, na visão do procurador, permitirá saber as condições da renegociação, quem autorizou o pagamento a mais, quais instâncias internas da estatal se manifestaram e se houve participação da Presidência da República, da Casa Civil, do Ministério das Relações Exteriores ou do Ministério de Minas e Energia no acordo. Suspeita de dano ao erário O procurador questiona ainda se a importação de gás natural continua sendo economicamente viável apesar do repasse a mais de US$ 434 milhões. “Caso se configure o dano ao erário, deve ser instaurada a devida tomada de contas especial para apuração do débito e identificação dos responsáveis”, cita Júlio Marcelo na representação. O pleito de Morales foi feito diretamente ao então presidente Lula, em seu segundo mandato. A estatal boliviana YPFB assinou com a Petrobras, em 18 de agosto, um acordo, um contrato e um aditivo que resolveram a questão. O acordo garantiu o pagamento a mais de US$ 434 milhões dentro do acordo de suprimento de gás, dinheiro a mais do que já estava previsto em contrato. Um novo contrato para fornecimento de gás à usina termelétrica de Cuiabá passou a vigorar, até 31 de dezembro de 2006. E um aditivo ao acordo de suprimento de gás ajustou “critérios técnicos e comerciais” do contrato de fornecimento, segundo a Petrobras. “Pagamentos sem previsão contratual absolutamente não podem ocorrer. Uma renegociação de preços poderia fazer sentido para o futuro, jamais para o passado, uma vez que não havia nada de errado com os termos contratuais vigentes”, afirma o procurador Júlio Marcelo na representação. “Caso comprovados os fatos e demonstrada sua ilicitude, há que se apontar as responsabilidades pela renegociação e pelo prejuízo dela advindo, apurando-se a ocorrência de gestão temerária e apenando-se os gestores envolvidos”, conclui. * Fonte primária: O Globo Fonte: VEJA YOUSSEF: DOAÇÃO ERA PROPINA Delator diz que empreiteiras repassaram dinheiro desviado da Petrobras para a campanha presidencial do PT em 2010 e simularam contribuições legais para ocultar a fraude Publicado: VEJA – Edição 2396 – ano 47 – nº 43 – 22 de outubro de 2014 Robson Bonin AS REVELAÇÕES DE PAULO ROBERTO
CRIME PERFEITO
AS REVELAÇÕES DE PAULO ROBERTO
"Candidato, há pouco saiu no UOL o seguinte: que o ex-diretor da Petrobras afirmou ao Ministério Público Federal que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra recebeu propina para esvaziar uma CPI da Petrobras... Por isso é que eu digo, candidato, quando a gente verifica que o PSDB recebeu propina... O que importa, candidato? Importa investigar". Agora, leiamos o que Aécio Neves afirmou no mesmo debate sobre o mesmo escândalo com base nas mesmas fontes que Dilma Rousseff usou: "Por que o seu partido impediu que o senhor Vaccari (João Vaccari Neto, tesoureiro do PT) fosse à CPI depor? Ele é responsável por transferir recursos para a sua campanha... pelo menos 4 milhões de reais foram transferidos, com a assinatura do senhor Vaccari,... para sua conta de campanha. Vamos investigar logo". Dilma não respondeu. Isso nos deixa com duas opções. A primeira: Dilma acredita em Paulo Roberto Costa apenas quando ele acusa gente do PSDB. Como isso seria aceitável para a candidata, mas indigno para a presidente, fiquemos com a segunda opção, a única que faz jus ao posto de magistrada maior da nação, que Dilma ocupa. Essa opção nos permite concluir que Dilma também dá como verdadeira a afirmação de que Vaccari recebeu dinheiro do escândalo do petrolão (os famosos "2% iam para o PT", da delação premiada de Paulo Roberto Costa) e transferiu parte para sua campanha. Sem incorrer em perjúrio nem difamação, Aécio Neves poderia ter descrito assim a situação de Dilma: "Por isso é que eu digo, candidata, quando a gente verifica que sua campanha recebeu propina..."
A lógica de tudo isso mostra que ocorreu um evento raro durante o debate presidencial do SBT: dois candidatos que concordam sobre uma mesma questão. Dilma e Aécio, como se vê, estão de acordo em que Paulo Roberto Costa fala a verdade e que suas denúncias precisam ser investigadas. Fique, então, registrado que tanto Aécio ("Vamos investigar logo") quanto Dilma ("Importa investigar"), se eleitos, irão fundo na investigação das propinas do petrolão para parlamentares e campanhas presidenciais. A sociedade brasileira vai cobrar do eleito essa promessa. Parafraseando Dilma Rousseff, "quando a gente verifica" que a Petrobras esteve durante quase todo o governo dela e de Lula sob o controle de uma quadrilha de corruptos, "importa investigar". É isso que as autoridades estão fazendo. Na semana passada, foi a vez de o doleiro Alberto Youssef, outro envolvido no caso, dar sequência à serie de revelações surpreendentes iniciadas por Paulo Roberto Costa, as quais, lembremo-nos, Dilma agora utiliza como sendo verdadeiras em suas aparições em debates eleitorais. Quando assinou seu acordo de delação premiada, Youssef prometeu entregar aos investigadores informações que iriam "chocar o país". Na semana passada, ele fez o que prometeu. Youssef disse às autoridades que a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010 foi financiada em parte com dinheiro desviado da Petrobras. Parceiro do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa na gestão da bilionária máquina de corrupção que sangrava os cofres da estatal e abastecia os bolsos de políticos influentes da República, o doleiro dedicou-se nas últimas duas semanas a demonstrar aos delegados e procuradores que não estava blefando quando falou do poder de suas revelações. Imerso desde o dia 2 deste mês em sessões diárias de até oito horas de interrogatório, Youssef já listou o nome de 28 parlamentares que se serviam das propinas pagas pelas empreiteiras com contratos na estatal e expôs as entranhas do que chamou de "mensalão dois". Além de confirmar informações já prestadas por Paulo Roberto, o doleiro revelou aos investigadores que testemunhou o funcionamento de um requintado esquema para repassar dinheiro fruto de corrupção a campanhas eleitorais dando às operações uma fachada de legalidade. O que ocorria, segundo Youssef, era para ter sido o que o submundo chama de "crime perfeito". As empresas faziam doações legais, registradas na Justiça Eleitoral, mas o dinheiro vinha de contratos com a Petrobras artificialmente inflados por aditivos e sobrepreços. Youssef contou aos investigadores que esse método — um entre vários outros — foi utilizado para engordar as finanças de campanha de dezenas de deputados federais da base aliada do governo e que uma porção do dinheiro foi direcionada para a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. Naquele ano, sua campanha arrecadou um total de 148,8 milhões de reais, recursos devidamente contabilizados na Justiça Eleitoral. Entre os maiores doadores da campanha de Dilma estão as empresas que, segundo o depoimento em delação premiada de Youssef, formavam o cartel de obras e serviços na Petrobras. Outras tantas são subsidiárias das empresas que, de acordo com o doleiro, se cartelizaram na boca do caixa da estatal. Quase todas as demais são prestadoras de serviços, fornecedoras ou beneficiárias de crédito barato do governo federal. Uma consulta aos arquivos do TSE revela que nove das treze empresas citadas por Youssef fizeram doações legais à campanha de Dilma Rousseff em 2010. Somadas às doações das empresas citadas pelo doleiro, elas chegam a 29 milhões de reais. Pelo valor dos contratos mantidos com a Petrobras, por seu lucro naquele ano e pela dimensão de suas operações globais, parece irreal que organizações daquela envergadura precisassem recorrer a um diretor de estatal corrupto e um doleiro para fazer doações legais à campanha de Dilma em 2010. Mas esse é um problema que Dilma terá de resolver primeiro entre ela e seus arrecadadores quando a denúncia feita por Youssef chegar à fase das provas. Os investigadores do caso já descobriram que a quadrilha instalada na Petrobras sabia como se premiar muito bem com o dinheiro desviado. O próprio Paulo Roberto Costa aceitou repatriar 23 milhões de dólares que ele tem depositados na Suíça e foram fruto de ações criminosas. Haverá dano para a imagem de Dilma, pois não bastará desmentir Youssef ou tentar desqualificá-lo como um criminoso desesperado que diz qualquer coisa para se salvar. Quanto aos valores de pouca monta comparados ao tamanho das empresas doadoras que, segundo Youssef, faziam parte do esquema, o dolo não está no centavo ou no milhão, mas na natureza do esquema. A quadrilha abasteceu dezenas de campanhas, pelo que se revelou até agora. Em 2010, o custo total das campanhas de presidente, governador, senador e deputado federal chegou a 4,9 bilhões de reais. O doleiro Youssef disse que o esquema de arrecadação clandestino começou a funcionar em 2006, um ano depois de o mensalão ter sido debelado, e que a indicação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras foi negociada com o então presidente Lula diretamente pelo ex-deputado José Janene (PP), também envolvido no mensalão e já morto. A imensa riqueza de detalhes, documentos e planilhas entregues por Youssef às autoridades só agora passa a fazer sentido, montada como um quebra-cabeça em que o doleiro tem as peças e Paulo Roberto conhece a imagem a ser formada. Youssef entregou às autoridades uma lista de 28 deputados financiados pela quadrilha. Dependendo da importância do parlamentar, os pagamentos variavam de 100000 reais a 150000 reais por mês. Como disse Dilma, "quando a gente verifica o pagamento de propina", é preciso investigar. É justamente o que está sendo feito. "VACCARI É O PC FARIAS DO GOVERNO PT" Delator do mensalão, escândalo que levou a cúpula petista para a cadeia, o corretor Lúcio Bolonha Funaro conheceu de perto a engrenagem de corrupção montada pelo Partido dos Trabalhadores para viabilizar o ambicioso projeto de poder da legenda. Em 2004, Funaro emprestou 4 milhões de reais ao PL (atual PR), aliado do governo. Para receber o dinheiro de volta, ele foi apresentado às figuras centrais do esquema. Em 2006, o corretor fez um acordo com a Justiça para revelar o que sabia sobre a compra de votos no Congresso - e hoje diz que as semelhanças entre o mensalão e o que se descobriu agora na Petrobras, que inclusive envolve os mesmos personagens, não são apenas uma coincidência. Para ele, ambos são esquemas planejados pela mesma organização, têm os mesmos objetivos e um elo em comum: o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Quais são as semelhanças entre o mensalão e o caso Petrobras? O Paulo Roberto Costa confirmou que sua nomeação foi política, feita pelo ex-deputado José Janene, envolvido no mensalão. O operador financeiro do esquema tem entre seus funcionários o dono da corretora Bônus Banval, também envolvido no mensalão. A pessoa encarregada de ser a responsável na partilha pelo lado do PT, João Vaccari, é a mesma que me foi apresentada para tentar resolver o débito que o PL tinha comigo. São vários pontos em comum. Impossível ser mera coincidência. Por que o senhor acha que eles fazem parte de uma mesma organização? O modus operandi é sempre o mesmo. Há uma empresa-mãe que superfatura serviços contra uma estatal e depois repassa para todos os envolvidos no esquema. No mensalão foram as empresas do Marcos Valério, e agora no caso da Petrobras são as empreiteiras e as prestadoras de serviços da Petrobras. O senhor negociou diretamente com o tesoureiro João Vaccari? O Vaccari é o PC Farias (tesoureiro do então presidente Collor) do governo do PT. O Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT preso por corrupção) me apresentou o Vaccari como o homem que resolveria o problema da dívida. E sabe o que o Vaccari sugeriu? Sugeriu que eu criasse um fundo para captar dinheiro da Funcef ou da Petros. Em outras palavras, os fundos de pensão dos servidores da Caixa e da Petrobras pagariam a dívida do partido. Não aceitei. Agora, o Vaccari aparece de novo envolvido com o Alberto Youssef e desvios de fundos de pensão. É isso que ele faz. O Vaccari se apresentava como representante do PT? Ele tinha sinal verde para operar em certas áreas e aumentou sua influência conforme foi se reduzindo o quadro de operadores do partido. Antes, você tinha o Delúbio, o Marcelo Sereno... Os fatos estão aí para provar que o Vaccari era a pessoa indicada pelo PT para viabilizar negócios com os fundos de pensão. Ele tinha influência na Funcef, na Previ e na Petros. Desde o início do governo do PT, os negócios envolvendo fundos eram tratados com ele. O senhor também diz que o esquema de desvios da Petrobras começou bem antes do que se imagina. O que quero dizer é que, em 2002, o banco Schahin fez um empréstimo a José Carlos Bumlai (pecuarista, amigo do ex-presidente Lula) para a campanha do PT. Depois da eleição de Lula, o grupo Schahin multiplicou seus contratos dentro da Petrobras. Afirmo que o grupo Schahin não tem estrutura para ter tamanho volume de contratos. Coisa de 15 bilhões de dólares. Tenho um litígio com eles e sei o que estou falando, assim como afirmo que o grupo apresenta uma fragilidade financeira que põe em risco a Petrobras. HUGO MARQUES * Fonte primária: VEJA Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 EX-DIRETOR DA PETROBRAS DIZ QUE TUCANO COBROU R$ 10 MILHÕES Propina foi paga pela construtora Queiroz Galvão em 2010, afirma Paulo Roberto Campos Objetivo era esvaziar CPI sobre estatal, diz ex-diretor; empresa nega acusação, e PSDB pede que se investigue Publicado: Folha de São Paulo - Eleições 2014 - Pág. 3 | On Line 18/10/2014 02h00 de São Paulo O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse ao Ministério Público Federal que foi de R$ 10 milhões o valor de propina cobrado pelo ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra para que o tucano ajudasse a esvaziar Comissão Parlamentar de Inquérito criada pelo Senado para investigar a Petrobras em 2009. Em seu depoimento, Costa afirmou que o suborno foi pago pela construtora Queiroz Galvão em 2010. Os relatos do ex-diretor da Petrobras sobre montante e a pagadora da propina foram informados pelo jornal "O Estado de S. Paulo" na edição desta sexta-feira (17). De acordo com a publicação, Costa também afirmou que, ao tratar do suborno, Guerra estava acompanhado do deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) e apontou que o congressista seria um "operador". O ex-diretor da estatal ainda relatou que o político tucano sugeriu que ele conversasse com Armando Ramos Tripodi, o então chefe de gabinete do presidente da Petrobras à época, José Sergio Gabrielli, segundo o jornal. A Queiroz Galvão integra um consórcio contratado para obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que é investigada na Operação Lava Jato da Polícia Federal. Guerra morreu em março, aos 66 anos, vítima de câncer no pulmão e foi substituído no comando do partido pelo candidato tucano a presidente da República, Aécio Neves. Em seu depoimento ao Ministério Público, Costa disse que empresas fornecedoras da Petrobras queriam encerrar a CPI em 2009, pois entendiam que os trabalhos da comissão poderiam atrapalhar seus negócios. Embora a oposição fosse minoritária na CPI, as empreiteiras temiam prejuízos com a repercussão do caso na imprensa, segundo ele. A CPI criada em 2009 para investigar a Petrobras teve vida breve: foi instalada em julho e acabou em novembro. Guerra e o senador paranaense Álvaro Dias, também do PSDB, abandonaram a comissão em outubro alegando que o rolo compressor do governo impedia qualquer investigação séria. Nota do PSDB aponta que a legenda defende a investigação de todas as acusações feitas pelo ex-diretor da Petrobras. O filho do ex-presidente do PSDB, Francisco Guerra, não se manifestou sobre a acusação, mas disse preservar o legado do pai "com muita honra". Em nota, a construtora Queiroz Galvão afirmou que "desconhece o teor do depoimento e nega as acusações". Tripodi negou contatos com Guerra ou Fonte e irregularidades em sua atuação na estatal de petróleo. "Repudio com indignação e veemência quaisquer insinuações ou afirmações caluniosas que procurem vincular meu nome a práticas criminosas", afirmou Tripodi. Segundo a assessoria de Eduardo da Fonte, o deputado do PP se coloca à disposição das autoridades para esclarecimentos, mas vai se pronunciar somente depois de ter acesso a dados oficiais do depoimento de Paulo Roberto Costa. * Fonte primária: O Globo Impresso + On Line Fonte: O Globo - País CONSULTORIA DIZ QUE PETROBRAS É ALVO DE INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR NOS EUA Arko Advice, de Brasília, diz que órgão regulador do mercado acionário americano avalia denúncias da Lava Jato Publicado: O Globo - 18/10/14 - Pág. 16 | On Line 17/10/2014 20:09 / Atualizado 17/10/2014 20:24 Ana Paula Ribeiro (com G1) SÃO PAULO - O órgão regulador do mercado acionário americano, a Security Exchange Commission (SEC), teria aberto uma investigação preliminar para saber das irregularidade envolvendo a Petrobras e os envolvidos na operação "Lava-Jato", segundo informações da consultoria Arko Advice, com sede em Brasília. A SEC não informa quais empresas estão ou não sob investigação. A estatal possui recibos de ações (ADRs, American Depositary Receipts) negociados na Bolsa de Nova York, por isso está submetida também às leis do mercado acionário dos Estados Unidos. OPERAÇÃO DESGOVERNADA O relatório da consultoria afirma que a investigação preliminar conduzida pela SEC aponta que a petrolífera teria operado de forma desgovernada, conforme as declarações dadas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, no procedimento de delação premiada. "Caso tais suposições e denúncias se confirmem, a situação pode ficar complicada. Teoricamente, todos os membros do conselho de administração e da diretoria da empresa são legalmente responsáveis por desvios de conduta", afirma o documento distribuído a clientes e assinado Murillo de Aragão, Cristiano Noronha, Carlos Eduardo Bellini e Marcos A. Queiroz. Essa investigação preliminar contaria com 28 advogados e analistas da SEC e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Se depender do resultado da investigação, a Petrobras responderia não apenas por possíveis irregularidades no mercado acionário, mas também no âmbito criminal, além de multas - as leias americanas preveem punições à prática de corrupção, mesmo que tenha ocorrido fora dos Estados Unidos. "Um time de 28 advogados e analistas da SEC e do Departamento de Justiça americano já estão trabalhando no caso, que pode se estender às empresas fornecedoras de serviços da estatal, que podem ser chamadas a prestar esclarecimentos", diz o relatório, acrescentando que há um cuidado do órgão americano em não vazar as conclusões preliminares em meio ao ambiente eleitoral - as ações da Petrobras estão entre as mais afetadas pelas notícias sobre a sucessão presidencial. PETROBRAS APURA INTERNAMENTE No final da tarde dessa sexta-feira, a Petrobras divulgou um comunicado ao mercado, a pedido da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em que presta esclarecimento sobre as reportagens publicadas na imprensa sobre a operação Lava-Jato. No documento, a estatal afirma que constituiu comissões internas para apurar "indícios ou fatos contra a empresa, bem como subsidiar medidas administrativas e procedimentos decorrentes". Afirmou ainda que pediu acesso aos autos da Lava-Jato e que solicitou acesso ao conteúdo do depoimento de Costa feito com base no processo de delação premiada. A companhia esclareceu ainda que está colaborando com as autoridades. * Fonte primária: O Globo Impresso + On Line Fonte: G1 - O Globo - On Line ÓRGÃO DOS EUA INVESTIGA SE DENÚNCIA SOBRE PETROBRAS PREJUDICOU ACIONISTAS Objetivo é apurar se denúncias feriram lei anticorrupção norte-americana. Estatal informou que ainda não foi notificada sobre apuração. Publicado: globo.com G1 - On Line 17/10/2014 17h30 - Atualizado em 17/10/2014 22h04 O órgão que regula o mercado financeiro dos Estados Unidos está investigando se as denúncias de desvio de dinheiro da Petrobras infringiram a lei anticorrupção americana e prejudicaram os acionistas da empresa com ações em Nova York, informa relatório enviado pela consultoria brasileira Arko aos seus clientes. Segundo o relatório da Arko, a investigação está sendo conduzida pela SEC (Securities and Exchange Commission), que é o correspondente à Comissão de Valores Mobiliarios, que regula as atividades do mercado financeiro no Brasil. Vinte o oito advogados e analistas americanos estariam trabalhando no caso. Procurada pelo G1, a Petrobras informou em nota que "não foi notificada pela SEC ou pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos" sobre a investigação. De acordo com as informações do relatório, empresas que prestam serviços à Petrobras podem ser chamadas para dar esclarecimentos às autoridades americanas. As conclusões preliminares da investigação poderão se referir não só ao mercado acionário, mas também a área criminal. Os americanos apuram as denúncias de corrupção em contratos da Petrobras porque a companhia tem ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York e precisa seguir regras de conduta, entre as quais as normas anticorrupção. Se os americamos concluírem que houve desrespeito às leis de mercado e que isso causou prejuízo aos acionistas, poderão aplicar multas às empresas e também à Petrobras. Segundo a consultoria Arko, a investigação americana está baseada nas informações de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que, mediante acordo de delação premiada, revelou à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal um suposto esquema para desviar dinheiro de contratos e repassar os valores a partidos políticos, doleiros e a diretores da estatal. Propina No acordo de delação premiada, Costa se comprometeu a colaborar com as investigações em troca da transferência da prisão onde estava, em Curitiba (PR), para a casa dele, no Rio, onde está detido em regime de prisão domiciliar. No último dia 8, o ex-diretor afirmou na quarta-feira (8), em depoimento à Justiça Federal do Paraná, que parte da propina cobrada de fornecedores da estatal era direcionada para atender a PT, PMDB e PP e foi usada na campanha eleitoral de 2010. Segundo o ex-diretor, o PT recolhia para o seu caixa 100% da propina obtida em contratos das diretorias que a sigla administrava, como, por exemplo, as de Serviços, Gás e Energia e Exploração e Produção. No depoimento, Costa contou que, se o contrato era de uma diretoria que pertencia ao PP, o PT ficava com dois terços do valor e o restante era repassado para a legenda aliada. * Fonte primária: G1 - O Globo - On Line Fonte: ESTADÃO On Line Blog Fausto Macedo PF FECHA ELO DE PROPINA EM FUNDO DE PENSÃO Suspeita é de que tesoureiro do PT intermediou mau negócio fechado por diretores com doleiro Publicado: ESTADÃO On Line 16 outubro 2014 | 05:00 Ricardo Brandt e Mateus Coutinho A Polícia Federal acredita ter conseguido fechar o ciclo de uma transação que teria envolvido o pagamento de propina de R$ 500 mil a dois diretores do fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, feito com empresas do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010, e do doleiro Alberto Youssef – um dos alvos centrais da Operação Lava Jato – e que causou prejuízo de R$ 13 milhões ao órgão. No computador de Youssef, há uma pasta com 12 arquivos referentes aos negócios do doleiro com a Petros. O negócio teria sido intermediado, segundo suspeita a PF, pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e tratado diretamente com dois diretores da Petros – indicações petistas, entre eles o ex-presidente do fundo Luiz Carlos Fernandes Afonso (2011-2014). A PF registra a possível interferência de um político não identificado “de grande influência na casa” na liberação de um seguro, em órgão do Ministério da Fazenda, que era condicionante para a transação. “Esse recurso foi desviado para pagamento de propina para funcionários da Petros”, afirmou Carlos Alberto Pereira da Costa, advogado que, segundo a PF, atuava como testa de ferro de Alberto Youssef.
VEJA A TRANSCRIÇÃO DO DEPOIMENTO DE CARLOS ALBERTO PEREIRA DA COSTA À JUSTIÇA FEDERAL
Costa tinha em seu nome pelo menos duas empresas usadas pelo doleiro, uma delas envolvidas nessa transação com a Petros, a CSA Project Finance. Ele afirmou ao juiz Sérgio Moro que na operação foi retirada uma propina de R$ 500 mil que serviu para pagar os dois diretores da Petros. Citados. Os diretores são petistas e já citados em outros dois escândalos, segundo registra a PF. “As negociações eram realizadas pelo lado da Petros pelo senhor Humberto Pires Grault Vianna de Lima, gerente de novos projetos da Petros, e pelo senhor Luis Carlos Fernandes Afonso, diretor financeiro e de investimentos.” ABAIXO, TRECHO DO RELATÓRIO DA PF QUE CITA OS DIRETORES ENVOLVIDOS NA NEGOCIAÇÃO Afonso foi nomeado diretor em 2003 e depois nomeado presidente da Petros, em 2011, cargo que ocupou até fevereiro de 2014. Lima era diretor de Novos Projetos e foi nomeado diretor de investimento da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp). O ex-presidente da Petros foi condenado em primeiro grau por improbidade sob a acusação de ter cobrado ‘pedágio’ de uma fundação para que ela ganhasse um contrato na Prefeitura de São Paulo, em 2003. Na época, ele era secretário de Finanças do governo Marta Suplicy (PT). A condenação é de 2012 e está em fase de recurso. CONFIRA O E-MAIL APREENDIDO PELA PF ENCAMINHADO PARA LUIS CARLOS FERNANDES AFONSO Ferro velho. A transação na Petros envolveu a compra de título de crédito emitido por uma empresa falida que havia sido adquirida por Janene e por Youssef. A Indústria de Metais Vale (IMV) foi criada para reciclar ferro velho e vender o material para siderúrgicas, mas estava parada. Ela foi registrada em nome do advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, réu da Lava Jato. Com a empresa falida, o grupo aportou nela R$ 4 milhões em 2007 e firmou contrato com a CSA Project Finance, que é do doleiro e está em nome de Costa também – para que essa fizesse um projeto de recuperação e captasse recursos antecipados. Para isso, fechou um contrato de venda com recebimento antecipado de uma grande siderúrgica nacional. “Com o objeto de antecipar recebíveis oriundos de um contrato de compra e venda de ferro gusa (sucata), celebra entre a IMV e a Barra Mansa, assim adquirindo investimento necessário para a instalação de uma planta industrial, a IMV emitiu Cédula de Crédito Bancário, no montante total de R$ 13.952.055,11”, diz a PF. Os termos da cédula de crédito estão no HD do computador de Youssef. Com o título de crédito emitido pelo Banco Banif Primus, o grupo, via CSA e coligados, passou a tratar com os diretores da Petros a compra pelo fundo de pensão. Documento apreendido pela Lava Jato com o grupo mostra que eles teriam sido recebidos na Petros pelo então diretor, que depois virou presidente. Vaccari é suspeito de ser o intermediador dos negócios do grupo com a Petros. No capítulo sobre a compra do título de crédito da empresa IMV há um histórico sobre suas relações com o partido. Seu nome foi citado na confissão dos réus como elo de pagamentos de propinas em outras áreas e especificamente na Petros em um e-mail interceptado entre os alvos da Lava Jato. COM A PALAVRA, A DEFESA A assessoria de imprensa do PT, em nota, reiterou versão dada quando o nome do secretário nacional de Finanças do partido, João Vaccari Neto, foi mencionado no início da Operação Lava Jato. “Vaccari repudia as inverdades que estão sendo veiculadas e que são baseadas apenas no depoimento de um advogado que afirmou que ‘provavelmente’ ele trataria de questões relacionadas à empresa CSA.” Segundo o texto, “o referido advogado, Carlos Alberto Pereira da Costa, não apresentou qualquer evidência do envolvimento de Vaccari em operações dessa empresa”. O partido afirma que Vaccari não conhece Costa. “Vaccari nunca realizou negócios com Cláudio Mente, que trabalhava na CSA. Vaccari atuava como sindicalista, e não como secretário de finanças, entre 2005 e 2006, período em que o advogado o acusa de suposto envolvimento em transações financeiras com a CSA.” Vaccari alega estranhar “a divulgação de notícias sem provas, ou mínimas evidências, mas que podem causar prejuízos à imagem do PT”. Humberto Pires Grault, quando foi citado pela primeira vez na Lava Jato, divulgou nota de esclarecimento na qual rechaçou com veemência a citação a seu nome. “Não recebi, negociei ou me foi ofertada qualquer tipo de compensação, propina ou comissão em torno de nenhum investimento da Petros e, em especial, no projeto apresentado pela CSA para exploração de ferro gusa.” “Participei do projeto estritamente dentro das funções que tinha na Petros, no cargo de gerente de Novos Negócios, em conjunto com a equipe de profissionais da entidade, avaliando a viabilidade econômico-financeira do empreendimento e apresentando parecer à diretoria, que analisou e decidiu pela aprovação do investimento”, destacou Grault. ABAIXO, A NOTA DO PETROS “Em relação à matéria “PF fecha elo de propina em fundo da Petrobras”, publicada em O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, 16/10/2014, a Petros se vê na obrigação de esclarecer alguns equívocos, ainda que tenha por princípio não comentar investigações em curso. 1 – Em momento algum a Petros se negou a responder à reportagem, como afirma o texto. Os autores da matéria fizeram contato apenas com um posto de atendimento regional, ao invés de procurar diretamente a Gerência de Comunicação e a Assessoria de Imprensa da Petros, como sempre procedem os demais repórteres, inclusive de O Estado de S. Paulo. 2 – O investimento citado na reportagem foi realizado em 2006, alinhado à política de investimentos da Petros na época e respeitando a legislação vigente. Contou com garantias e rating A da Austin Rating, por representar baixo risco de crédito. Além disso, oferecia retorno adequado aos padrões de mercado, sendo corrigida pela variação do IGP-M mais juros de 11,5% ao ano. 3 – A Petros não aportou qualquer valor na IMV após 2006. Quando o investimento não se mostrou rentável como esperado inicialmente – o que pode ocorrer com qualquer operação -, a Fundação declarou o vencimento antecipado da dívida. A Fundação já exerceu as garantias no contrato do investimento em questão. 4 – Ao contrário do que diz a reportagem, Luís Carlos Fernandes Afonso não tinha qualquer vínculo com a Petros na época em que o investimento foi realizado. Ele foi diretor Financeiro e de Investimentos de fevereiro a maio de 2003 e regressou à Fundação apenas em setembro de 2008. 5 – A Petros não recebeu qualquer notificação da Polícia Federal ou da Justiça a respeito do caso citado na reportagem. Caso seja notificada, esclarecerá os fatos, a fim de contribuir com as investigações. Carlos Fernando Costa, presidente da Petros.” COM A PALAVRA, HUMBERTO GRAULT Em nota de esclarecimento, Humberto Grault repudiou taxativamente “as insinuações de que teria recebido ‘propina’ enquanto gerente de Novos Negócios da Petros”. Grault afirmou que “não recebeu, não negociou e nem lhe foi ofertada qualquer tipo de compensação”. Ele destacou que “as referências à sua pessoa são caluniosas e levianas, já que não há embasamento algum para tais acusações”. LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DE ESCLARECIMENTO DE HUMBERTO GRAULT “A respeito da matéria intitulada “PF fecha elo de propina em fundo da Petrobrás”, na qual meu nome foi citado, sem que me tenha sido dada oportunidade de me manifestar, novamente, reitero meu repúdio às insinuações de que teria recebido “propina” enquanto gerente de Novos Negócios da Petros. As referências à minha pessoa são caluniosas e levianas, já que não há embasamento algum para tais acusações. A persistir o enredo de ofensas inverídicas adotarei as medidas judiciais cabíveis para restabelecimento da verdade dos fatos e da minha honra. Reforço os termos de nota anterior na qual esclareço que não recebi, negociei ou me foi ofertada qualquer tipo de compensação, propina ou comissão em torno de nenhum investimento da Petros e, em especial, no projeto apresentado pela CSA para exploração de ferro gusa. Conforme já explicado, participei do projeto dentro das funções que exercia Petros, em conjunto com a equipe de profissionais da entidade, avaliando a viabilidade econômico-financeira do empreendimento e apresentando parecer à diretoria, que analisou e decidiu pela aprovação do investimento. São Paulo, 16 de outubro de 2014. Humberto Grault” * Fonte primária: ESTADÃO On Line // Blog Fausto Macedo Fonte: O Globo País Impresso // On Line Portal do PPS TCU VÊ IRREGULARIDADES NA OBRA DO COMPERJ Contratos de R$7,6 bilhões sem licitação foram firmados durante gestão de Paulo Roberto Costa na Petrobras Publicado: O Globo - 16/10/14 - Pág. 13 | On Line Eduardo Bresciani Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou indícios de irregularidades em contratos sem licitação no valor de US$ 7,6 bilhões para a realização de parte das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras. Segundo o relatório do ministro José Jorge, os acordos foram firmados durante a gestão de Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da Petrobras. Em voto apresentado ontem no plenário do TCU, o ministro questionou a compra de equipamentos que não serão usados devido a mudanças no projeto original, e os aditivos de R$ 1,5 bilhão incluídos no contrato pelo fato de as empreiteiras estarem esperando equipamentos que não chegaram ao Comperj por falta de vias de acesso que suportem o peso. Custo multiplicado O ministro destaca ainda que há números divergentes dentro da própria Petrobras sobre o custo do complexo. A previsão inicial era de US$ 6,1 bilhões. Mudanças no projeto já levaram a companhia a ampliar o orçamento para US$ 30,5 bilhões. Um documento da área de Estratégia Corporativa da própria empresa estima em US$ 47,7 bilhões. José Jorge quer explicações da Petrobras sobre os indícios de irregularidades, e que haja uma fiscalização específica sobre um contrato de US$ 3,8 bilhões, também feito sem licitação, com empresas citadas na Operação Lava-Jato. Um pedido de vista do ministro Bruno Dantas adiou a decisão. O Comperj foi concebido inicialmente como uma petroquímica a ser construída em parceria com a Braskem, empresa que tem a Petrobras e a Odebrecht como sócias. Foi alterado posteriormente, passando a incluir também uma refinaria. Por fim, decidiu-se construir inicialmente uma área de refino, seguida de mais uma área totalizando uma capacidade de refino de 465 mil barris de petróleo por dia, além de uma petroquímica independente, a ser levantada no futuro e operada basicamente com gás natural. A primeira fase, segundo dados da Petrobras, tinha 75% de execução física em julho passado. Ainda não foi firmado qualquer contrato de participação da Braskem no negócio. Segundo o relatório da auditoria do TCU, documentos internos da Petrobras afirmam que o projeto não é viável economicamente da forma como é realizado. José Jorge observou que somente em agosto de 2012 passaram a ser feitas análises de risco relativas ao Comperj. Foi nesta data que se verificou ser impossível cumprir os prazos previamente estabelecidos. Antes dessa data, porém, foram assinados os contratos de US$ 7,6 bilhões sem licitação. Dois deles já são objeto de auditoria. O terceiro, de US$ 3,8 bilhões, foi celebrado em dezembro de 2011, na gestão de Costa, para a construção da Central de Utilidades do complexo, que reúne casa de força e estações de tratamento de água e efluentes. O Consórcio TUC Construções, formado por UTC Engenharia, Construtora Norberto Odebrecht e Projeto de Plantas Industriais (PPI), foi contratado sem licitação. PPI foi a empresa que realizou o projeto original dessa central, enquanto as empreiteiras foram citadas por supostamente pagar propinas a Costa dentro do esquema de corrupção na companhia. - A questão que considerei mais grave foi a verificação desses contratos de US$ 7,6 bilhões sem licitação, e justamente na diretoria de Abastecimento na época de atuação do diretor Paulo Roberto Costa, que está sub judice. Por isso, precisamos investigar se há superfaturamento nesses contratos - disse o relator. Pagamento pode ser suspenso Durante a sessão, o ministro substituto André Luís de Carvalho sugeriu que fossem suspensos, de forma cautelar, os pagamentos relativos ao contrato de US$ 3,8 bilhões até que se investiguem as irregularidades. José Jorge ficou de avaliar a medida. Ele observou que, na licitação para outras obras do Comperj, a Petrobras conseguiu um deságio médio de 14,27%. Por isso, em sua visão, é preciso verificar se não houve sobrepreço na celebração dos contratos sem licitação, ainda mais verificando que os prazos não foram cumpridos. A Petrobras não respondeu os questionamentos, enquanto a UTC, empresa que lidera o consórcio, não quis se manifestar. Ler, também:
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* Fonte primária: O GLobo Impresso // On Line Portal do PPS // On Line Jornal Nacional // RJ TV Fonte: O Globo - Coluna de Zuenir Ventura NO PAPEL DE MOCNHO Delação premiada tem sido tão eficaz que muitos achavam que se tratava de uma invenção recente, quando, na verdade, surgiu nos EUA nos anos 60 Publicado: O Globo - 15/10/14 - Pág. 17 | On Line 15/10/2014 0:00 Coluna de Zuenir Ventura Por ironia da história, um dos personagens mais repulsivos durante a ditadura militar, o dedo-duro, tornou-se hoje o protagonista da luta contra a impunidade, graças ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que popularizou a delação premiada, um expediente segundo o qual o criminoso passa a colaborar com as autoridades e recebe em troca benefícios como perdão ou diminuição da pena. O mesmo acordo foi assinado um mês depois pelo doleiro Alberto Youssef, acusado pela polícia de ser o chefe do esquema bilionário investigado pela Operação Lava-Jato. Agora, foi a vez de um militar ajudar a desmantelar um dos maiores casos de corrupção na PM do Rio de Janeiro ao se dispor a revelar os ilícitos cometidos pela quadrilha a que pertenceu. O instrumento tem sido tão eficaz e com tanto sucesso que muitos achavam que se tratava de uma invenção recente, quando, na verdade, surgiu nos EUA nos anos 60, na época em que a máfia imperava e seus membros presos se negavam a colaborar por fidelidade ou medo de represália dos comparsas. Para furar esse pacto de silêncio, a Omertà, a Justiça americana criou esse sistema, que oferece, além do perdão ou redução da pena, prisão diferenciada e proteção da família em troca de informações privilegiadas. Como se sabe, na série de depoimentos que prestou sobre propinas e desvios de dinheiro na Petrobras, Paulo Roberto Costa denunciou o envolvimento de 30 políticos, entre os quais os presidentes da Câmara e do Senado, três partidos, PT, PMDB e PP, um ministro e três governadores, e nove das grandes empreiteiras. Só da Odebrecht, ele disse ter recebido no exterior US$ 23 milhões. E US$ 1,5 milhão para não atrapalhar a compra da Refinaria de Pasadena, em 2006. Sem falar nos R$ 500 mil que disse ter embolsado do presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Por tudo isso e por ter concordado em abrir mão de contas na Suíça e nas Ilhas Cayman, além de devolver à Justiça R$ 80 milhões obtidos em atividades criminosas, o escândalo da estatal está sendo considerado um marco, pois seria a primeira vez que um réu concorda em devolver aos cofres públicos tanto dinheiro e em denunciar tantos personagens importantes do cenário político nacional. Os atingidos direta ou indiretamente, como a presidente Dilma, se voltaram não contra os acusados, mas contra os acusadores, alegando “vazamento seletivo” e “golpe eleitoral”. As críticas levaram a Associação de Juízes Federais a sair ontem em defesa do juiz Sérgio Moro, afirmando que a atuação da PF, do MP e do Judiciário foi “estritamente técnica, imparcial e apartidária”. Em suma, a delação premiada é a chance que o bandido tem de agir como mocinho. * Fonte primária: O Gobo - Coluna de Zuenir Ventura Fonte: O Globo - Coluna de Elio Gaspari O PT CARREGOU "PAULINHO" POR QUE QUIS Assim como ocorreu com o ‘mensalão’, o comissariado achou que levaria o caso com a barriga, errou duas vezes Publicado: O Globo - Opinião - 15/10/14 - Pág. 16 | On Line Coluna de Elio Gaspari A doutora Dilma chamou de “golpe” a exposição dos depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e do operador financeiro Alberto Youssef. Pode-se achar que tenha sido meio girafa a escolha da ocasião, entre os dois turnos eleitorais. Mesmo assim, o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, ouviu-os no desempenho de suas atribuições e tinha obrigação tornar públicas as informações que recebeu. “Golpe” houve quando a dupla e seus comparsas delinquiram. Como aconteceu no caso do mensalão, o comissariado fez várias apostas e perdeu todas. Houve um dia em que o governo poderia ter saído da crise, tomando o caminho da moralidade: 19 de março de 2014. Na véspera, respondendo a uma indagação da repórter Andreza Matais, a doutora Dilma redigiu uma nota dizendo que, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, aprovara a compra da Refinaria de Pasadena baseada em “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. Era só continuar nessa linha. No dia 20 de março a Polícia Federal prendeu Paulo Roberto Costa. Tratava-se de uma investigação relacionada com suas transações com Youssef, um notório operador de ilegalidades, que já passara por dois escândalos. Se o comportamento do Planalto e a ação da Polícia Federal tivessem andado na mesma direção, teria sido possível abrir a caixa-preta da Petrobras. Doeria, mas seria uma boa marca para o governo. Como no caso do mensalão, os sábios resolveram fazer o contrário. Deram marcha a ré e criou-se um “gabinete de crise” para lidar com o problema provocado pela nota de Dilma. Erro, a nota não era a origem de um problema, mas de uma solução. Youssef e o “amigo Paulinho” (diminutivo carinhoso usado por Lula) continuavam na cadeia. O comissariado sabia que empreiteiras, fundos de pensão, fornecedores e políticos haviam caído na rede da investigação. Temia-se que Paulo Roberto Costa virasse um “homem-bomba”. O comissariado operou e “Paulinho” passou com louvor por uma CPI. Disse que tinha R$ 1,2 milhão em casa para fazer pagamentos e o líder do PT considerou sua fala “satisfatória”. Não se tratava mais de fingir que não se sabia, mas de encobrir o óbvio. Apostaram que o “amigo” ficaria calado e levaram a bomba para dentro do governo. Parecia possível empurrar o caso com a barriga, pedindo-se até mesmo a anulação das provas já conseguidas. Em junho, o governo suíço bloqueou US$ 23 milhões que o “amigo” guardava no ultramar. Ele voltou a ser preso e dois meses depois começou a colaborar com a Viúva. Youssef acompanhou-o. Deu no que deu e no muito que dará. O governo apostou no efeito barriga. A blindagem chegou ao absurdo quando a doutora Dilma disse que demitira o “amigo Paulinho”. A ata da Petrobras informa que ele pediu demissão, mas ela acrescentou que esse é um “direito” dos servidores. Errado, não existe esse direito. Na ata onde está o registro de sua saída lê-se que o presidente do conselho da Petrobras, ministro Guido Mantega, “determinou o registro do agradecimento do colegiado ao diretor que deixa o cargo, pelos relevantes serviços prestados à companhia”. Falta definir “relevantes serviços”. * Fonte primária: O Gobo - Coluna de Elio Gaspari Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2004 ALA DO PT PROPÕE QUE DILMA RECONHEÇA ERROS NA PETROBRAS Diferença entre preço brasileiro e internacional se inverte e pteço lá fora fica 5% menor, sem frete Queda é um alívio para a situação financeita da Petrobras, e governo já cogita não reajustar os combustíveis este ano Publicado: Folha de São Paulo - 15/10/14 - Pág. 1 | On Line 15/10/2014 02h00 Valdo Cruz, Natuza Nery de Brasília A cúpula da campanha da presidente Dilma Rousseff está dividida sobre a melhor estratégia para enfrentar o escândalo da Petrobras, que arranha a imagem do PT na reta final da disputa pelo Planalto. Um grupo avalia que a tática mais eficaz seria reconhecer que houve erros na gestão da estatal, insistir que os culpados devem pagar por eles e que a Justiça Federal dará a palavra final sobre a responsabilidade de cada um, buscando virar a página do escândalo. Segundo a Folha apurou, são favoráveis a esta posição o marqueteiro da campanha João Santana, Miguel Rossetto, um dos coordenadores da campanha, Jaques Wagner, atual governador da Bahia, e Fernando Pimentel, governador eleito de Minas Gerais. Outro grupo, integrado por Rui Falcão, presidente do PT, Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil, e Franklin Martins, da coordenação da campanha, acredita que Dilma deveria seguir na linha atual, defendendo a reforma política como escudo contra desvios e questionando as acusações feitas pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef. O tema foi debatido nesta semana em reunião da cúpula de campanha petista. Por enquanto, prevalece a tese do segundo grupo. O PT já anunciou que vai processar Paulo Roberto Costa por difamação. A presidente Dilma, segundo interlocutores, até gostaria de optar pela estratégia de admitir que houve erros na estatal e tentar se descolar do escândalo da Petrobras. Mas resiste, ainda, por acreditar que compraria briga com o PT na reta final da campanha. Nos dois grupos, há dúvidas, porém, se o reconhecimento de erros na agenda ética não alimentaria ainda mais a ofensiva do PSDB na propaganda eleitoral no rádio e na TV. Os defensores da tese de que a candidata petista deveria admitir desvios dizem que Dilma poderia adotar o lema de que a Justiça deve cuidar dos criminosos, sejam eles quem forem, e que cabe à presidente da República cuidar do Brasil. Segundo auxiliares da petista, o desgaste do governo só aumentará se o PT e o Palácio do Planalto optarem apenas por uma postura reativa. Como na semana passada, em que negaram as irregularidades e atacaram a divulgação dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras e do doleiro Youssef à Justiça. Um interlocutor de Dilma disse que será um erro o PT ficar insistindo na tecla de que as declarações do ex-diretor e do doleiro são caluniosas. Segundo ele, os áudios divulgados e a informação de que Paulo Roberto Costa vai devolver R$ 70 milhões frutos de corrupção dão credibilidade a, no mínimo, parte importante das acusações contra o partido. Em depoimento à Justiça, o ex-diretor afirmou que o esquema de corrupção na estatal irrigou campanhas de três partidos nas eleições de 2010: PT, PMDB e PP. DIVERGÊNCIA O receio é que, nos próximos dias, surjam mais novidades do escândalo, com citação de envolvimento de assessores do governo e de aliados, o que deixaria a presidente em situação ainda mais difícil. Pesquisas qualitativas mostram que já se cristalizou na opinião pública a visão de que existia, de fato, um esquema de corrupção dentro da Petrobras. A cúpula petista, porém, não concorda com essa visão. Diz que o partido e o governo não podem ficar acuados diante das denúncias e que precisam se defender. O PT acredita ser vítima de uma armação política para tentar derrotar Dilma na eleição. Enquanto a divergência dá sinais de que tanto o partido quanto o governo ainda não encontraram a fórmula ideal para blindar a presidente no debate sobre corrupção, petistas afirmam que a saída para a vitória em 26 de outubro é reconquistar parte do eleitorado de classes mais pobres que votou com Aécio Neves (PSDB) ou Marina Silva (PSB) no primeiro turno.
LULA NA ESTRADA Lula, que não encontra sua afilhada política há mais de dez dias, decidiu atender a pedidos de aliados e irá subir no palanque de candidatos a governos no Norte do país. Ele irá para Amazonas, Acre e Pará nos próximos dias. Também pretende ir no fim de semana em Pernambuco, onde Marina venceu no primeiro turno. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Mercado PREÇO DO PETROLEO DESABA E ZERA Diferença entre preço brasileiro e internacional se inverte e pteço lá fora fica 5% menor, sem frete Queda é um alívio para a situação financeita da Petrobras, e governo já cogita não reajustar os combustíveis este ano Publicado: Folha de São Paulo - 15/10/14 - Pág. B1 | On Line 15/10/2014 02h00 Raquel Landim, de São Paulo - Valdo Cruz de Brasília "Não faz o menor sentido, num cenário como o atual, aumentar não só a gasolina como o diesel", disse um assessor do governo à Folha. Ele pondera, no entanto, que a decisão final será tomada após as eleições pela presidente Dilma. O barril de petróleo tipo Brent caiu 4,3% ontem para US$ 85,04 em Londres, o menor patamar em quatro anos. Desde o fim de 2013, a queda já chega a 23,5%, derrubando também as cotações dos produtos derivados. A defasagem entre os preços dos combustíveis no Brasil e no golfo do México, que chegou a 20% em fevereiro, desapareceu. Cálculo do Itaú BBA aponta que a gasolina está hoje 5% mais cara que no exterior e o diesel 1%. Esses porcentuais não levam em consideração o frete, que onera o combustível importado em cerca de 10%. Se incluído esse custo, a defasagem na gasolina ainda estaria próxima de 7%. Sem reajustes "No cenário atual, não há razão para reajuste dos combustíveis", disse Paula Kowarsky, analista do Itaú BBA. "Um reajuste seria malvisto, porque vai elevar a inflação à toa", disse Fábio Silveira,economista da GO Associados. Segundo assessores da presidente Dilma, a queda do preço do petróleo é uma notícia positiva para o governo diante do risco de a inflação estourar o teto da meta. A Petrobras vinha sofrendo muito com essa diferença de preços local e externo, porque o governo optou por segurar repasses para não pressionar a inflação. Até agora, a estatal era obrigada a importar combustível caro e vender com prejuízo. Segundo o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), a Petrobras perdeu R$ 2,7 bilhões com essas operações desde novembro de 2013, quando ocorreu o último reajuste da gasolina. Segundo analistas, a forte queda do preço do petróleo é consequência da maior produção do produto nos Estados Unidos e da menor expansão da demanda global desde 2009. A Opep, que reúne os países produtores de petróleo, resiste em cortar a produção, apesar dos pedidos da Venezuela. A Arábia Saudita e outros países creem que a queda dos preços é passageira. Além disso, os investidores estão se antecipando ao aumento de juros nos EUA e saindo das commodities. MINÉRIO DE FERRO Os preços do minério de ferro também recuaram. A tonelada saiu de US$ 120 no início do ano para US$ 80. Segundo José Carlos Martins, diretor-executivo de ferrosos da Vale, houve um forte aumento de produção dos concorrentes na Austrália. Ele diz que as cotações devem se recuperar, mas não voltarão ao patamar anterior. É uma má notícia para a balança comercial. "A única saída para o Brasil não perder divisas é desengavetar projetos, que estão travados por restrições ambientais", diz Martins. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Nota da AJUFE NOTA À IMPRENSA DA AJUFE SOBRE A OPERAÇÃO LAVA JATO Publicado: Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) e a Associação Paranaense dos Juízes Federais (APAJUFE) - 13/10/14 | On Line 13/10/2014 A Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) e a Associação Paranaense dos Juízes Federais (APAJUFE), em razão das inúmeras declarações públicas de supostos “vazamentos” de informações sigilosas na denominada "Operação Lava Jato", esclarecem: Os processos judiciais, em regra, são públicos e qualquer pessoa pode ter acesso, inclusive às audiências, salvo nas hipóteses de segredo de justiça de acordo com as previsões legais dos artigos 5º, LX, e 93, IX da Constituição. A publicidade dos processos e das decisões judiciais visa exatamente a garantir o controle público sobre a atividade da Justiça. As 10 (dez) ações penais da “Operação Lava Jato” que tramitam na 13ª vara federal da Justiça Federal do Paraná não estão em segredo de justiça, inclusive a ação penal na qual foram realizados os interrogatórios dos acusados Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, entre outros réus. Por outro lado, os depoimentos prestados na fase de investigação e em decorrência da delação premiada encontram-se em segredo de justiça, sob a análise do Supremo Tribunal Federal, e não se confundem com as declarações prestadas ou que ainda serão prestadas na referida ação penal, que são de caráter público. Diante disso, declaramos total apoio e confiança no trabalho desenvolvido com zelo e responsabilidade pela Justiça Federal do Paraná a partir da investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal na denominada “Operação Lava Jato”. A AJUFE e APAJUFE não aceitam qualquer declaração que possa colocar em dúvida a lisura, eficiência e independência dos magistrados federais brasileiros. Antônio César Bochenek - Presidente da Ajufe Anderson Furlan - Presidente da Apajufe N. da R: Nossos grifos * Fonte primária: Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) e a Associação Paranaense dos Juízes Federais (APAJUFE) Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 PATRIMÔNIO DE EX-DIRETOR CRESCEU 340% No período em que esteve no cargo na Petrobras, Renato Duque, indicado pelo PT, adquiriu 4 imóveis em área nobre do Rio Executivo foi acusado por Paulo Roberto Costa de participar de esquema de corrupção na estatal; ele nega Publicado: Folha de São Paulo - 12/10/14 - Pág. 4 | On Line 12/10/2014 Raquel Landim, enviada especial ao Rio Renato Duque, ex-diretor da Petrobras indicado pelo PT, aumentou em 340% seu patrimônio em imóveis depois que assumiu o cargo na estatal. Ele, que morava com a família na Tijuca, bairro de classe média do Rio de Janeiro, adquiriu mais quatro apartamentos em áreas nobres da Barra da Tijuca, ampliou sua casa de campo e comprou duas salas comerciais em um prédio de alto padrão. Seu patrimônio imobiliário está avaliado hoje em R$ 12,5 milhões, acima dos R$ 2,85 milhões que valeriam os imóveis que possuía em 2002 a preços de mercado atuais. Duque ocupou a diretoria de Engenharia da Petrobras de janeiro de 2003 a abril de 2012. Levantamento feito pela Folha mostra que, a preços de mercado à época dos negócios, as aquisições comprometeram quase 60 % de sua renda no período, o dobro do razoável, dizem especialistas. 0Duque foi acusado pelo também ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de participar de esquema de corrupção na estatal. Ele nega e foi à Justiça contra o ex-colega. Graças aos altos salários pagos aos diretores na Petrobras, que ultrapassam os R$ 100 mil mensais hoje, Duque viu crescer seus rendimentos enquanto foi executivo da estatal. Segundo pesquisa feita pela reportagem na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão para o qual a Petrobras informa a remuneração de seus administradores, sua renda no período chegou a mais de R$ 8 milhões. Ele não confirma esse valor. Os apartamentos foram adquiridos ao longo do tempo e o ex-diretor também se beneficiou da expressiva alta do mercado imobiliário na Barra da Tijuca. Os valores que ele atribuiu a alguns imóveis, no entanto, são diferentes do que se praticava no mercado. De acordo com os valores declarados à Receita Federal e em escrituras registradas em cartórios do Rio, ele gastou cerca de R$ 3,29 milhões com os imóveis comprados após sua entrada na diretoria da estatal. Isso representaria 40% de sua renda. Considerando preços de mercado, os gastos sobem para R$ 4,65 milhões ou 56% do que ele recebeu. Nas contas de Duque, apenas 30% de sua renda foi comprometida, porque ele não inclui no cálculo as salas comerciais, que teriam sido compradas com recursos da consultoria que montou após sair da estatal. Ele, no entanto, não informou o faturamento da empresa. O levantamento dos valores dos imóveis foi feito pela Folha multiplicando a metragem das propriedades pelo valor do metro quadrado no site Zap Imóveis, além de consultas a cinco corretores. A aquisição dos três apartamentos no Jardim Oceânico, área nobre da Barra da Tijuca, chamam atenção. Em 2009, Duque se associou a uma pequena construtora que pertencia a um amigo para comprar um terreno e construir um prédio de três andares e cinco apartamentos. Naquele ano, ele fechou a compra da cobertura com cerca de 360 metros quadrados e oito vagas de garagem. Em 2010, acertou a aquisição de mais dois apartamentos de 170 metros quadrados cada para as duas filhas. O primeiro foi 85% pago na ocasião, mas o construtor aceitou receber o valor total do segundo apartamento quando a obra estivesse pronta em 2012. O ex-diretor diz ter pago R$ 1,2 milhão pela cobertura e R$ 400 mil por cada apartamento, totalizando R$ 2 milhões. Mas um levantamento dos preços em 2009 e 2010 indica que a cobertura valia R$ 1,7 milhão e os apartamentos R$ 830 mil cada, o que totalizaria R$ 2,86 milhões. O prédio tem mais dois apartamentos. Um deles foi adquirido pelo genro do construtor, também por R$ 400 mil, e outro pelo empresário Marcolino Belete. Ele disse à Folha ter pago R$ 800 mil por seu apartamento --o dobro do que Duque teria gasto. Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 O OUTRO LADO EXECUTIVO DIZ QUE BENS NÃO SÃO "NADA DEMIAS" Publicado: Folha de São Paulo - 12/10/14 - Pág. 4 | On Line 12/10/2014 do Rio Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, diz que comprometeu 30% de sua renda com a aquisição de imóveis para si e para os filhos no período em foi diretor da Petrobras. "Não é nada demais. Ainda tive dinheiro para comer", afirmou. Em entrevista no seu escritório na sexta-feira, Duque não quis comentar as acusações de Paulo Roberto Costa. Ele também diz que não é próximo do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, citado por funcionários da estatal como responsável por sua indicação para o cargo. Duque sustenta que pagou apenas R$ 2 milhões pelos três apartamentos na Barra e que os "custos de construção e aquisição" dos imóveis são diferentes. Admitiu, no entanto, que deve ter gasto mais para finalizar a obra. A reportagem consultou construtoras que trabalham com prédios na região e encontrou, inclusive, um empreendimento de tamanho similar ao que foi feito para o ex-diretor. Em todos os casos, o valor cobrado dos clientes ao final da construção é similar ao praticado no mercado para um imóvel pronto. "Fiz um péssimo negócio. Vendi na hora errada, quando o mercado estava começando a subir", disse José Mauro dos Santos Fonseca, dono da construtora Frecon, que realizou a obra do ex-diretor. Os dois eram amigos, mas romperam por divergências na construção do prédio. Ele diz não se lembrar do valor que teria sido pago pelo empresário Marcolino Belete, que possui um apartamento no mesmo prédio, mas reconhece que foi "um pouco acima". Belete pagou o dobro de Duque por um apartamento do mesmo tamanho. O ex-diretor não acredita que seu patrimônio imobiliário total chegue a R$ 12,5 milhões. "Se eu conseguisse R$ 9 milhões ou R$ 10 milhões, vendia tudo e me mudava para Portugal", disse. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: O Globo - País COSTA DIZ QUE TAMBÉM HAVIA CARTÉIS FORA DA PETROBRAS Ex-diretor afirma que prática ocorreu em contratos na Repar e em hidrelétricas "no Norte do país" Publicado: O Globo - 11/10/14 - Pág. 6 | On Line 11/10/2014 6:00 / Atualizado 11/10/2014 7:42 Germano Oliveira e Cleide Carvalho SÃO PAULO — O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse, em depoimento à Justiça Federal do Paraná, que empreiteiras que realizavam obras para a estatal pagavam propinas de 3% dos contratos para os partidos da base governista (PT, PP e PMDB) porque, segundo ele, temiam, em represália, ficar sem receber contratos em outras obras de outros ministérios ou estatais. — Se as empresas não pagassem as propinas na Petrobras, os partidos políticos não iriam ver isso com bons olhos — disse Costa, que não informou se as empresas pagariam propina em contratos de outras áreas. Ele afirmou que tentou, sem sucesso, ampliar o número de empresas a serviço da estatal: — Os interesses mútuos dos partidos, dos agentes públicos e das empresas, visavam não só a obras da Petrobras, mas também em hidrovias, ferrovias, hidrelétricas etc. A Petrobras até tentou quebrar esse cartel, mas, como eu já disse, o número de grandes empresas é de um grupo muito pequeno. Eu até tentei colocar empresas de menor porte nas obas, mas fui tachado de doido, de que eu iria quebrar a cara, porque algumas empresas não iriam dar conta. Algumas quebraram, como a Santa Barbara, a AIT e a Tenassi. Elas quebraram nos contratos com a Petrobras, mas outras foram em frente. Ao responder ao juiz Sérgio Moro se alguma empresa do cartel se recusou a pagar propina, Costa disse que “nunca aconteceu”. No depoimento, ele insinuou que havia influência dos partidos políticos também em outras obras do governo federal: — A cartelização funcionava na Petrobras e fora da Petrobras. Funcionou, por exemplo, na Repar (Refinaria do Paraná). Em Angra dos Reis e nas hidrelétricas do Norte do país. Primeiro, as empresas tinham interesses em outros ministérios, capitaneados pelos partidos políticos. As empresas que atuam na Petrobras são as mesmas que atuam em obras de ferrovias, rodovias, aeroportos, portos, usinas hidrelétricas, de saneamento básico, no Minha Casa Minha Vida. Ou seja, em todos os programas a nível de governo tem partidos políticos interessados. Costa disse que as grandes empreiteiras sabiam que o dinheiro da propina poderia servir para financiar campanhas políticas em 2010. Procurado, o Palácio do Planalto informou que não comentaria o assunto. Os advogados do engenheiro Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, entraram ontem com ação por crime contra a honra contra Costa no 9º Juizado Especial Criminal do Rio. Afirmam que Costa fez acusações falsas e sem apresentar provas de que Duque participasse de um esquema ilícito. CERVERÓ CONTESTA ACUSAÇÕES O advogado de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da estatal, informou que seu cliente deixou o cargo em 2008, antes do período investigado. No entanto, Costa disse que o esquema passou a funcionar em 2005. Disse ainda que Costa fez declarações “em condições de constrangimento” e que isso pode levar à invalidade das provas. Um relatório técnico da Polícia Federal esmiuçou números da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR), da refinaria Abreu e Lima, obra a cargo do consórcio CNCC, liderado pela Camargo Corrêa. Concluiu que o CNCC repassou pelo menos R$ 38,750 milhões a título de “comissão” pela obra da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR) da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O valor teria sido repassado por meio de uma fornecedora, a Sanko-Sider. Do valor foram descontados impostos e despesas, e R$ 27,7 milhões foram depositados em contas de empresas de fachada controladas pelo doleiro Alberto Youssef. Para a PF, o consórcio também levou vantagem. O lucro, que era de 9,96% do valor previsto no contrato original, com os aditivos que aumentaram o valor da obra chegou a 26%. * Fonte primária: O Globo Impresso + On Line Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2004 PMDB BARRA DEMISSÃO NA TRANSPETRO Dilma queria afastar Sérgio Machado, ma pemedebistas exigiram que tesoureiro nacional do PT também fosse afastado // Tanto Sérgio Machado como João Vaccari dizem que afirmações de Paulo Roberto e Youssef são calúnias Publicado: Folha de São Paulo - 11/10/14 - Pág. 4 | On Line 11/10/2014 02h00 Andréia Sadi, Valdo Cruz, de Brasília Pela manhã, conforme revelou a Folha, Dilma sinalizou a interlocutores que estava decidida a demitir Machado, uma indicação do PMDB que atua na estatal desde o governo Lula. Ele foi citado em depoimento de Paulo Roberto Costa à Justiça Federal como uma das pessoas que participavam do esquema de irregularidades na Petrobras. Paulo Roberto disse ter recebido R$ 500 mil do presidente da Transpetro. Segundo o ex-diretor, o pagamento foi referente à licitação de navios pela empresa para a área de abastecimento. Ameaçado, o PMDB, partido responsável pela indicação de Machado, montou uma verdadeira operação para segurar a demissão. Integrantes da cúpula do partido procuraram ministros de Dilma para defender a permanência do presidente da Transpetro no governo com dois argumentos. O primeiro é que, na avaliação do partido, exonerar somente Machado seria o mesmo que usar dois pesos e duas medidas''. O PMDB fez chegar à presidente que, se o seu apadrinhado fosse demitido, ela deveria cobrar de seu partido também a saída de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Tanto Costa como o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato, disseram à Justiça Federal que o tesoureiro petista era o responsável por receber os recursos desviados de obras da estatal que caberiam ao PT. Peemedebistas afirmavam ainda nos bastidores que a presidente corria o risco de virar refém das revelações de Costa e Youssef. Um deles disse que uma demissão hoje poderia levar a muitas outras no dia seguinte a depender do que fosse divulgado na imprensa de depoimentos da dupla envolvida em irregularidades na Petrobras. SEM PROVAS Além disso, o PMDB usou como segundo argumento que demitir o presidente da Transpetro, sem a apresentação de provas contra ele, seria o mesmo que dizer que os depoimentos do ex-diretor e do doleiro são totalmente verdadeiros, o que o PT tem contestado em público. Em sua defesa, assessores de Dilma afirmam que a presidente não tem ingerência sobre o PT e não poderia exigir a demissão de Vaccari. Caso demitisse Sérgio Machado estaria fazendo sua parte. A presidente, porém, desistiu de demitir o presidente da subsidiária da Petrobras para não criar mais uma crise com o PMDB logo no início do segundo turno. Na avaliação da cúpula da campanha dilmista, abrir uma crise com o principal aliado num momento delicado da campanha eleitoral poderia ser um tiro no pé. Dilma começou, segundo as pesquisas, numericamente dois pontos percentuais atrás de Aécio Neves. Para tentar blindar o Palácio do Planalto da crise, assessores afirmavam que a expectativa era que tanto Vaccari como Machado pedissem demissão de seus cargos. A estratégia de demitir Machado foi pensada como uma forma de a presidente reeditar a imagem de faxineira'' intolerante com a corrupção, que rendeu ao governo altos índices de aprovação no começo do mandato de Dilma. Interlocutores da petista defenderam que ela aguarde pelo menos os próximos dias antes de tomar uma decisão. Tanto Sérgio Machado como João Vaccari afirmam que são "caluniosas" as afirmações de Paulo Roberto e Youssef. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2004 COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA Segundo depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, que colaboram com as investigações na Justiça Publicado: Folha de São Paulo - 11/10/14 - Pág. 4 | On Line 11/10/2014 02h00 Eduardo Asta/Editoria de Arte Ver ampliado * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2004 EX-DIRETOR DA PETOBRAS ATUOU PARA CANDIDATO DO PT NO RIO Paulo Roberto Costa recebeu de Lindbergh Farias a missão de capturar doações de empreiteiras Petista disse que Costa tratou com sua companhia da elaboração do programa de governo Publicado: Folha de São Paulo - 11/10/14 - Pág. 1 | On Line 11/10/2014 02h00 Leonardo de Souza, do Rio O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa trabalhou para o senador Lindbergh Farias (PT) na eleição deste ano para o governo do Rio e recebeu como uma de suas incumbências pedir doações a empreiteiras em nome do candidato. Trata-se do primeiro caso concreto da participação de Costa numa campanha política do PT com a tarefa de arrecadar recursos. Costa e o doleiro Alberto Youssef fizeram acordo de delação premiada e prestaram depoimento à Justiça Federal na quarta-feira (8). Deflagrada em março pela Polícia Federal, a Operação Lava Jato investiga esquema de lavagem que teria movimentado R$ 10 bilhões. Segundo a PF, uma "organização criminosa" atuava na Petrobras. Nos depoimentos, os dois disseram que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, intermediava os recursos desviados de obras da estatal para o partido. Na citação a Vaccari, contudo, eles não fizeram menção a campanhas políticas. Na operação, a PF apreendeu na casa de Costa uma planilha manuscrita com os nomes de empresas, a maioria empreiteiras que prestam serviços para a Petrobras. Na planilha, havia anotações sobre a colaboração para uma campanha, mas sem menção ao nome do político. No depoimento desta quarta, Costa foi questionado pelas autoridades sobre do que se tratava a planilha apreendida em sua casa. Ele contou que, no início deste ano, foi procurado por um candidato ao governo do Rio. Pelo acordo de delação, Costa não podia mencionar nomes de políticos com foro privilegiado no depoimento da quarta. A Folha apurou que Costa se referia a Lindbergh. Por meio de sua assessoria, o petista confirmou que Costa participou de três reuniões de sua campanha, mas, segundo ele, somente para tratar da elaboração do programa de governo na área de óleo e gás. No depoimento, Costa realmente disse que foi procurado por um candidato para participar de seu programa de governo na área de energia. Contudo, o ex-diretor da Petrobras informou que, numa das reuniões, foi lhe entregue uma lista com o nome de empreiteiras que poderiam contribuir. "Eu participei eu acho que de umas três reuniões com esse candidato lá do Rio de Janeiro, como outras pessoas também participaram. E foi listada uma série de empresas que podiam contribuir com a campanha para o cargo político que ele estava concorrendo. E essa planilha foi, então, encontrada na minha casa", disse Costa. Num primeiro momento, Costa negou que houvesse sido procurado para intermediar contribuições. Mas logo em seguida disse que recebeu um pedido para que fizesse contato com as empresas. "Foi solicitado que houvesse a possibilidade de que essas empresas participassem da campanha. Foi isso, era uma candidatura para o Rio." PLANILHA Na planilha apreendida na casa do ex-diretor da Petrobras, havia anotações sobre como seis empresas vinham se comportando em relação a contribuições para a campanha: Mendes Júnior, UTC/Constran, Engevix, Iesa, Hope RH e Toyo/Cetal. Em três casos (UTC/Constran, Engevix e Hope), há menção de que as empresas iriam colaborar ou aumentar a contribuição a pedido de "PR", iniciais de Paulo Roberto Costa. No pé da planilha, há também a anotação do nome Garreta, precedido de um asterisco. A OAS aparece também precedida de um asterisco. O marqueteiro Valdemir Garreta, que há anos trabalha para campanhas de petistas, foi contratado por Lindbergh para cuidar da produção de sua campanha na TV e para prestar assessoria de imprensa. Segundo a Folha apurou, a empresa de Garreta também presta assessoria à construtora OAS. No depoimento, Costa mencionou os nomes das empresas com as quais mantinha contato. "Ele me contratou para fazer o programa de energia e de infraestrutura. Listou uma série de empresas, algumas que eu tinha contato, outras não. Hope RH, eu nunca tive contato. Mendes Júnior conheço, UTC conheço, Constran nunca tive contato, Engevix conheço, Iesa conheço, Toyo Setal conheço." Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2004 O OUTRO LADO SENADOR PETISTA NEGA QUE COSTA TENHA PARTICIPADO DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS Publicado: Folha de São Paulo - 11/10/14 - Pág. 1 | On Line 11/10/2014 02h00 do Rio O senador Lindbergh Farias, candidato derrotado ao governo do Rio pelo PT na eleição deste ano, confirmou por meio de sua assessoria que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa participou da preparação de seu programa de governo. Lindbergh negou, contudo, que Costa tenha participado da captação de doações. "Em janeiro de 2014, Paulo Roberto Costa esteve em três reuniões de preparação do programa de governo. Nessas ocasiões, tão somente discutiu com especialistas propostas para a área em que detinha conhecimento, a de óleo e gás", afirmou a assessoria de Lindbergh. "Não se pode confundir isso com as atividades ilícitas do ex-diretor posteriormente reveladas pela chamada Operação Lava Jato." Procurada pela Folha, a Mendes Júnior não se manifestou. A Hope RH informou que não fez doação para a campanha de Lindbergh. A Engevix informou que, "irá contribuir com as investigações, prestando todos os esclarecimentos necessários". "Todas as contribuições eleitorais da UTC são feitas dentro dos limites estabelecidos e na forma da lei", informou a empresa. A Folha não conseguiu contato com a Iesa e com a Toyo/Cetal. Em sua prestação de contas à Justiça eleitoral, não há doações diretas dessas empresas para Lindbergh. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: O Globo - País QUEM SÃO OS EXECUTIVOS DE EMPREITEIRAS COM QUEM PAULO ROBERTO DISSE NEGOCIAR Publicado: O Globo - 10/10/14 - Pág. 8 - Impresso | On Line Márcio Faria da Silva Márcio Faria da Silva Ele e Rogério Araújo são diretores da área de engenharia industrial e também ex-integrantes do Conselho de Administração da Odebrecht Óleo e Gás, na época presidido por Marcelo Odebrecht. Na empresa, Araújo encaminhava pedidos para inclusão da construtora em processos licitatórios do tipo carta-convite, realizados pela Petrobras. Procurados por meio de assessoria, não quiseram se manifestar. Gerson Almada Executivo da Engevix. Segundo o depoimento de Costa, “tinha conhecimento da remuneração”, no caso, a propina para obter contratos. Assina em nome da Engevix contratos e aditivos com a Petrobras, além de se apresentar como representante da empresa em licitações. É citado em agenda do ex-diretor da Petrobras apreendida pela polícia, com a inscrição: "Já teve conversa com o candidato. Vai colaborar a pedido do PR". Procurado, não quis se manifestar. Paulo Dalmazzo Diretor de Óleo e Gás da Andrade Gutierrez entre 2010 e 2013. Não atua mais na empresa. Em entrevista ao GLOBO, em julho deste ano, disse manter contato com Paulo Roberto Costa, mas negou ter tratado de propina com ele. Ao ser perguntado sobre a possibilidade de haver irregularidades na Petrobras, respondeu: "Pode acontecer tudo. Você pode ter que pagar o guarda para livrar seus pontosna carteira. Esse é o Brasil de hoje". Ildefonso Colares Filho Executivo da Queiroz Galvão. Quando era diretor da construtora, assinou em nome dela contratos e aditivos de contratos com a Petrobras, entre eles os referentes às obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), um dos maiores projetos da estatal. Segundo Costa, ele “tinha conhecimento da remuneração”, no caso, da propina para obter para obter contratos. Procurado por meio de sua assessoria, não quis se manifestar. Sérgio Cunha Mendes Vice-presidente executivo da Mendes Júnior, foi convocado para prestar esclarecimentos na CPI da Petrobras. É citado em agenda de Costa apreendida pela PF com a anotação: “Está disposto a colaborar. Iria falar com executivos para saber se já ajudaram em algo”. A empresa disse que “não se pronuncia sobre processo em andamento”. Erton Medeiros Fonseca Ex-presidente da Divisão Óleo e Gás da Galvão e atual presidente da divisão de Engenharia Industrial. Assinou, em nome da Galvão Engenharia, aditivos de contratos da empresa com a Petrobras, na condição de diretor. Segundo Costa, “tinha conhecimento da remuneração”, no caso, propina para obter contratos. Não se manifestou. Eduardo Hermelino Leite Vice-presidente da Camargo Corrêa. Segundo Costa, também “tinha conhecimento da remuneração”, no caso, do pagamento de propina. Em mensagens de Alberto Youssef interceptadas pela PF, é citado como “Leitoso”. A Camargo é líder do consórcio que constrói a refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. A Camargo disse que repudia as acusações. Leo Pinheiro Presidente da construtora OAS. Segundo o depoimento de Costa, “tinha conhecimento da remuneração”, no caso, pagamento de propina, para obtenção de contratos. Com frequência, representa a OAS em audiências com autoridades públicas. Procurado por meio da empresa, não quis se manifestar. Ricardo Ribeiro Pessôa Sócio-proprietário da UTC Engenharia, assina em nome da empresa contratos, aditivos e e negociações com a Petrobras. Segundo o depoimento de Costa, “tinha conhecimento da remuneração”, no caso, do pagamento de propina, para obtenção de contratos na estatal. É citado na agenda do ex-diretor da Petrobras apreendida pela polícia, com a inscrição: “Já está colaborando, mas vai intensificar para a campanha a pedido de PR”. Márcio Andrade Bonilho Dono da Sanko-Sider, fornecedora de tubos de aço para fornecedores da Petrobras. Teve uma conversa com o doleiro Alberto Youssef, interceptada pela PF. Também foi investigado pela PF em 2008, na Operação João de Barro, que investigou irregularidades em obras do PAC. Era suspeito de pagar propina a um funcionário público, mas foi inocentado. Não foi localizado. Júlio Camargo Executivo da empresa Toyo Setal, é citado em agenda de Costa apreendida pela polícia, com a inscrição: “Começa a ajudar a partir de março”. Segundo o depoimento do ex-diretor da Petrobras, “tinha conhecimento da remuneração”, no caso, do pagamento de propina para obter contratos com a Petrobras. A empresa não retornou as ligações do GLOBO. Representantes das empresas Jaraguá Equipamentos e Iesa Óleo e Gás também foram denunciados por Paulo Roberto Costa. No entanto, os nomes dos executivos não foram citados neste depoimento. ________ Representantes das empresas Jaraguá Equipamentos e Iesa Óleo e Gás também foram denunciados por Paulo Roberto Costa. No entanto, os nomes dos executivos não foram citados neste depoimento (de 09/10/2014). * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - País PT AFIRMA REPUDIAR "DECLARAÇÕES CALUNIOSAS"; ESTATAL SE DIZ VÍTIMA Empreiteiras também negam participação no esquema de corrupção Publicado: O Globo - 10/10/14 - Pág. 8 - Impresso | On Line Diante das denúncias, a resposta de partidos, empresas, políticos e empresários foi uma só. Todos negaram participação no esquema denunciado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef. Em nota oficial, o PT informou que "repudia com veemência" as declarações que considerou caluniosas. "O PT desmente a totalidade das ilações de que o partido teria recebido repasses financeiros originados de contratos com a Petrobras", diz o documento, assinado pelo presidente nacional do partido, Rui Falcão. Na nota, o PT diz ainda estranhar o vazamento dos depoimentos, e lamenta que estejam sendo valorizadas as palavras de um investigado, "em detrimento de qualquer indício ou evidência comprovada". Em evento ontem à noite, o ex-presidente Lula, sem citar o escândalo, disse: - Nenhum petista pode abaixar a cabeça para denúncias de corrupção. E não precisam provar, é só insinuar. Estou de saco cheio disso acontecer em todas as eleições. Também em nota, a Petrobras afirmou ontem ser "vítima" do processo que investiga o suposto esquema de pagamento de propina na estatal. A estatal diz na nota que está colaborando com as autoridades que investigam o caso. "A Petrobras reforça (...) que está sendo oficialmente reconhecida por tais autoridades como vítima nesse processo de apuração". Segundo a nota, a Petrobras "reitera enfaticamente que manterá seu empenho em continuar colaborando com as autoridades para a elucidação dos fatos". A secretaria nacional de Finanças do PT saiu em defesa do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Segundo a secretaria, o petista "nunca tratou sobre contribuições financeiras do partido, ou de qualquer assunto, com o senhor Paulo Roberto Costa". A nota diz ainda: "Diante de tantas acusações infundadas, o secretário de Finanças vai processar civil e criminalmente aqueles que têm investido contra sua honra e reputação". As empreiteiras também reagiram. Por meio de nota, a diretoria da Andrade Gutierrez informou que considera "pouco tempo" os três anos em que o executivo Paulo Dalmazzo trabalhou na empresa, como diretor de Óleo e Gás. "Por atuar no setor, era natural que mantivesse contatos de trabalho com funcionários da Petrobras". A assessoria da empresa afirma que, em seu depoimento, Alberto Youssef afirmou "categoricamente que não tinha qualquer contato com a Andrade Gutierrez ou qualquer um de seus executivos". No texto, a empresa diz que "não tem ou teve qualquer envolvimento com os fatos relacionados com as investigações em curso e entende que o contexto das citações em que aparece o nome da empresa reforça esse posicionamento". "ALEGAÇÕES CALUNIOSAS E INSIUAÇÕES" Em nota, a Odebrecht informou que "nega veementemente as alegações caluniosas feitas pelo ex-diretor da Petrobras e por doleiro réu no mesmo caso" e disse repudiar "insinuações feitas a partir de menções de seus integrantes como sendo contatos do ex-diretor da Petrobras para supostas operações ilegais". A empresa confirma que os executivos citados tiveram contato com Costa, bem como com outros "diretores, ex-diretores e membros do corpo técnico da Petrobras", para tratar de assuntos "estritamente profissionais, relacionados à execução de projetos para os quais a empresa foi contratada pela estatal". E completa: "A Odebrecht mantém, há décadas, contratos de prestação de serviços com a Petrobras, todos conquistados de acordo com a lei de licitações públicas". A empresa disse estar "à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento". Já a Camargo Corrêa informou que a construtora repudia as acusações contidas no depoimento. "A contratação da Costa Global ocorreu após a saída do ex-executivo da empresa". A Mendes Júnior, por meio da assessoria, informou que a empresa não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento. A Queiroz Galvão informou que desconhece o teor dos depoimentos e reafirmou que sua atuação no mercado atende rigorosamente à legislação. O Consórcio CNCC, liderado pela Camargo Corrêa, disse em nota: "Em relação aos referidos depoimentos, o CNCC repudia as acusações sem prova contra o consórcio e seus executivos. O contrato em questão foi conquistado por licitação pública de menor preço. O Consórcio CNCC reafirma ainda que não realizou nenhum pagamento ao senhor Alberto Youssef nem a qualquer de suas empresas e não pode responder por pagamento de terceiros". A Engevix respondeu também por escrito: "A Engevix informa que, por meio dos seus advogados, já se colocou à disposição das autoridades e irá contribuir com as investigações, prestando todos os esclarecimentos necessários". Galvão Engenharia, UTC e OAS não responderam aos pedidos da reportagem. Já a UTC informou que não se manifestaria. O GLOBO não conseguiu localizar dirigentes da Toyo Setal. A Transpetro, por meio de nota à imprensa, também negou as acusações. "O presidente da Transpetro, Sergio Machado, nega com veemência as afirmações feitas a seu respeito pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. As acusações são mentirosas e absurdas. Machado faz questão de ressaltar o seu estranhamento com o fato de que as declarações estejam sendo divulgadas em pleno processo eleitoral". Sobre o envolvimento de seu nome, José Eduardo Dutra informou: - Os depoimentos realizados ontem (anteontem) foram acompanhados pelo doutor Carlos Fontes, advogado da Petrobras, que constatou que meu nome foi citado uma única vez pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa no contexto de "indicações políticas para diretoria da Petrobras", não tendo havido posteriormente qualquer citação ao meu nome em irregularidades investigadas pela operação. * Fonte primária: O Globo Impresso Fonte: O Globo - País COSTA: SEMPRE HOUVE INDICAÇÃO POLÍTICA PARA AS DIRETORIAS Delator cita gestões de Sarney, Collor, Itamar, FH e Lula, mas diz que esquema de propina iniciou em 2005 Publicado: O Globo - 10/10/14 - Pág. 7 - Impresso | On Line Germano Oliveira e Cleide Carvalho São Paulo - O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em depoimento à Justiça Federal do Paraná, que o esquema de propina na estatal começou em 2005, mas que a prática de partidos fazerem indicações para as diretorias da Petrobras vem, pelo menos, desde o governo Sarney. - As diretorias da Petrobras, seja nos governos Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique Cardoso, ou nos governos Lula, sempre foram feitas por indicações políticas. Eu fui indicado pelo deputado José Janene (PP-PR, morto em 2010 de câncer). Quando fui indicado, nem o conhecia. De todos os presidentes desde a redemocratização do país, em 1985, Costa só não citou a presidente Dilma Rousseff. O juiz Sérgio Moro o advertiu, logo no início do depoimento, que ele não deveria citar o nome de nenhum político ou autoridade no exercício do cargo para não se entrar em conflito com o Supremo Tribunal Federal (STF), que vai investigar os políticos com foro privilegiado. - Os nomes surgirão na hora apropriada - disse o juiz Moro a Costa na abertura dos depoimentos: - Não estamos tratando de pessoas com foro privilegiado, pois quem trata disso é o STF. Portanto, eu vou pedir ao senhor que não decline nomes de políticos ou autoridades - repetiu o juiz a Costa e também ao doleiro Alberto Yousseff, que passaram a tarde de anteontem depondo na 12º Vara Federal do Paraná, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato. Procurados pelo GLOBO, os ex-presidentes não se pronunciaram sobre as acusações do ex-diretor da Petrobras. A assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, "por ora" ele não se pronunciaria. A assessoria do ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP) disse que ele estava em viagem para o Maranhão e que não havia conseguido contato com ele. A assessoria do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não deu retorno ao e-mail enviado pelo GLOBO. O ex-presidente Fernando Collor de Mello não atendeu aos telefonemas do repórter. Além de altas somas em subornos recebidos na Petrobras, Costa também confessou ter recebido propinas da Transpe tro, uma das subsidiárias da maior estatal brasileira: - Recebi uma parcela de R$ 500 mil. Quem me pagou foi o Sérgio Machado, presidente da Transpetro, em 2009 ou 2010, não lembro direito o ano. Da Transpetro recebi numa única oportunidade (por conta de) contratação de alguns navios pela Transpetro. O dinheiro me foi entregue no meu apartamento no Rio de Janeiro. DINHEIRO DE EMPREITEIRAS Mesmo depois de ter deixado a Petrobras, em abril de 2012, Costa continuou recebendo propinas das empreiteiras, pagas pelo doleiro Alberto Youssef, responsável por fazer os contatos junto às empresas, movimentar o dinheiro e providenciar os pagamentos dos subornos. Costa recebeu, ainda, R$ 3 milhões da construtora Camargo Corrêa, dos quais apenas R$ 100 mil, segundo ele, foram pagamentos por serviços de consultoria efetivamente prestados. Os R$ 2,9 milhões restantes eram propina. * Fonte primária: O Globo Impresso Fonte: O Globo - País JOÃO VACCARI: DE BANCÁRIO A DONO DO CAIXA QUE FOI DE DELÚBIO Um dos fundadores da CUT, o tesoureiro do PT já teve que responder à acusação de desviar recursos da Bancoop, a cooperativa habitacional dos bancários, para alimentar um caixa dois no partido Publicado: O Globo - 10/10/14 - Pág. 8 - Impresso | On Line 10/10/2014 6:00 / Atualizado 10/10/2014 10:15 Tatiana Farah SÃO PAULO - João Vaccari Neto não costuma ser contestado. O tesoureiro do PT dá a última palavra sobre o destino do dinheiro do partido e tem grande capacidade de arrecadação, o que lhe confere muito poder nos bastidores da legenda. Só nas eleições deste ano, o PT declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter arrecadado R$ 66,4 milhões. (Veja o infográfico do 'organograma da corrupção') A denúncia do ex-diretor Paulo Roberto Costa não é a primeira que envolve o nome do secretário petista. Em 2010, quando assumiu a secretaria de finanças do PT, Vaccari foi chamado ao Senado para explicar denúncias de que teria usado recursos da Bancoop, cooperativa habitacional dos bancários, para alimentar um caixa dois no PT. Vaccari presidiu a entidade de 2004 a 2010 e, durante sua gestão, a Bancoop também foi acusada, em inúmeros processos movidos por cooperados, de não cumprir os contratos para aquisição de imóveis. A cooperativa encerrou suas atividades. Na ocasião, João Vaccari negou todas as denúncias, assim como agora, no caso da Petrobras. Vacinado com o escândalo do mensalão, que envolvia diretamente Delúbio Soares, o tesoureiro da legenda na época das eleições do ex-presidente Lula, o PT decidiu, em 2010, na campanha da presidente Dilma Rousseff, manter separadas as finanças do PT e da campanha. O mesmo sistema foi utilizado nas atuais eleições: Vaccari arrecada para o PT e o deputado Edinho Silva, para a campanha de Dilma. O tesoureiro petista tem origem sindical, assim como Delúbio, e faz parte da mesma tendência de Delúbio, de Lula e dos ex-deputados José Dirceu e José Genoino, a Construindo um Novo Brasil (CNB), a maior dentro do partido. Foi indicado para dirigir as finanças petistas em 2010 pelo ex-presidente da legenda e ex-presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra. É também muito ligado ao ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, já que os dois construíram suas carreiras como bancários, assim como o ex-ministro Luiz Gushiken, já falecido. Vaccari foi fundador da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e presidiu o Sindicato dos Bancários nos anos 1990. É lembrado ainda hoje em um imenso painel fotográfico no auditório do sindicato, em que aparece em um carro de som comandando grevistas. Discreto, o ex-bancário evita a imprensa e as conversas de corredor durante as reuniões do diretório nacional petista. Vaccari tem 55 anos e começou a vida sindical aos 20 anos, depois de ingressar no extinto Banespa. * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - País DIRCEU INDICOU DIRETOR DA ESTATAL, AFIRMA COSTA Ex-chefe da Casa Civil seria responsável por nomear Renato Duque Publicado: O Globo - 10/10/14 - Pág. 6 - Impresso | On Line SÃO PAULO - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que, assim como ele, o então diretor de Serviços da Petro-bras, Renato Duque, recebia propinas do esquema de cor-rupção na empresa. Segundo Costa, Duque foi colocado na diretoria pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, "que tinha ligação com o tesoureiro do PT, João Vaccari" (que seria responsável pelo recebimento das propinas de até 3% dos contratos da Petrobras). Costa disse, ainda, que o ex-diretor da área Internacional Nestor Cerveró também recebia propinas. Cerveró é acusado também no envolvimento da compra superfaturada da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Quando o juiz lhe pergun-tou se as propinas de 3% também eram pagas em outras diretorias da Petrobras, além da área de Abastecimento, Costa citou Dirceu. Dirceu, por meio de sua as- sessoria, afirmou que não indicou Renato Duque para a direção da Petrobras. - Dentro da área de Serviços havia recebimento de propinas e lá tinha o diretor Renato Duque, indicado na época pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu, e ele tinha essa ligação com o João Vaccari dentro desse processo do PT. Quem recebia as propinas pelo PMDB, segundo Costa, era o lobista Fernando Soares, conhecido por "Fernando Baiano" O PMDB é aliado do governo petista. - Sobre Duque e Cerveró, era claro que sim (recebiam os 3%). Os contatos com as empreiteiras eram feitos pelo Youssef, que recebia os pagamentos das empresas. As empresas faziam depósitos para Youssef. Como se processava o esquema, eu não tenho detalhes. Ele (Youssef) repassava para mim os meus valores e, para os políticos, os valores dos políticos - disse Costa. O ex-diretor de Abasteci-mento da Petrobras deu deta-lhes de como ele passou a operar depois que deixou a Petrobras. Segundo disse em seu depoimento, ele começou a realizar contratos com "taxas de sucesso" de 5% com fornecedores da Petrobras. * Fonte primária: O Globo Impresso Fonte: O Globo - País DOLEIRO CITA DUAS REUNIÕES COM TESOUREIRO DO PT Youssef diz que propinas eram negociadas "contrato a contrato"; segundo Costa, agenda lista políticos do esquema Publicado: O Globo - 10/10/14 - Pág. 6 | On Line 10/10/2014 6:00 / Atualizado 10/10/2014 10:14 Cleide Carvalho / Germano Oliveira SÃO PAULO - O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, contaram em depoimento à Justiça Federal do Paraná detalhes de como o dinheiro das fornecedoras da Petrobras migraram para o caixa dois do PT, PMDB e PP e abasteceram suas campanhas políticas em 2010. Segundo ele, cada diretoria tinha um operador indicado pelo partido de mando. Até agora, foram identificadas 13 empresas que pagaram ou repassaram, a pedido de empreiteiras, dinheiro de suborno destinados a políticos. Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, UTC Engenharia, Mendes Junior, Engevix, Toyo Setal, Jaraguá Equipamentos Industriais, Iesa e Sanko Sider são citadas nas investigações. (Veja o infográfico do 'organograma da corrupção') Segundo Youssef, ele operava apenas o dinheiro da diretoria de Abastecimento e soube por empreiteiras e pelos próprios operadores do esquema nas demais áreas. O doleiro disse que se reuniu pelo menos duas vezes com João Vaccari, tesoureiro do PT, que atuava como “operador” da diretoria de Serviços, área que recebia 2% do valor dos contratos da diretoria de Abastecimento, além dos 3% integrais dos contratos que ela própria firmava. Perguntado se o pagamento da comissão era informado para as empreiteiras, Youssef foi categórico. — Era bem colocado, sim, muito bem colocado. Era negociado contrato a contrato — disse, acrescentando que se não pagassem havia ingerência política e do próprio diretor da área, “de forma que ela não faria a obra”. A maioria das empresas que pagou suborno emitiu notas para empresas de fachada criadas por determinação de Youssef, como Rigidez, GDF e RCI, ou que vendiam notas frias para o esquema, como a MO Consultoria, de Waldomiro Diniz, que cobrava 14,5% do valor das faturas. Depois de passar pelas empresas de fachada, o dinheiro era distribuído aos beneficiários. — O que era de Brasília ia para Brasília, o que era de Paulo Roberto Costa ia para Paulo Roberto Costa, no Rio de Janeiro — afirmou Youssef, o responsável pelos pagamentos, inclusive de Costa, que recebia o dinheiro vivo em entregas a um de seus dois genros. Em seu depoimento, Paulo Roberto Costa afirmou que uma agenda apreendida pela Polícia Federal em sua residência tem uma tabela onde consta que ele pagou R$ 28,5 milhões para sete políticos do PP. Um dos beneficiados foi João Pizzolatti, do PP de Santa Catarina, que recebeu R$ 5,5 milhões. Ele não foi encontrado ontem. Acusado de ser o mentor da organização criminosa, Youssef afirmou que o operador inicial do esquema era o deputado José Janene, que se encarregava de fazer a distribuição do dinheiro entre os políticos até 2010. — Não fui o criador desta organização. Eu simplesmente fui uma engrenagem para que se pudesse haver recebimento e pagamento a agentes públicos. Perguntado se a divisão do dinheiro costumava ser variável, o doleiro disse que não. Segundo ele, os percentuais sempre foram os mesmos e também a divisão era feita de acordo com "o cronograma". Apesar de os percentuais sobre os valores dos contratos serem variáveis e passíveis de serem negociados pelas empresas, o percentual destinado aos agentes políticos era fixo. Youssef se mostrou surpreso com a informação de que o PT, na diretoria de Serviços, recebia um percentual de 2%, maior do que o destinado ao PP, de 1%. — Se ele (Paulo Roberto Costa) está dizendo que era 2%, ele sabe mais do que eu — comentou. Paulo Roberto Costa durante depoimento na CPMI da Petrobras - Agencia O Globo / AILTON DE FREITAS/17.09.2014 A cada licitação da Petrobras, detalhou, as empresas entregavam a Costa uma lista das empresas que participariam do certame e quem seria a vencedora. O então diretor se encarregava de entregar ao doleiro. Das empreiteiras envolvidas no esquema da Petrobras, a Camargo Corrêa era a única que não repassava dinheiro diretamente para as contas de empresas abertas pelo doleiro Alberto Youssef ou que vendiam notas fiscais para sustentar o esquema. Youssef contou à Justiça Federal que a empreiteira , que lidera o consórcio responsável pelas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, utilizava empresas subcontratadas para fazer o repasse. Uma delas foi a Sanko-Sider, fornecedora de tubos. Contratada pelo consórcio, a empresa teve de incorporar em sua contabilidade os valores a serem repassados aos agentes políticos. Ou seja, a Camargo Corrêa repassava o valor da propina para a Sanko-Sider e a empresa depositava nas contas das empresas indicadas pelo doleiro Alberto Youssef. O doleiro foi além. Disse ainda que dois dos executivos da Camargo Corrêa também recebiam dinheiro do esquema. Ou seja, eram beneficiados pelas propinas. Youssef disse que ele próprio fazia os pagamentos. — Eu pagava em dinheiro vivo. Ele retirava no meu escritório — contou. Youssef disse que conheceu o sócio da Sanko-Sider, Márcio Bonilho, e que a empresa estava em dificuldades financeiras. Ele teria então passado a apresentar a empresa para fornecedoras da Petrobras, para que pudesse se recuperar. A cada contrato obtido, a Sanko-Sider pagava uma comissão ao doleiro. Um destes contratos foi para que a empresa fornecesse para o consórcio CNCC, liderado pela Camargo Corrêa e responsável pelas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. — Devido ter feito o fornecimento, foi pedido à Sanko que repassasse o dinheiro, para que pudessem pagar os agentes públicos e Paulo Roberto Costa. A Camargo Corrêa, segundo ele, teria pagado aos políticos percentual mais alto do que os 3% comuns aos demais contratos. Segundo ele, os políticos receberam 10% do valor pago por cada tubo de aço usado na refinaria de Pernambuco. O papel do doleiro, segundo ele próprio, era emitir notas fiscais, por meio de várias empresas, para os fornecedores da Petrobras. No caso de pagamentos feitos fora do país, seu trabalho era internalizar o dinheiro. Pelo menos duas empresas, a Odebrecht e a Toyo Setal, pagaram as comissões destinadas aos políticos no exterior e o doleiro se encarregou de internalizar o dinheiro, em reais. OUTROS DOLEIROS ENVOLVIDOS O doleiro afirmou que, além dele, também atuavam no esquema a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, Leonardo Meirelles, sócio da Labogen, e Carlos Rocha — os três foram indiciados em processos abertos com base na Operação Lava Jato. O esquema da propina da Petrobras, segundo ele, incluía também o setor de navios que atuam com a empresa Paulo Roberto Costa afirmou à Justiça que chegou a indicar empresas de menor porte para participar de licitações na Petrobras. Ele disse que essa era uma forma de tentar quebrar o cartel das grandes empresas. — Parece um pouco de demagogia, mas eu fiz isso. Diziam para mim, “você vai quebrar a cara, essas empresas não vão dar conta”. Algumas empresas faliram, outras foram em frente. As empresas do cartel ficaram zangadas — disse Costa. Costa confessou que os R$ 23 milhões depositados em contas suas e de seus parentes na Suíça são oriundas de propinas pagas por fornecedores da Petrobras e reafirmou que devolverá o dinheiro aos cofres públicos. Confessou ainda à Justiça que tem mais dinheiro no Royal Bank of Canada, nas Ilhas Cayman, mas não citou os valores. — Vou devolver o dinheiro. São vantagens indevidas de propinas na Petrobras — disse o ex-diretor, que devolverá ainda uma lancha e um terreno em Mangaratiba, no Rio. * Fonte primária: O Globo Impresso // Marinha do Brasil-Sinopse On Line Fonte: O Globo - País ORGANOGRAMA DA CORRUPÇÃO Delatores detalham como funcionava esquema que abasteceu campanhas de PT, PP e PMDB Publicado: O Globo - 10/10/14 - Pág. 3 | On Line 10/10/2014 0:00 / Atualizado 10/10/2014 8:59 por EDITORIA DE ARTE / O Globo Ver ampliado Organograma da corrupção Delatores detalham como funcionava esquema que abasteceu campanhas de PT, PP e PMDB Publicado: O Globo - País - 10/10/14 - Pág. 3 | On Line Marinha do Brasil - Sinopse Cleide Carvalho e Germano Oliveira O áudio dos depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e do doleiro Alberto Youssef à Justiça Federal, ao qual o GLOBO teve acesso, revela em detalhes o loteamento político e a sangria de recursos imposta à estatal. O esquema de corrupção, disseram, era chefiado pelo PT, que arrecadava a maior parte das propinas. Segundo Youssef, o esquema vingou porque o presidente Luíz Inácio Lula da Silva cedeu à pressão de políticos para emplacar o nome de Costa, uma indicação do deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010, entre os diretores da estatal. Para forçar Lula a ceder, esses "agentes políticos", segundo Youssef, trancaram a pauta do Congresso por 90 dias, no primeiro semestre de 2004. O esquema de propina delatado por eles entrou em vigor em setembro de 2005, cerca de dois meses depois do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciar o mensalão. - Na época, o presidente Lula ficou louco (com a obstrução parlamentar) e teve de ceder e empossar Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento - disse Youssef. O PT cedeu na Diretoria de Abastecimento, mas ficou sozinho com três das cinco diretorias que, segundo Costa, superfaturavam contratos da estatal em até 20% para retirar um percentual de 2% a 3% para os políticos. O ex-diretor afirmou que o PT comandava o esquema de propina nas diretorias de Serviços, Exploração e Produção e Petróleo e Gás, abocanhando sozinho a comissão. Na Diretoria de Abastecimento, o PT ficava com 2% e o PP e o PMDB dividiam o 1% restante. Já a Diretoria internacional era comandada pelo PMDB. Graças à delação premiada de Costa, acompanhada por Youssef, a Justiça detalhou o funcionamento do esquema na Diretoria de Abastecimento. Costa era o negociador dos contratos, com poder de vetar qualquer um que ferisse o interesse dos políticos do PP. Na maioria das vezes, recebia pronta a lista das empresas que participariam das licitações e o nome da futura vencedora. Os valores da negociata e da propina eram discutidos em reuniões, com participação dos "agentes políticos" ou de seus representantes. Pelo PT, negociava João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, e pelo PMDB, o lobista Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano". Pelo PP, até 2010, o responsável era o deputado José Janene. Com sua morte, Youssef e Costa passaram a negociar em nome do partido. O doleiro afirmou que as reuniões ocorriam geralmente em hotéis do Rio ou de São Paulo e, muitas vezes, na casa dos próprios políticos envolvidos. Os encontros eram formalizados em atas, uma forma de garantir que o compromisso das empresas fosse cumprido. Para receber a dinheiro de pelo menos 13 empresas, entre elas algumas das maiores empreiteiras do país, Youssef criava firmas de fachada. O dinheiro saía do cofre das fornecedoras da Petrobras legalmente, com nota fiscal e contratos de prestação de serviços que nunca foram efetivamente prestados. Era o doleiro quem repartia a propina. Os políticos recebiam sua parte em dinheiro vivo. Na lista de beneficiados em poder do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao foro privilegiado dos envolvidos, estão nomes de governadores, senadores e deputados federais. Na Diretoria de Abastecimento, 60% da comissão paga pelas empreiteiras e empresas parceiras se destinavam a políticos. Costa ficava com 30%, e os 10% restantes eram divididos por Youssef e por João Cláudio Genu, já condenado a cinco anos de prisão no julgamento do mensalão. Os políticos exerciam controle ferrenho. Youssef contou que se reunia quase diariamente com eles. Costa citou no depoimento a oração de São Francisco para explicar o esquema na estatal: - É dando que se recebe. * Fonte primária: O Globo Impresso // Marinha do Brasil-Sinopse On Line Fonte: O Globo - Opinião CONFIRMA-SE A "ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA" NA PETROBRAS Do mensalão, o escândalo guarda a semelhança do desvio de dinheiro público para financiar políticos. Mas, pela amplitude e cifras envolvidas, este caso deve ser maior Publicado: O Globo - 10/10/14 - Pág. 20 | On Line 10/10/2014 0:00 / Atualizado 10/10/2014 8:59 por EDITORIAL O termo “organização criminosa" foi usado formalmente a primeira vez, para designar um esquema de corrupção com o envolvimento de representantes do PT e legendas aliadas, pelo procurador-geral da República Antonio Fernando Souza, no texto da denúncia do mensalão ao Supremo Tribunal Federal. Sete anos depois, a denúncia seria confirmada por sentenças condenatórias no STF. Há cinco meses, a expressão voltou a aparecer em documento oficial, desta vez num ofício do delegado da Polícia Federal Cairo Costa Duarte ao juiz federal do Paraná Sérgio Moro, do processo Lava-Jato, em que estão implicados o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ao investigar a compra esquisita da refinaria de Pasadena e outras denúncias em torno da Petrobras, o delegado pediu ao juiz acesso a documentos obtidos pela Lava-Jato, para facilitar seu trabalho de levantamento de uma “organização criminosa” na estatal. Pois trechos divulgados dos depoimentos de Paulo Roberto e Youssef, sob o regime de delação premiada, confirmam a existência da tal organização, eles próprios dois de seus elos-chave — Costa, arrecadador de propinas junto a empreiteiras; Youssef, branqueador do dinheiro, por meio de firmas fantasmas e operações fajutas. Relata Costa que PT, PMDB e PP eram os beneficiários da enxurrada de dinheiro “por fora” gerada por comissões sobre contratos bilionários superfaturados. Quase todos assinados com empreiteiras envolvidas com o projeto da refinaria Abreu e Lima, orçada em US$ 1,8 bilhão e que sairá por dez vezes mais. Obra convenientemente administrada pela diretoria de Abastecimento da estatal, ocupada de 2004 a 2012 por Paulo Roberto. Segundo Youssef, Paulo Roberto Costa, funcionário de carreira da estatal, foi nomeado para o cargo depois de pressão dos partidos sobre o presidente Lula. Ele cedeu e o esquema foi montado. Mas, diz Paulo Roberto, outras diretorias também atuavam no paralelo: a de Serviços, de Jorge Renato Duque, indicado pelo PT; Nestor Cerveró, já conhecido, e Jorge Zelada, da diretoria Internacional, e também José Eduardo Dutra, ex-presidente da empresa, ex-senador sergipano pelo PT. Até a subsidiária Transpetro, de Sérgio Machado, ligado ao PMDB, consta das denúncias. Também não falta nos depoimentos o indefectível João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Pelas cifras envolvidas — apenas Costa tinha US$ 23 milhões seus na Suíça — e dimensão do esquema, o caso deve ser maior que o mensalão petista, de Marcos Valério, José Dirceu, entre outros. “Paulinho”, como Lula chamava Paulo Roberto Costa, assumiu o cargo de diretor em 2004. Seis anos depois, “recursos não contabilizados” tirados da Petrobras já teriam financiado campanhas de petistas e aliados. Talvez, entre várias, a da própria Dilma. * Fonte primária: O Globo Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 EPISÓDIOS DA LAVA JATO Publicado: Folha de São Paulo - 10/10/14 - Pág. 4 - Impresso Abr.2012 Paulo Roberto Costa deixa a Petrobras Jul.2013 Empresa EcoGlobal assina contrato com a estatal, no valor de R$ 444 milhões, para serviços ambientais na Bacia de Campos (RJ) Set.2013 Youssef e Costa propõem comprar 75% da EcoGlobal por R$ 18 milhões Set.2013 Em troca de mensagens interceptada pela PF, Youssefpede favores ao deputado André Vargas Jan.2014 Vargas usa jatinho emprestado por Youssef para viajar de férias com a família para joão Pessoa (PB) Mar.2014 PF deflagra a Lava jato e prende Youssef e Costa. Outras 17 pessoas seriam presas preventivamente Abr.2014 PF indicia Costa, Youssef e outros 44 por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, entre outros crimes Ago.2014 Costa decide fazer acordo de delação premiada, para atenuar sua pena na Justiça Set.2014 O doleiro Alberto Youssef, preso em 17 de março pela PF, decidiu negociar um acordo de delação premiada para tentar abrandar sua situação na Justiça 0ut.2014 Costa apontou a Odebrecht como a empreiteira responsável pelo pagamento de US$ 23 milhões que ele recebeu na Suíça entre 2010 e 2011 * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 PRESSÃO FEZ LULA INDICAR DIRETOR, AFIRMA DOLEIRO Publicado: Folha de São Paulo - 10/10/14 - Pág. 5 | On Line 10/10/2014 Alexandre Aragão - Colaborou JOSÉ MARQUES, de São Paulo Em depoimento à Justiça Federal na quarta (8), o doleiro Alberto Youssef disse que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi empossado no cargo, em 2004, depois de o então presidente Lula (PT) ceder à pressão de "agentes políticos" ligados ao esquema. Questionado sobre o motivo pelo qual um diretor que antecedeu Costa na área de Abastecimento havia sido retirado do cargo, Youssef afirmou: "Para que [Costa] assumisse a cadeira de diretor da Diretoria de Abastecimento, esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias". "Na época, o presidente Lula ficou louco. Teve que ceder e realmente empossar o Paulo Roberto", completou. Nesta quinta (9) à noite, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do PT na Câmara na época da nomeação de Costa, disse que é "uma mentira" a pressão do Congresso sobre Lula. Entre março e maio de 2004, as discussões no Congresso foram obstruídas por medidas provisórias --se não votadas em até 45 dias, elas trancam a pauta. Costa foi confirmado diretor de Abastecimento da Petrobras em 14 de maio daquele ano, no lugar de Rogério Manso, ligado a peemedebistas e tucanos do Rio. Ainda durante o depoimento, o operador do esquema afirmou que havia reuniões entre ele, Costa, representantes de empreiteiras e "agentes políticos" --não citou nomes. Essas reuniões, segundo Youssef, eram registradas em atas. "Participávamos de reuniões (...) em hotéis no Rio ou em São Paulo, ou na própria casa --vamos falar-- do agente político, que primeiramente comandava esse assunto através da área de Abastecimento", afirmou. "Nessas reuniões eram feitas atas (...) de cada ponto que estava sendo discutido", continuou Youssef. Os assuntos tratados nos encontros eram valores de contratos e combinação de resultados em licitações, sempre segundo o doleiro. "[As reuniões eram] para discutir exatamente questão de valores, questão de quem ia participar do certame, esse tipo de situação." Procurado, o Instituto Lula afirmou em nota que não iria se pronunciar sobre o assunto. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 EMPREITEIAS FORMARAM CARTEL, DIZEM DELATORES Paulo Roberto e Alberto Youssef afrimaram que empresas combinavam preços e dividiam licitações da Petrobras // Segundo doleiro, toda companhia de porte maior sabia que qualquer obra 'tinha que pagar pedágio' Publicado: Folha de São Paulo - 10/10/14 - Pág. 5 | On Line 10/10/2014 Flávio Ferreira, de São Paulo - Leonrado Souza e Samantha Lima, do Rio As empresas que participaram do esquema de corrupção na Petrobras também formaram um cartel para combinar preços e dividir licitações de obras da estatal, segundo o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. De acordo com o doleiro, as empresas definiam os ganhadores das licitações toda vez que um pacote de obras era lançado e o nome das empresas era submetido a Costa. Nesta etapa, as empresas já ficavam cientes da necessidade de pagar propina, segundo Youssef. "Se ela [empresa] não pagasse, tinha ingerência política do próprio diretor e ela não fazia a obra", disse. "Toda empresa de porte maior já sabia que qualquer obra que fosse fazer na área de abastecimento da Petrobras tinha que pagar o pedágio de 1%. E 1% também para a área de serviços e engenharia", completou. Indagado pelo juiz Sergio Moro se essa condição era claramente apresentada às empresas, o doleiro foi enfático: "Era bem colocado, sim, muito bem colocado". Youssef disse que em geral havia uma negociação para que o valor dos contratos chegasse bem próximo ao teto previsto nas regras da Petrobras. O esquema também envolvia aditivos aos contratos, que podiam levar ao pagamento de propinas maiores, em valores correspondentes a percentuais de 2% a 5% dos negócios. Em seu depoimento, Costa disse que tentou acabar com o cartel das empreiteiras, mas que não conseguiu devido ao pequeno número de construtoras com capacidade para realizar as obras de grande porte contratadas pela Petrobras. "Eu tentei, mas me disseram que eu ia quebrar a cara", afirmou. Ele contou que a estatal de petróleo chegou a contratar algumas construtoras menores, mas que muitas faliram. O ex-diretor disse acreditar que várias obras como hidrelétricas no Norte do país e a usina de Angra 3 tenham sido alvo da cartelização das empreiteiras. Segundo ele, em todo o tempo em que esteve no comando da diretoria de Abastecimento, nenhuma empreiteira jamais deixou de pagar a propina. "Houve alguns atrasos, mas deixar de pagar, nunca deixaram". Costa disse que as empreiteiras subornavam não só pelo receio de não trabalhar mais para a Petrobras, mas também pelo medo de sofrer retaliação em licitações do governo federal, como ministérios e secretarias. "Então, se ela [empresa] deixa de contribuir com determinado partido naquele momento, isso ia refletir em outras obras, porque os partidos não iam olhar isso com muito bons olhos", afirmou. DINHEIRO NO EXTERIOR Os dois depoentes citaram mais de uma dezena de empreiteiras que teriam feito parte do esquema e mencionaram os nomes de seus contatos nas empresas. Ao falar sobre a formação de cartel, Costa apontou as companhias Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, entre outras. Youssef disse que Odebrechet, Sanko e Toyo Setal pagaram propina no exterior. Em delação, Costa reconheceu o recebimento de US$ 23 milhões na Suíça. Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 OUTRO LADO EMPRESAS DIZEM QUE DECLARAÇÕES SÃO MENTIROSAS DE SÃO PAULO - DO RIO As empresas citadas nos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef à Justiça Federal negaram participação no esquema. A estatal afirmou, em nota, que está acompanhando as investigações e colaborando para a "elucidação dos fatos". A empresa ressaltou que é vítima no caso. A Odebrecht, por sua vez, negou o que chamou de "alegações caluniosas" dos depoentes e disse que não fez nenhum pagamento ou depósito na conta de executivo ou ex-executivo da estatal. A empreiteira ressaltou também que tem "todo o interesse em que a verdade seja apurada com rigor". O consórcio responsável pela construção da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, encabeçada pela construtora Camargo Corrêa, também refutou as declarações dos depoentes. "O consórcio repudia as acusações sem provas. O contrato em questão foi conquistado em licitação de menor preço", disse, em nota. A Andrade Gutierrez afirmou que os depoimentos deixam claro que não "há envolvimento da companhia com a investigação". Declaração semelhante fez a Sanko-Sider, que nega irregularidades. A Queiroz Galvão disse desconhecer os depoimentos e reafirmou que sua atuação atende "rigorosamente à lei". O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, outro citado, classificou as acusações de "mentirosas e absurdas". UTC e OAS não se manifestaram sobre os depoimentos. Ninguém da Toyo Setal foi encontrado nesta quinta-feira (9) para comentar o caso. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 PROPINA AO PT ERA PAGA A TESOUREIRO, DIZ EX-DIRETOR Suborno na Petrobras, segundo Costa, correspondia a 3% do valor dos contratos Citado pelos depoentes, Vaccari refutou as acusações e disse que todas as doações ao PT são feitas dentro da lei Publicado: Folha de São Paulo - 10/10/14 - Pág. 4 | On Line 10/10/2014 02h00 Mario Cesar Carvalho, Flávio Ferreira, AlexandreAra, de São Paulo - Samantha Lima, do Rio - Colaboraram Natuza Nery, Andréia Sadi e Valdo Cruz, de Brasília O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef apontaram em interrogatório na Justiça que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, recebia para o partido recursos desviados de obras da estatal. "A ligação era diretamente com ele", disse Costa em interrogatório em Curitiba (PR), na quarta-feira (8). Vaccari refutou as declarações e disse que todas doações ao PT são feitas dentro da lei. Três partidos se beneficiaram desse esquema: PT, PMDB e PP, segundo os depoentes. O doleiro disse que o intermediário do PMDB era o lobista Fernando Soares e ele próprio cuidava do suborno destinado ao PP. Para Costa, as empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras pagavam propina por receio de sofrer retaliação em concorrências do governo. "No meu tempo lá, eu não lembro de nenhuma empresa ter deixado de pagar." Foi o primeiro interrogatório de Costa e Youssef após ambos terem feito um acordo de delação premiada para escapar de penas que podiam chegar a 50 e 100 anos, respectivamente. Eles foram presos em março, sob acusação de comandarem um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro no país. O suborno na Petrobras, segundo Costa, correspondia a 3% do valor líquido dos contratos da Petrobras. O ex-diretor disse que, desses 3%, 2% ficavam com o PT e 1% ia para o PP, partido que indicou Costa para o cargo na Petrobras em 2004. Ele ficou na estatal até 2012, quando foi demitido pela presidente Dilma Rousseff (PT). Costa contou que o desvio dos 3% valia para contratos em todas as diretorias da Petrobras. Nas encabeçadas por indicados pelo PT --a de exploração e produção, a de gás e energia e a de serviços, segundo ele--, os 3% iam integralmente para o partido. A atual presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, foi diretora de gás entre 2007 e 2012, cargo ocupado antes por Ildo Sauer. Guilherme Estrella foi diretor de produção e exploração entre 2003 e 2012. Renato Duque foi diretor de serviços entre 2004 e 2012. Costa, no entanto, não citou nominalmente Graça, Estrella e Sauer. Segundo ele, a diretoria internacional, em que trabalharam Nestor Cerveró (2003 a 2008) e Jorge Zelada (2008 a 2012), abastecia o PMDB com 1% do valor dos contratos. Em seu depoimento, Youssef contou que num contrato da Camargo Corrêa para a refinaria Abreu e Lima, de R$ 3,48 bilhões, o suborno que ele tinha conhecimento chegou a 2%. De acordo com ele, PT e PP receberam R$ 34 milhões cada um. A refinaria, de R$ 40 bilhões, é a obra mais cara em curso no Brasil. O ex-diretor da Petrobras disse que o contrato foi superfaturado para que houvesse suborno. O doleiro disse que os acertos sobre propina eram feitos em reuniões com políticos, Costa, executivos de empreiteiras e ele próprio. O encontro ocorria em hotéis ou na casa de políticos, segundo ele. Os acordos eram registrado em atas, de acordo com ele. A ação penal em que Costa e Youssef são réus, sobre desvios na Petrobras, corre sem segredo de Justiça. Por isso, os depoimentos foram disponibilizados nesta quinta-feira (9) pela Justiça Federal. Os dois, no entanto, foram alertados pelo juiz Sergio Moro que não poderiam citar o nome de políticos nos depoimentos, já que eles têm foro privilegiado e só podem ser processados pelo Supremo. Auxiliares de Dilma querem que Vaccari deixe a tesouraria do partido. Também pressionam para que ele saia do conselho de administração de Itaipu. O PT, porém, resiste ao afastamento. Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 Negócios sob suspeita Segundo Paulo Roberto Costa, 3% dos valores dos contratos firmados com a Petrobras eram repassados a políticos ABREU E LIMA A construção da refinaria da Petrobras em Pernambuco, ainda não concluída, tinha orçamento inicial de R$ 5,6 bilhões e estava prevista para 2011. O custo atual da obra é de R$ 46 bilhões. Várias das empresas envolvidas na Lava Jato têm contratos para a construção da refinaria PASADENA A refinaria no Texas (EUA) foi adquirida em 2005 pelo grupo belga Astra Oil por US$ 42,5 milhões e acabou custando US$ 1,2 bilhão à Petrobras, que comprou metade da refinaria em 2006 e, depois, foi obrigada na Justiça norte-americana a comprar a outra metade, pertencente ao grupo belga COMPERJ As obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro são alvo de investigações no TCU (Tribunal de Contas da União), devido a indícios de superfaturamento em contratos com empreiteiras Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 OUTRO LADO PT E TESOUREIRO NEGAM RECEBER DOAÇÕES ILEGAIS DE SÃO PAULO O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o presidente do partido, Rui Falcão, afirmaram nesta quinta (9) estranhar que as denúncias de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef tenham surgido a duas semanas do segundo turno das eleições. Citado pelo ex-diretor da Petrobras, Vaccari afirma que todas as doações recebidas pelo partido foram legais e declaradas à Justiça Eleitoral. Segundo o diretório nacional do PT, "o secretário de Finanças nunca tratou de doações, nem de qualquer outro assunto relativo ao partido, com Paulo Roberto Costa". Vaccari ressaltou que "nunca tratou de assuntos relativos a doações eleitorais, ou qualquer outro assunto, com Alberto Youssef". Falcão divulgou nota mencionando estranheza pela "repetição de vazamentos de depoimentos, tanto mais quando se trata de acusações sem provas". "O PT desmente a totalidade das ilações de que teria recebido repasses financeiros originados de contratos com a Petrobras." Guilherme Estrella, ex-diretor de exploração da Petrobras, disse não ter nada a comentar. "A Justiça vai resolver isso", afirmou. O PMDB não quis se manifestar sobre os depoimentos. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), foi procurado, mas não respondeu até a conclusão desta edição. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Opinião ENXURRADA DE MÁS NOTÍCIAS Publicado: Folha de São Paulo - 10/10/14 - Pág. A2 | On Line 10/10/2014 02h00 Coluna de Eliane Cantanhêde BRASÍLIA - Há um empate técnico, mas Aécio abrir o segundo turno numericamente à frente de Dilma dá gás aos tucanos e aumenta a agonia dos petistas, em meio à enxurrada de más notícias. Não é só o PSDB que está ganhando corpo, é o PT que está perdendo discurso. A campanha de Aécio não tem nenhum fato extraordinário nem pulo do gato, mas se beneficia de uma confluência assombrosa: os escândalos envolvendo o PT e o desmanche da economia nos anos Dilma. Segundo o ex-diretor Paulo Roberto Costa, "dos 3% [de roubo na Petrobras], 2% era para atender o PT". O doleiro Youssef acrescenta: quem "operava a área de serviços" era João Vaccari, tesoureiro do partido. A Petrobras, portanto, foi privatizada pelo governo Lula para o PT, o PMDB e o PP. Sugaram tanto que a companhia símbolo do país perdeu credibilidade, perdeu valor de mercado, afundou em escândalos. Quantos anos demorará para se recuperar e voltar a ser pública? Sabe-se lá. Na economia: a semanas da eleição, a inflação estoura a meta, a previsão de crescimento continua despencando e o FMI constata que os erros são internos, não externos, como alega o governo. Tudo isso num contexto adverso: inflação alta, PIB baixo; juros lá em cima, indústria sofrendo; contas públicas bagunçadas, contas externas desfavoráveis. Indiferente a tudo isso que vem desmoronando sobre a sua campanha, Dilma investe nos palanques do camarada Nordeste e troca o bordão "ricos contra pobres" por "elites contra nordestinos", enquanto ataca a política econômica e os dados sociais do governo Fernando Henrique. Parece pouco para enfrentar os escândalos da Petrobras e os dados da economia, numa conjuntura desfavorável para Dilma e favorável para Aécio. Pelo sim, pelo não, o PT põe Dilma cara a cara com o inimigo e protege Lula do desastre atrás das trincheiras. Se Dilma cair, Lula poderá subir em 2018. Mas só se escapar dos estilhaços da Petrobras. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: O Globo - País DELAÇÃO CHEGA A PARTIDOS EX-DIRETOR DA PETROBRAS ACUSA ENVOLVIMENTO DO PT, PP E PEMDB NO ESQUEMA DE CORRUPÇÃO NA ESTATAL Em interrogatório à Operação Lava Jato, Costa acusou outros quatro diretores de participação nos desvios de recursos Publicado: O Globo - 09/10/14 - Pág. 3 | On Line 08/10/2014 7:22 / Atualizado 10/10/2014 10:15 Jailton de Carvalho, Germano Oliveira / Letícia Paris, especial para O Globo RIO, BRASÍLIA E CURITIBA — No primeiro depoimento desde que obteve o direito de cumprir pena em casa, após acordo de delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse nesta quarta-feira que parte do dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras teria abastecido campanhas do PT, do PMDB e do PP em 2010. Ao responder a uma pergunta de um dos advogados do doleiro Alberto Youssef, Costa confirmou que havia desvio de recursos na Diretoria de Abastecimento, chefiada por ele. O ex-diretor disse ainda que recebia das empreiteiras 3% dos valores dos contratos. O dinheiro era repartido entre ele, Youssef e o PP. Cada parte ficaria com 1%. Costa afirmou ainda que também havia irregularidades nas diretorias de Serviço e Internacional, vinculadas ao PT e ao PMDB. (Veja o infográfico do 'organograma da corrupção') — O Paulo deixou bem claro que esse esquema beneficiou a campanha de partidos em 2010. Três partidos grandes foram citados, e eles dividiam efetivamente o bolo da propina — disse Antônio Figueiredo Basto, advogado de Yousseff, que depôs com Costa ao juiz federal Sérgio Moro. O advogado não revelou, porém, quais os “três grandes partidos” citados pelos presos na Operação Lava-Jato. A informação de que PT, PMDB e PP foram acusados é de investigadores da PF que participaram da força-tarefa. — Eles (Costa e Yousseff) declinaram a versão deles sobre um grande esquema dentro da Petrobras com participação de pessoas jurídicas, agentes públicos e, principalmente, de agentes políticos — disse Basto. De acordo com o advogado, os acusados não citaram nomes, mas deixaram claro a participação de políticos no esquema: —Ficou muito claro a fortíssima influência de agentes públicos dentro desse sistema” — disse. OUTROS DIRETORES ACUSADOS Perguntado quais seriam os partidos, Basto informou que um está disputando o segundo turno da eleição presidencial. Costa acusou cinco diretores da empresa de participação no desvio de recursos. Disse à Justiça que o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, entregou-lhe R$ 500 mil, quantia também desviada do esquema. Em quase quatro horas de depoimento, o ex-diretor da Petrobras ainda acusou José Eduardo Dutra, atual diretor Corporativo e de Serviços da empresa, de participar do grupo responsável pelas fraudes. Não detalhou o que teria sido feito por Dutra. E ainda denunciou mais três ex-diretores. Segundo ele, fizeram parte do esquema: Nestor Cerveró e Jorge Zelada (ambos da área Internacional) e Jorge Renato Duque (Serviços). — O depoimento do Paulo foi mais detalhado por ser uma pessoa dentro da empresa. Ficou muito claro que o meu cliente não era o chefe dessa quadrilha, não era chefe de nada, era o operador, uma peça da engrenagem. Ele não disse o nome do chefe porque o juiz não permitiu (que citasse os nomes dos políticos). Não haveria a possibilidade de isso funcionar não fossem os agentes políticos — disse Basto. Costa disse que empreiteiras eram beneficiadas. Segundo Basto, ele teria afirmado que recebeu dinheiro da Odebrecht. Márcio Farias, executivo da empresa, seria o contato do ex-diretor da Petrobras . Costa confirmou que recebeu US$ 23 milhões. O dinheiro estaria depositado na Suíça. A empreiteira Camargo Corrêa, que nega participação, também teria sido citada, através do Consórcio Nacional Camargo Corrêa, formado pela empreiteira e Cnec. A empresa constrói a refinaria Abreu e Lima (PE). Orçada em R$ 2,5 bilhões, já custa R$ 20 bilhões. — As empresas eram submetidas a isso. Quem não participasse disso, estava sujeita até a quebra de contrato — disse Basto. A presidência do PMDB informou que “não tinha nada a declarar”. Os presidentes do PT, Rui Falcão, e do PP, Ciro Nogueira, não foram localizados para comentar a acusação. A Transpetro negou “com veemência" as acusações contra Machado. Dutra não retornou aos recados do GLOBO. O advogado de Nestor Cerveró disse que as informações foram apresentadas sem provas. O Consórcio CNCC informou “que não teve acesso ao depoimento e repudia qualquer acusação de atuação irregular”. A Odebrecht nega veementemente as alegações caluniosas feitas pelo ex-diretor da Petrobras. E o advogado de Duque disse que Costa será processado civil e criminalmente por suas acusações. * Fonte primária: O Globo Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 ESQUEMA IRRIGOU CAMPANHAS DO PT, PMDB E PP, DIZ EX-DIRETOR DA PETROBRAS Publicado: Folha de São Paulo - 09/10/14 - Pág. 1 | On Line 08/10/2014 19h26 - Atualizado às 21h19 Mario Cesar Carvalho, Samantha Lia, enviados especiais a Curitiba Em seu primeiro depoimento à Justiça após ter feito um acordo de delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que o esquema de corrupção na estatal irrigou campanhas de três partidos nas eleições de 2010: PT, PMDB e PP, segundo apurou a Folha. Naquele ano, foram disputadas eleições para presidente, governadores e deputados. Deflagrada em março pela Polícia Federal, a Operação Lava Jato descobriu um esquema de desvio de dinheiro da Petrobras que envolveu Costa, doleiros e fornecedores da estatal. Segundo a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da empresa. O esquema teria movimentado R$ 10 bilhões. No depoimento, ele disse que o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ligado ao PMDB, também teria participado das irregularidades. Paulo Roberto disse ter recebido R$ 500 mil do presidente da Transpetro. Segundo Paulo Roberto, três ex-diretores da Petrobras fizeram parte do esquema: Nestor Cerveró, Jorge Zelada e Renato Duque. No depoimento, ele reconheceu ter recebido dinheiro da Odebrecht, citou o nome do executivo Márcio Farias como sendo seu contato, mas não citou valores, segundo informou o advogado Haroldo Nater, que defende Leonardo Meirelles, apontado como laranja do doleiro Alberto Youssef no laboratório Labogen, usado para lavar dinheiro. Segundo a Folha apurou, Paulo Roberto disse que a propina correspondia a 3% do valor líquidos de contratos da Petrobras, que eram divididos entre ele e partidos políticos. Afirmou também que o CNCC, consórcio liderado pela Camargo Corrêa pagou propina para ganhar obras da Petrobras, segundo seu advogado, Antonio Augusto Figueiredo Basto. Basto disse que políticos lideravam o esquema, e não o doleiro Alberto Yousseff, como acusa a Polícia Federal. Costa foi levado nesta quarta-feira do Rio, onde está em prisão domiciliar, para Curitiba (PR), em um voo comercial da Azul, com escolta da Polícia Federal. Costa saiu da prisão no última quarta-feira (1º), como parte do acordo em que decidiu que contaria o que sabe sobre corrupção na Petrobras em troca de uma pena menor —a perspectiva de seus advogados era que ele fosse condenado a 50 anos de prisão. O executivo foi preso em 20 de março pela PF. O ex-diretor também citou, em outro depoimento, segundo a revista "Veja", os nomes de 12 parlamentares que recebiam propina do esquema, entre os quais o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Todos negam com veemência que tivessem recebido recursos. OUTRO LADO Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró, diz que não pode considerar qualquer declaração despida de provas e que ainda não sabe do que se tratam as declarações de Paulo Roberto Costa. O Consórcio CNCC comunicou, por meio de nota, que não teve acesso ao depoimento e que repudia qualquer acusação de atuação irregular. O presidente da Transpetro, Sergio Machado, por sua vez, diz que a declaração contra ele "trata-se de uma afirmação absurda e falsa". Por meio de sua assessoria, disse estar "indignado com a divulgação do suposto conteúdo de um depoimento dado a portas fechadas e sobre o qual não se tem nenhuma informação oficial", além de afirmar que tomará "as providências cabíveis" e processará "quem quer que seja na defesa da Transpetro". Também em nota, a Odebrecht negou veementemente as alegações, que chamou de "caluniosas". "A Odebrecht mantém, há décadas, contratos de prestação de serviços com a Petrobras, todos conquistados de acordo com a lei de licitações públicas. A empresa repudia especialmente menções a nomes de seus integrantes e reitera que tem todo o interesse em que a verdade seja apurada com rigor -e está, como sempre esteve, à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento." Procurada pela Folha, a Petrobras não se manifestou. A reportagem não conseguiu localizar Jorge Zelada. PAULO ROBERTO COSTA Diretor de Abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, é suspeito de intermediar negócios entre a estatal e grandes fornecedores, recolhendo propina das empresas e distribuindo dinheiro a políticos ● A 1ª prisão Em 20.mar, Costa foi preso pela Polícia Federal por tentar ocultar documentos e provas que o incriminavam em esquema bilionário de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef (foto). Em 19.mai, ele foi solto por ordem do STF ● Os indícios de propina A PF apreendeu na casa do ex-diretor uma tabela contendo nomes de empresas e executivos, com anotações que indicam possíveis pagamentos a campanhas eleitorais ● Nova prisão Em 11.jun, Suíça bloqueou US$ 23 milhões em contas atribuídas ao ex-diretor e seus familiares. As contas estavam em nome de empresas estrangeiras sediadas em paraísos fiscais. Costa foi preso novamente ● A delação O ex-diretor da Petrobras deu o nome de 12 senadores, 49 deputados federais e um governador –ligados ao PT, PMDB e PP– a quem ele teria repassado 3% do valor dos contratos da estatal ● O acordo Em 22.ago, a PF cumpriu mandados em empresas ligadas ao ex-diretor. Costa aceitou fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público para atenuar sua pena * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 OAS ENVIOU US$ 4,99 MI A EX-DIRETOR NA SUIÇA Empresa não responde a contato sobre o assunto Publicado: Folha de São Paulo - 09/10/14 - Pág. 3 | On Line Andréia Sadi, Rubens Valente, de Brasília Documentos apreendidos pela Polícia Federal na Operação Lava Jato revelam transferências bancárias no valor de US$ 18,8 milhões feitas por diversas pessoas e empresas para uma conta na Suíça controlada pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. A segunda principal depositante, com o total de US$ 4,99 milhões, foi a OAS African Investments, um braço da empreiteira brasileira OAS no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. A OAS integra o consórcio que, em 2010, obteve o terceiro maior contrato das obras da refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, no valor de R$ 1,48 bilhão. Apesar dos depósitos expressivos, a OAS não foi a principal depositante da conta suíça. A empresa Kingsfield Consulting Corp aparece como depositante de US$ 6 milhões, em seis parcelas iguais entre os anos de 2012 e 2014. Em seu site na internet, a empresa sediada no Reino Unido informa que trabalha com serviços de "engenharia e indústria de construção". Os depósitos foram feitos na conta da offshore Santa Tereza Service Ltd. Partnership, controlada por Costa e aberta no banco PBK, da Suíça. A descoberta dos depósitos foi possível graças a um papel apreendido pela Polícia Federal em março, mediante ordem judicial emitida pelo juiz federal Sergio Moro na sede da empresa GFD, do doleiro Alberto Youssef, em Paulo. O extrato havia sido impresso poucos dias antes da operação policial. Ainda não chegaram ao país os extratos das contas controladas por Costa no exterior. Procurada, a OAS em São Paulo não respondeu a um pedido de informações sobre os depósitos na conta da Santa Tereza. Os advogados de Costa não puderam falar porque iriam participar da audiência agendada pela Justiça Federal. Representantes da Kingsfield não foram localizados. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Eleições 2014 CONTADORA APONTA LIGAÇÕES ENTRE EX-MINISTRO E DOLEIRO Negromonte, ex-ministro das Cidades, sugeriu negócios a Youssef, diz Meire Poza Renan manteve contato, afirma ex-funcionária do doleiro; presidente do Senado e ex-ministro negam as acusações Publicado: Folha de São Paulo - 09/10/14 - Pág. 3 | On Line Aguirre Talento, Marian Haubert, de Brasília Meire Poza, ex-contadora de Alberto Youssef, acusou o ex-ministro Mário Negromonte (Cidades) de ter sugerido negócios ao doleiro, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, que investiga esquema de desvios de recursos na Petrobras. No depoimento à Comissão Mista de Inquérito que investiga as denúncias de corrupção na estatal, Poza também disse que o presidente do Senado, Renan Calheiros, manteve contatos com o doleiro e que ela teria buscado dinheiro para que Enivaldo Quadrado, condenado no processo do mensalão, pagasse a multa imposta pelo Supremo Tribunal Federal. Procurados pela reportagem, os citados no depoimento negaram as acusações. Negromonte, que também foi deputado federal e atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, tem um irmão, Adarico, que trabalhou numa das empresas de Youssef. Segundo Poza, o ex-ministro indicou uma empresa de monitoramento de veículos para que Youssef a comprasse. Ela não soube precisar quando a sugestão foi feita. A contadora disse que a empresa foi indicada porque o Denatran, órgão ligado ao Ministério das Cidades, iria definir uma norma para que carros saíssem já com dispositivo para monitoramento. "Só existiam cinco empresas homologadas para prestar esse serviço. E essa empresa que foi indicada em Goiânia era uma dessas", disse. Por telefone, Negromonte negou a indicação. "É mentira, não estive com esse pessoal. Todos os assuntos foram tratados no âmbito do Ministério das Cidades com Denatran e Anfavea." O ex-ministro, porém, confirmou ter conhecido Youssef por ele ser amigo de José Janene, ex-líder do PP, morto em 2010. No depoimento, a contadora disse ter tomado conhecimento de um encontro entre Calheiros e Youssef em março deste ano. Segundo ela, o doleiro iria captar R$ 25 milhões do Postalis, fundo de pensão dos Correios, para saldar dívidas de uma de suas empresas. Poza afirmou que Youssef fez acordo com indicados do PT e do PMDB, que segundo ela controlam o fundo de pensão, para viabilizar a captação, mas teve que acertar com Calheiros "a ponta do PMDB". Em nota, o presidente do Senado negou o encontro e disse não conhecer o doleiro. No caso de Quadrado, para quem Poza trabalhava antes de conhecer Youssef, ela disse ter recebido um pedido para pegar neste ano, por três meses, R$ 15 mil destinados ao pagamento da multa imposta pelos ministros do STF. "O senhor Enivaldo Quadrado me pediu para receber R$ 15 mil, que era um valor que ele recebia de um jornalista chamado Breno Altman [...] Ele [Enivaldo] dizia que era o PT pagando a multa dele no mensalão", disse. Procurado, Altman, que é filiado ao PT, afirmou que Quadrado foi duas vezes à sua casa acompanhado de Poza porque queria obter assessoria contábil. Mas disse que as declarações sobre o pagamento da multa são "fantasiosas". * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: O Globo - On Line - Brasil PRESIDENTE DA TRANSPETRO É ACUSADO DE FRAUDE EM LICITAÇÃO PELO MPF Valor da proposta vencedora, R$ 432,3 milhões, teria sido anunciado antes da abertura oficial dos envelopes Publicado: O Globo - País - 09/10/14 - Pág. 3 | On Line 08/10/2014 16:21 / Atualizado 08/10/2014 20:35 Cleide Carvalho Versão Impressa PRESIDENTE DA TRANSPETRO E ALVO DE AÇÃO O Ministério Público Federal em Araraquara (SP) apresentou à Justiça Federal ação de improbidade administrativa contra o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o prefeito de Araçatuba, Cido Sério (PT), nove empresas e mais 16 pessoas porfraude em licitação para compra de 20 comboios destinados ao transporte de etanol na hidroviaTietê-Paraná, um negócio de R$ 432 milhões. O procurador Paulo de Tarso Garcia Astolphi, um dos seis que assinam a ação, disse que o MPF pedirá investigação da Polícia Federal e compartilhamento de documentos apreendidos na Operação Lava-Jato para saber se o esquema de corrupção denunciado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, operação, se estendeu à Transpetro. Costa era conselheiro daTranspreto. Para o MPF, houve direcionamento na licitação para beneficiar o consórcio Estaleiro Rio Tietê, formado pela SS Administração e Serviços, Estaleiro Rio Maguari e Estre Petróleo e Gás. Segundo o procurador, antes de a licitação ser lançada, o consórcio arrendou uma área em Araçatuba e, no contrato de arrendamento, informou que o objetivo era se tornar fornecedor da Transpetro. O elo com a Lava-Jato é Alexandre Bruno, que foi gerente do contrato da Transpetro, representando o consórcio. Eles se apresentava em redes sociais como consultor e sócio do Pragmática, o grupo de empresas Ligadas a Costa e gerenciado por um de seus genros, Humberto Mesquita. A Estre Ambiental, holdingque administra a Estre Petróleo e Gás, aparece na Lava- Jato como uma das que pagou à Pragmática. Segundo a empresa, o contrato era para integração de sistemas de gestão e vigorou em2010e2011. - Um dia antes da abertura oficial dos envelopes, foi anunciado no site da Transpetro o menor preço da licitação-disse o procurador. A Transpetro afirmou que não houve desvio de recursos e que foi pagosóosinal, de R$ 21,9 milhões (garantido porfiança bancária), e o saldo do primeiro comboio, entregue em julho último. Procurado, o consórcio não se manifestou Versão On Line SÃO PAULO — O Ministério Público Federal de Araçatuba denunciou o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, por improbidade administrativa por fraude em licitação. A denúncia abrange o prefeito do município, Cido Sério (PT), nove empresas e 16 pessoas que participaram da licitação realizada pela estatal, entre março e agosto de 2010, para a compra de 20 comboios que seriam usados para transporte de etanol na hidrovia. O valor do contrato é R$ 432,3 milhões. O Ministério Público Federal de Araçatuba pretende compartilhar provas com os demais processos da Operação Lava-Jato e a Polícia Federal deve ser acionada no prosseguimento das investigações. Machado foi senador pelo PMDB pelo Ceará e assumiu a presidência da Transpetro em 2003, no governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, e mantido no cargo por Dilma Rousseff. O vencedor da licitação foi o consórcio Estaleiro Rio Tietê, formado pelas empresas SS Administração e Serviços, Estaleiro Rio Maguari e Estre Petróleo e Gás. De acordo com o MPF, o primeiro comboio deveria ter sido entregue em julho de 2012, mas o prazo foi prorrogado duas vezes, para junho de 2013 e janeiro de 2014. No entanto, até setembro deste ano o comboio não havia sido entregue à estatal. O MPF afirma que o consórcio participou da licitação por meio de carta convite internacional, mas um mês antes de a licitação ser lançada, uma das empresas do consórcio arrendou uma área em Araçatuba para fornecer para a Transpetro, o que estaria escrito no próprio contrato de arrendamento do terreno. A abertura da licitação foi anunciada por Machado num evento em Araçatuba, o que de acordo com os procuradores, mostra que o vencedor e o local já tinham sido definidos antes mesmo da abertura da oferta. Outra irregularidade é que o menor preço da concorrência foi anunciado no site da Transpetro um dia antes da abertura oficial dos envelopes com as propostas dos participantes. Uma das empresas convidadas para participar da licitação recusou o convite, considerou que o edital foi “dirigido”. Apenas este ano foi contratada a empresa que faria a construção dos terminais de etanol, produto a ser transportado pela hidrovia, e a previsão é que só comecem a operar em 2015. A Transpetro, de acordo com o MPF, já analisava inclusive a possibilidade de os comboios transportarem outros combustíveis e até mesmo a possibilidade de redirecionar três deles para a Região Norte, onde seriam usados no transporte de petróleo. O MPF afirma que no mesmo dia da assinatura do contrato foram assinados termos aditivos. Entre as mudanças estava a dispensa de medição dos serviços executados, abrandando a fiscalização da Transpetro. Dois executivos de uma das empresas do consórcio, na mesma época da assinatura do contrato, que estavam sendo processados e foram condenados por simular a construção de 13 balsas com recursos do Finame, teriam entregues balsas velhas ou reformadas, em vez de novas embarcações. A área arrendada pelo consórcio havia sido doada à Cooperativa do Polo Hidroviário da cidade (Cooperhidro) para a edificação de armazéns para cargas. Os armazéns não foram feitos e a área retornou ao município em 1999. Mas, como a cooperativa não atendeu a essa finalidade, a área foi revertida ao município em 1999. No entanto, foi a Cooperhidro que arrendou a área ao consórcio e, para isso, contou com a ajuda de agentes públicos vinculados à Prefeitura de Araçatuba. Dois secretários da Prefeitura atestaram a regularidade da doação, beneficiando também a cooperativa. A Cooperhidro recebeu R$ 441 mil pelo aluguel do local, às custas, indiretamente, da Transpetro. O diretor-presidente da cooperativa, Carlos Farias, já era, na época do arrendamento, servidor público municipal (fiscal sanitário), e depois voltou ao cargo de secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Relações de Trabalho de Araçatuba. O procurador Paulo de Tarso Garcia Astolphi, ao lado de outros cinco, que subscrevem a ação, pedem o ressarcimento integral dos prejuízos aos cofres públicos. O consórcio havia recebido inicialmente R$ 21,9 milhões como sinal para a compra dos comboios e o MPF não descarta que outros valores venham a ser descobertos no decorrer da ação. A Transpetro afirma que não houve desvios de recursos e que foi liberado até o momento apenas R$ 21,9 milhões ao consórcio vencedor da licitação. Segundo a empresa, o primeiro comboio foi entregue em julho, ao contrário do que diz o MPF. A empresa nega ainda ligação com a Operação Lava Jato. VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA: “Não houve qualquer desvio de recursos no processo licitatório. O valor de R$ 432 milhões, citado pela reportagem, corresponde ao total dos contratos. Desse montante, até o momento foram pagos o sinal de 5%, no valor de R$ 21,9 milhões (garantidos por carta de fiança bancária), e o saldo do primeiro comboio, que foi entregue em julho deste ano. O termo aditivo assinado pelas partes se deu em função da alteração da forma de pagamento dos comboios, o que beneficiou a Transpetro, pois com a alteração, a Companhia passou a pagar 95% do valor das embarcações apenas na entrega. Por este motivo, não se faz necessária a medição financeira dos serviços executados. No entanto, a Transpetro segue fiscalizando (por meio de um Grupo de Fiscalização – GRUFIS) as obras de construção dos comboios, como aliás ocorre em todos os estaleiros com os quais possui contratos de compra e venda celebrados. Cabe esclarecer também que a ação proposta pelo Ministério Público Federal ainda depende de aceitação por parte da Justiça Federal de Araçatuba, e não tem qualquer relação com a chamada Operação Lava Jato, que corre na Justiça Federal do Paraná. A Transpetro ainda não foi notificada. O interesse da Transpetro no transporte de etanol pela Hidrovia Tietê-Paraná era público anos antes da licitação. Essa divulgação se deu desde 2008 em eventos sobre “Hidrovias e Etanol”, dos quais participaram representantes da empresa, e ainda em reportagens na mídia. Todos os interessados na concorrência receberam as mesmas informações, em igualdade de condições e rigorosamente dentro dos parâmetros legais. Em 10 de março de 2010, quando do lançamento do edital, tanto a Transpetro quanto o Governo Federal deixaram claro que o consórcio vencedor deveria construir as barcaças na região da Bacia do Tietê. Na ocasião, perguntado em entrevista pelo jornal Folha da Região se o fornecedor definiria o local, o presidente da Transpetro, Sergio Machado, respondeu: “Claro. Claro que ele vai definir o local. Mas tem que ser necessariamente na região do Rio Tietê”. Os licitantes buscaram atender a esse requisito, oferecendo áreas em cidades da região, como Três Lagoas, Barra Bonita, Araçatuba e Rubinéia. Na licitação, a disputa foi intensa e o resultado, muito favorável à Transpetro e ao interesse público: participaram 16 empresas que formaram 6 consórcios, e o consórcio vencedor apresentou a proposta mais vantajosa, com preço US$ 36 milhões menor em relação ao segundo colocado – o que representa 15% do valor total do contrato. As propostas foram abertas na presença de todos os licitantes em 10/08/2010, conforme ata assinada pelos presentes. Não houve impugnação quanto à condução do processo licitatório. É importante destacar que o procurador Paulo de Tarso Astolphi, do Ministério Público em Araçatuba, já vinha conduzindo inquérito civil, através do qual a Transpetro prestou todos os esclarecimentos. Ainda assim, ele oficiou o Tribunal de Contas da União, remetendo cópia de sua investigação. A Secretaria Geral de Controle Externo do TCU, em relatório finalizado em 18 de agosto passado (TC 025.692/2013-5), foi taxativa ao concluir não ter havido qualquer restrição à competitividade na licitação: “Percebe-se, da análise do relatório da comissão de licitação, que foram convidadas vinte empresas brasileiras, seis empresas estrangeiras e outras seis empresas manifestaram interesse na sua inclusão como empresas convidadas, do que resultou na apresentação de propostas comerciais por seis consórcios. Não há, portanto, nos autos, indícios de restrição ao caráter competitivo da licitação.” O mesmo relatório do TCU concluiu também que: “Não foram encontrados nos autos elementos que comprovem as supostas irregularidades relatadas nos autos do Inquérito Civil Público 1.34.002.000320/2013-39, relacionadas à presente auditoria”. O presidente da Transpetro, Sergio Machado, jamais foi processado pelo Ministério Público ou por qualquer outra autoridade brasileira em decorrência de seus atos ao longo de 30 anos de vida pública. Em seus mais de 11 anos na presidência da Transpetro, Machado liderou o processo que transformou a Companhia na maior empresa de transporte e logística de combustíveis do Brasil. Por fim, a Transpetro, tendo em vista a lisura do processo licitatório, esclarece que, quando notificada, tomará todas as providências cabíveis para defender a sua honra e a de seus gestores.” * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - País DIRETOR DOS CORREIOS EM SC TAMBÉM PEDIU EM CARTA VOTOS PARA DILMA Procurador dá prazo de 30 dias para presidente explicar uso político da estatal Publicado: O Globo - 08/10/14 - Pág. 15 | On Line 08/10/2014 6:00 / Atualizado 08/10/2014 7:30 Alexandre Rodrigues RIO — A exemplo do que ocorreu em Mato Grosso, o diretor regional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos em Santa Catarina, Paulo de Andrade, também enviou cartas aos funcionários da estatal pedindo votos para a presidente Dilma Rousseff e outros candidatos do PT na reta final da campanha do primeiro turno. Um panfleto colorido intitulado “Carta aos Ecetistas Eleições 2014” começou a chegar aos endereços residenciais de funcionários dos Correios na quinta-feira, dia 2 de outubro, apenas um dia depois de serem postados, como mostra o registro do selo do envelope de uma das correspondências, à qual O GLOBO teve acesso. A carta pede votos para Dilma e para petistas derrotados ao governo de Santa Catarina, Claudio Vignatti, e a senador, Milton Mendes. Também são citados a candidata a deputada estadual Ana Paula (PT) e o deputado federal Décio Lima (PT), candidato à reeleição, que venceram. “Os ecetistas sabem que para continuarmos avançando em novas conquistas, precisamos reafirmar nosso compromisso com o modelo de governo Dilma 13, Vignatti 13, Milton 130, Décio Lima 1313 dep.federal e Ana Paula 13313 dep.estadual”, diz o texto, que atribui supostas melhorias nas condições de trabalho e benefícios ao PT. No pé da página, uma legenda informa que o material foi doado a Décio Lima por Paulo de Andrade, que é diretor regional dos Correios em Santa Catarina desde 2013. Como manda a lei eleitoral, o material tem o número do CNPJ de Lima e informa tiragem de 2.500 exemplares. FOTOS DE OUTROS DIRIGENTES O verso do panfleto é ilustrado com a foto de 14 pessoas ao lado de frases de apoio ao deputado petista, embora sem os nomes dos autores. Funcionários da regional catarinense dos Correios ouvidos pelo GLOBO reconheceram no panfleto o rosto do diretor e de pelo menos outros dez ocupantes de cargos de confiança da diretoria regional. Eles atribuem a Décio Lima a indicação de Andrade para o posto. Na frase que aparece ao lado da foto do diretor, ele lembra o passado de Décio Lima como advogado do sindicato dos funcionários dos Correios. A partir de representação do PSDB, o procurador da República Frederick Lustosa de Mello deu ontem prazo de 30 dias para que a presidente Dilma Rousseff apresente explicações sobre denúncias de uso político dos Correios em favor de sua campanha de reeleição. Em Minas, a denúncia de que os Correios teriam privilegiado a entrega de panfletos de Dilma foi acompanhada pela divulgação de um vídeo em que o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG) atribui a subida da presidente nas pesquisas a um “dedo forte dos petistas dos Correios”. Na semana passada, o sindicato dos funcionários dos Correios de Mato Grosso também protocolou um pedido de investigação no Tribunal Regional Eleitoral sobre o envio de cartas aos funcionários nas agências pelo diretor regional Nilton do Nascimento pedindo votos para Dilma. No caso de Santa Catarina, a correspondência foi envida para a casa dos empregados, o que levantou a suspeita de uso do cadastro da estatal. — Todo mundo sabe que eles fazem campanha para o PT, mas não poderiam usar na carta o nome da empresa. O que mais me espanta é como tiveram acesso aos endereços. Ou usaram a estrutura dos recursos humanos ou do fundo de pensão, o Postalis, que também é aparelhado — disse um funcionário que recebeu a carta na sexta-feira e pediu para não ser identificado. Ao GLOBO, Paulo de Andrade negou ser afilhado político de Décio Lima, mas confirmou o envio das cartas. Ele explicou que elas foram produzidas pelo grupo de funcionários petistas da estatal do qual participa, e que apareceu como doador na condição de “cidadão”. Filiado ao PT, ele afirmou que só tem feito campanha fora do horário de expediente. Negou o uso do cadastro dos Correios para endereçar as cartas, mas não soube precisar de onde veio a lista de endereços. — Outros integrantes do grupo cuidaram disso. Pode ter vindo das associações ou do sindicato, que fazem eventos em que funcionários se cadastram. Não usamos o cadastro dos Correios, tanto que não mandamos para todos os funcionários, que são 4 mil em Santa Catarina — disse Andrade. Procurado, Décio Lima não respondeu. Em nota, a direção dos Correios informou que não identificou qualquer irregularidade nos episódios de Mato Grosso e Santa Catarina, já que as malas diretas foram pagas com recursos particulares e enviadas pelos diretores “na condição de cidadão”. A estatal afirmou que a nomeação de dirigentes nos Correios segue critérios técnicos e não políticos e reafirmou que não há uso eleitoral da estrutura da estatal. Maria Inês Capelli, presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap), diz que há casos parecidos em vários estados, fruto do aparelhamento. Segundo ela, das 27 regionais, 18 têm diretores filiados ao PT. A maioria é ex-sindicalista. — Não é apenas usar a estrutura, mas o cargo para se dirigir aos funcionários para pedir voto. Para os mais simples, como os carteiros, ou os 50 mil que têm cargos comissionados, é um peso forte. Isso é abuso de poder — disse. * Fonte primária: O Globo Fonte: Folha de São Paulo - Poder DELAÇÃO NA OPERAÇÃO LAVA JATO É EXEMPLO PARA JUÍZES Ministro do STJ elogia rumos do processo, que produziu a maior recuperação de valores da justiça, segundo ele Publicado: Folha de São Paulo - 07/10/14 - Pág. A6 | On Line 07/10/2014 02h00 Frederico Vasconcelos, de São Paulo O ministro Gilson Langaro Dipp, mentor da criação das varas especializadas em julgar crimes financeiros e lavagem de dinheiro, diz que a Operação Lava Jato será um exemplo para todos os juízes brasileiros. Favorável à delação premiada, Dipp critica os advogados que alegam motivos éticos para renunciar à defesa de réus colaboradores. "Existe ética em organizações criminosas?", pergunta. Gaúcho de Passo Fundo, Dipp advogou durante 20 anos antes de entrar na magistratura. Recém-aposentado, ele concedeu esta entrevista na última quinta-feira (2) em seu gabinete no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, um dia depois de completar 70 anos. Folha - Qual é a sua avaliação da Operação Lava Jato? Gilson Dipp – Ela produziu a maior recuperação de valores da Justiça brasileira em todos os tempos. É importante, pois investiga fatos envolvendo a maior empresa pública brasileira [Petrobras]. Talvez seja o maior desvio de dinheiro público admitido por um investigado desde o caso Banestado. Qual é a importância da delação premiada? É a primeira vez que o Supremo trata, numa ação penal originária [desde o início no STF], do instituto processual da delação premiada, regulamentada por lei no ano passado. Vai ser um exemplo para todos os juízes. Como o senhor vê advogados renunciarem alegando que a delação premiada fere a ética, pois estimula a deduragem? Existe ética entre integrantes de organizações criminosas? Antes, os advogados criticavam a interceptação telefônica como a grande prova. Hoje, os tribunais têm uma interpretação quase uniforme do que pode ser utilizado como prova. A delação premiada está na lei. O advogado atua no interesse do réu, evidentemente remunerado. Com a delação premiada, passa a ser mero fiscalizador do cumprimento do acordo. Como viu, nos últimos anos, as várias operações contra crimes de colarinho branco serem arquivadas? Com preocupação. Elas envolvem técnicas de investigação muito complexas. Os tribunais superiores não têm essa experiência e sensibilidade. Qualquer mácula, uma intercepção telefônica além do prazo, uma operação que nasceu numa denúncia anônima, provocava a nulidade. Foi o caso da Operação Castelo de Areia, por exemplo... Esse é um exemplo de operação que tinha grandes possibilidades de ir mais longe, de esclarecer a corrupção do financiamento político, o envolvimento de agentes públicos e privados, grandes empresas. Como vê o distanciamento entre a sentença do juiz de primeiro grau e a decisão dos tribunais superiores? É muito grande. Os tribunais superiores, em especial o Supremo, são extremamente rigorosos na apreciação de provas. O STF não tem a vocação para processar e julgar uma ação originária. Essa frustração dos juízes de primeiro grau realmente existe. Agora, o juiz tem que ter a isenção suficiente e a perspicácia para não se envolver com o caso que ele preside. O juiz não é investigador. Em 2008, o senhor disse que, como corregedor do CNJ, foi penoso afastar o ministro Paulo Medina, colega do STJ. A ação penal ainda não foi julgada. Isso mostra a deficiência do nosso sistema, seja por causa do foro especial ou da falta de vocação e de estrutura dos tribunais superiores. O Tribunal de Justiça da Bahia foi investigado em sua gestão no CNJ. Dois desembargadores afastados em 2013, e ainda investigados, reassumiram com foguetório, homenageados pelo governador e pelo prefeito. Como viu esse fato? Isso mostra a imagem da sensação de impunidade, de enfrentamento do sistema legal. Esse acinte, de serem recebidos com festa, parece que é para desmoralizar a Justiça. Como avalia a suspensão da ação contra militares acusados de matar o ex-deputado Rubens Paiva? Eu participei do início dos trabalhos da Comissão da Verdade. Sempre foi muito difícil a colaboração efetiva das Forças Armadas. Que elas participaram de tortura, sequestros, ninguém tem dúvida. É o Estado que tem de se desculpar publicamente. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Poder CPI VOLTA A PEDIR DEPOIMENTO DE COSTA À PF Senador Vital do Rêgo solicitou ao Supremo acesso às informações obtidas com a delação do ex-diretor da Petrobras Comissão que investiga estatal cita decisões da corte, que reconhece que as CPIs têm direito a fazer investigações Publicado: Folha de São Paulo - 07/10/14 - Pág. A5 | On Line 07/10/2014 02h00 Rubens Valente, de Brasília O presidente da CPI mista da Petrobras no Congresso, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), reiterou nesta segunda-feira (6) em ofício ao Supremo Tribunal Federal o pedido de acesso aos depoimentos prestados pelo ex-diretor da estatal petroleira Paulo Roberto Costa no acordo de delação premiada fechado na Justiça Federal do Paraná. Para obter benefícios legais nos processos em que é acusado de participação em desvios na Petrobras, Paulo Roberto Costa apontou a participação de senadores e deputados federais no esquema que está sob investigação da Polícia Federal. A íntegra dos depoimentos, porém, ainda não veio a público nem chegou à CPI. O STF retém a documentação sob a alegação de um impedimento legal, mas o quadro, no entender da CPI, mudou no final de setembro. Em virtude da delação premiada, Costa agora cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro. Tanto o pedido de ontem quanto o primeiro, feito em 10 de setembro, foram endereçados ao ministro Teori Zavascki, relator do procedimento que tramita em caráter sigiloso no STF para averiguar a suposta participação de parlamentares no esquema. A assessoria do Supremo confirmou a chegada do ofício hoje ao gabinete de Teori e informou que o ministro passará a analisar o assunto assim que regressar a Brasília, o que deveria ocorrer ainda na noite de hoje. REUNIÃO No último dia 23, o comando da CPI havia se reunido no Supremo com Teori, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para cobrar a liberação dos depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito. Na ocasião, segundo membros da CPI, Teori informou que os parlamentares teriam acesso à documentação, mas não ficou claro em que data isso poderia ocorrer. No pedido reiterado ontem, subscrito pelo senador Vital do Rêgo e pelo relator da CPI, Marco Maia (PT-RS), a CPI ressaltou haver "farta jurisprudência no Supremo" que autoriza o acesso, pelas CPIs do Congresso, a procedimentos que tramitam sob sigilo em outras instâncias do Judiciário e do Executivo. A CPI transcreveu uma decisão do ministro Celso de Mello, de 2001, que reconheceu o direito de as comissões parlamentares de inquérito realizarem investigação própria, "ainda que os atos investigatórios possam incidir, eventualmente, sobre aspectos referentes a acontecimentos sujeitos a inquéritos policiais ou a processos judiciais que guardem conexão com o evento principal objeto da apuração congressual". * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Poder BANCOS OMITIRAM AUTORES DE DEPÓSITOS PARA DOLEIRO Segundo força-tarefa, Safra e HSBC não identificaram quem depositou R$ 26 mi Para combater lavagem de dinheiro, Banco Central exige saber a autoria para mapear se origem é lícita Publicado: Folha de São Paulo - 04/10/14 - Pág. A4 | On Line 07/10/2014 02h00 Mario Cesar Carvalho, Flávio Ferreira, de São Paulo Dois bancos omitiram a identidade dos autores de depósitos que somam R$ 26,4 milhões em contas de uma empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef, segundo análise da força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Lava Jato. Os bancos são o Safra e o HSBC. A empresa do doleiro é a GFD Investimentos, que recebeu depósitos de R$ 76 milhões num período de cinco anos –entre janeiro de 2009 e dezembro de 2013, de acordo com a análise. Os R$ 26,4 milhões sobre os quais não se sabe quem depositou equivalem a um terço do total recebido por essa empresa de Youssef. A identificação do depositante (acima de R$ 10 mil) faz parte das regras do Banco Central de combate à lavagem de dinheiro. Há uma razão simples para isso: sem saber quem fez o depósito torna-se impossível saber se o dinheiro tinha origem lícita. "A omissão dos dados das origens dos recursos (...) transgride os regulamentos do Banco Central", escreveram os analistas no documento da Procuradoria. A falta de identidade dos depositantes tem dois efeitos que prejudicam a apuração de crimes financeiros: preserva o nome de quem fazia negócios suspeitos com o doleiro e dificulta a análise dos fluxos de recursos. O HSBC disse que que colabora com as autoridades sempre que requisitado (leia o outro lado). PROPINA Os procuradores do caso dizem em ações penais que já tramitam na Justiça que os recursos que ingressavam nas empresas de fachada do doleiro eram destinados a pagamento de propina. Dois réus e uma testemunha da Operação Lava Jato que decidiram colaborar com a Justiça confirmaram esse uso. A GFD era usada pelo doleiro para negócios aparentemente legais, como a rede Web Hotéis, e ilícitos, como a simulação de prestação de serviços, ainda de acordo com os procuradores. Preso desde março na Polícia Federal em Curitiba, o doleiro decidiu fazer um acordo de delação premiada para tentar conseguir uma pena menor. Ele é acusado de liderar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Apontado como parceiro de Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa também fez um acordo de delação e agora está em prisão domiciliar, no Rio. PETROBRAS A maioria das empresas que fez pagamentos à GFD Investimentos são fornecedores da Petrobras, como Sanko Sider, Mendes Junior, Paranasa e Clyde Union. Os maiores depósitos entre os fornecedores da Petrobras foram feitos pelo grupo Sanko (R$ 6 milhões) e Mendes Junior (R$ 5,6 milhões quando se somam os depósitos da empreiteira e de um consórcio liderado pela empresa, do qual faz parte a MPE). A Sanko diz que os pagamentos que fez à GFD são referentes à comissão pela venda de tubos feitas pela empresa do doleiro (leia o outro lado). Segundo a Polícia Federal, a Sanko teve papel central no esquema criado pelo doleiro e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para distribuir suborno a políticos. A fonte da propina eram contratos superfaturados de obras da estatal, como a da refinaria Abreu e Lima, diz a PF. Laudo da Polícia Federal aponta que um consórcio liderado pela Camargo Corrêa, contratado para construir uma parte da refinaria, repassou R$ 37,7 milhões ao doleiro usando o grupo Sanko como intermediário. O consórcio, chamado CNCC, conquistou o maior contrato para a construção da refinaria, de R$ 3,4 bilhões. Além do consórcio, a própria Camargo Corrêa é acusada de ter repassado R$ 3,6 milhões ao doleiro por meio da Sanko. Nos dois casos, segundo o laudo, a empreiteira pagou a Sanko por serviços que não foram prestados –o que os advogados da Camargo Corrêa negam. Fonte: Folha de São Paulo - Poder OUTRO LADO EMPRESA DIZ QUE PAGOU COMISSÃO LÍCITA A YOUSSEF Publicado: Folha de São Paulo - 04/10/14 - Pág. A8 | On Line 07/10/2014 02h00 - Atualizado às 16h53 de São Paulo A Sanko Sider, empresa que fez depósitos a duas empresas do doleiro Alberto Youssef –GFD Investimentos e MO Consultoria– diz que todos os pagamentos que fez foram relacionados a negócios. "Yousseff fez vendas [de tubos], recebeu as comissões de praxe no mercado, via indicação de pagamento, como é normal e corrente. Tudo absolutamente comprovado, com emissão de notas fiscais, todas devidamente contabilizadas, tributadas e pagas", afirma nota da empresa. O grupo Sanko, fornecedor da Petrobras, fez pagamentos à GFD, empresa de fachada do doleiro. De acordo com o Ministério Público Federal, os bancos Safra e HSBC omitiram a identidade de quem fez depósitos de alto valor para uma empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef. Os valores, que somam R$ 26,4 milhões, foram transferidos a GFD Investimentos. A identificação em casos de depósitos acima de R$ 10 mil faz parte das regras do Banco Central de combate à lavagem de dinheiro. O doleiro, preso desde março, acusado de liderar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. O Banco Safra não quis comentar a omissão aponta pela Procuradoria. A assessoria do HSBC informou nesta terça-feira (7), por meio de nota, que colabora com as autoridades sempre que requisitado em todos os países onde atua. "O HSBC informa que todos os seus colaboradores são capacitados segundo os mais altos padrões de compliance [conformidade com normas]", diz a nota. A Mendes Junior afirma que não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento. A Paranasa diz que "todos os seus contratos são realizados dentro dos mais rigorosos padrões legais". A Clyde Union, que trocou de controlador e de nome, não foi localizada para comentar o pagamento. O consórcio liderado pela Camargo Corrêa e a própria empreiteira divulgaram a seguinte nota: "A empresa desconhece as contas citadas e, conforme reiterado anteriormente, jamais realizou qualquer pagamento às empresas ou pessoas ligadas a Alberto Yousseff". * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: O Globo - País NA CAMPANHA, DENÚNCIAS SOBRE PETROBRAS, AEROPORTO E AVIÃO Dilma, Marina e Aécio enfrentaram escândalos, mas reagiram igual, pedindo apuração dos fatos e condenação Publicado: O Globo - 05/10/14 - Pág. 33 | On Line 05/10/2014 6:00 Chico de Gois BRASÍLIA — Ao longo da campanha, os três principais candidatos à Presidência da República — Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) — tiveram que se explicar sobre assuntos que preferiam ter passado ao largo. Mas, quando um deles tentava driblar esses temas, seus opositores logo traziam à tona as acusações. E, de uma maneira ou de outra, usando palavras e frases diferentes, os três acabaram apelando para a mesma saída ao dizer que tudo tem que ser apurado e que os culpados precisam ser punidos. Também de maneira comum, apesar das denúncias, nenhum dos presidenciáveis se inviabilizou completamente. No máximo, saíram chamuscados das polêmicas. Marina e Aécio utilizaram os escândalos que sacodem a Petrobras para tentar abalar as estruturas de Dilma. Marina tentou vincular o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa à própria candidata e ao PT. Disse que eles tinham convivido por cerca de oito anos, primeiro com Dilma na presidência do Conselho de Administração da estatal e, depois, quando já era presidente da República. Aécio comparou o novo escândalo ao do mensalão, num esforço para que o assunto se tornasse mais palatável ao eleitor comum. Ele chegou a cunhar a expressão “mensalão dois”. Quando Aécio ainda era considerado o principal opositor de Dilma, os petistas fizeram de tudo para que ele fosse atropelado pelas denúncias de cartel nos trens e metrôs de São Paulo que envolvem governos do PSDB. Mas a tentativa foi frustrada. A notícia que mais afetou o tucano veio de sua terra natal. Quando governador de Minas Gerais, Aécio foi acusado de mandar construir um aeroporto nas terras que pertenciam a um tio, próximo à fazenda de sua família, no município de Cláudio. Confrontado, o candidato disse que a área fora desapropriada e que a pista não tinha como objetivo atendê-lo, embora aeronaves com ele a bordo tenham pousado e levantado voo do local. Depois do desgaste vivido por mais de uma semana, Aécio continuou dizendo que não fizera nada de errado e reconheceu ter errado apenas por usar o local sem homologação. Marina achava que irregularidades e suspeitas não lhe diziam respeito e estava restrito ao quintal alheio. Como não havia sido governadora nem presidente, acreditou que seu telhado fosse capaz de suportar eventuais pedras. Mas, como herdeira de Eduardo Campos, além do potencial político e do partido, ganhou os ônus. Teve que dar respostas sobre o avião usado por Campos na campanha e não declarado nas prestações de contas. O PSB, que acolheu Marina como filha adotiva, esboçou vários rascunhos de respostas, mas nenhuma delas parecia ser definitiva. Coube a ela verbalizar o discurso preparado pelos socialistas. Como Dilma e Aécio, Marina valeu-se da mesma defesa: tudo tem que ser investigado. Apesar de a candidata procurar preservar a imagem do aliado, coube ao advogado Renato Thièbaut, que havia sido chefe de gabinete de Campos quando governador de Pernambuco, imputar-lhe, com todas as letras, a responsabilidade pelas negociações em torno da aeronave. * Fonte primária: O Globo Fonte: Folha de São Paulo - Poder PETROBRAS DIZ QUE INVESTIGARÁ FRAUDE SUA FORNECEDORA Sanko Sider foi contratada usando a documentação de uma outra empresa, a Companhia Mecânica Auxiliar Em três anos seguidos, a Sanko foi aprovada no cadastro da Petrobras apresentando balanços da outra companhia Publicado: Folha de São Paulo - 04/10/14 - Pág. A8 | On Line Mario Cesar Carvalho, de São Paulo A Petrobras vai investigar como a empresa Sanko Sider conseguiu ser aprovada como fornecedora da estatal usando a documentação de uma outra companhia. Só empresas aprovadas no cadastro da Petrobras podem vender ou prestar serviços para a estatal. Laudo da Polícia Federal anexado a um dos processos da Operação Lava Jato afirma que consórcio liderado pela Camargo Corrêa repassou R$ 37,7 milhões a duas empresas do doleiro Alberto Youssef por meio da Sanko Sider e Sanko Serviços. Os serviços contratados pela Camargo Corrêa não foram prestados, segundo os peritos da Polícia Federal. O consórcio conquistou o maior contrato para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, de R$ 3,4 bilhões, em valores de 2010. Procuradores que atuam no caso defendem que todos os depósitos feitos em empresas do doleiro eram destinados ao pagamento de propina para políticos. Contratos superfaturados da refinaria eram a fonte desses repasses, ainda de acordo com os procuradores. A Sanko apresentou documentos de outras empresas porque seu balanço registrava prejuízos e dívidas, de acordo com os peritos, o que resultaria na reprovação da empresa. Ao responder a questionamento da Folha, a Petrobras informou que uma empresa não pode usar documentação contábil de outra para obter o registro no cadastro. "O procedimento regular é a análise da documentação contábil da própria empresa ou da empresa controladora", afirma nota da estatal. Em três anos seguidos (2009 a 2011), a Sanko conseguiu ser aprovada no cadastro da Petrobras apresentando balanços da Cia. Mecânica Auxiliar, da qual ela detém só 33% das ações. Em 2013, a empresa foi aprovada com documentos próprios. Neste ano, porém, a Petrobras reprovou a empresa porque ela não apresentou documentação contábil de 2013. Fonte: Folha de São Paulo - Poder OUTRO LADO SANKO AFIRMA QUE LAUDO NÃOÉ CONCLUSIVO Publicado: Folha de São Paulo - 04/10/14 - Pág. A8 | On Line de São Paulo A Sanko diz que o laudo não é conclusivo e que a própria Petrobras diz no documento que a empresa foi cadastrada por meio de "um processo de avaliação especial que levou à aprovação, totalmente regular e legal". O advogado do consórcio liderado pela Camargo Corrêa, Celso Vilardi, diz que a Sanko prestou todos os serviços contratados ao buscar fornecedores de tubos no exterior, cadastrar as empresas na Petrobras, cuidar do desembarque do material e do rastreamento dele no canteiro. Segundo ele, os peritos extrapolaram ao concluir numa perícia contábil que os serviços não foram prestados. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Poder PARA RECEITA, EX-DIRETOR DA PETROBRAS SONEGOU R$ 33 MI Auditores do fisco desconfiam que a origem do dinheiro seja propina Desse total, Paulo Roberto Campos informou ter aplicado R$ 31 mi no fundo de pensão dos funcionários da estatal Publicado: Folha de São Paulo - 04/10/14 - Pág. A4 | On Line 04/10/2014 02h00 Leonardo Souza, do Rio A Receita Federal detectou que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa acumulou R$ 32,9 milhões sem comprovar a origem dos recursos. No jargão técnico, é o que se chama de patrimônio a descoberto. Significa que as receitas que deram origem a esses bens não foram submetidas à tributação, ou seja, são fruto de sonegação fiscal. Técnicos do fisco ouvidos pela Folha suspeitam que esses recursos venham de propina. Desse total, Costa informou ter aplicado quase R$ 30 milhões no fundo de previdência dos funcionários da Petrobras, o Petros. Se as suspeitas estiverem corretas, Costa usou o fundo de pensão para lavar dinheiro sujo. "Importante destacar que, na DIRPF [declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física] do ano-calendário 2010, Paulo Roberto Costa informou elevado pagamento à Fundação Petros [...], no valor de R$ 29.945.480,00", ressaltaram os técnicos em um dos documentos. Preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, Costa assinou com o Ministério Público um acordo de delação premiada, pelo qual concordou em colaborar nas investigações. Ele também aceitou devolver R$ 70 milhões, entre dinheiro e bens, devido à sua participação em crimes ligados à estatal. A maior parte desse dinheiro (R$ 63,2 milhões) está no exterior. Assim, pode-se afirmar que a maior parcela dos recursos decorrentes da variação patrimonial a descoberto está fora do acordo de delação premiada. Na Lava Jato, a PF descobriu um esquema de desvio de recursos da Petrobras que envolveu Costa, doleiros e fornecedores da estatal. Tratava-se de uma "organização criminosa" com atuação dentro da empresa, segundo a PF. Costa é acusado de liderar um esquema que envolvia de propina a políticos e teria movimentado R$ 10 bilhões. Além do aporte na Petros, o fisco também identificou que Costa acumulou R$ 2,545 milhões sem origem comprovada em 2012 e R$ 388 mil no ano passado. A Receita destacou ainda outros eventos no IR de Costa que carecem de confirmação da origem por ele informada. Em 2012, ele declarou manter R$ 300 mil em dinheiro vivo guardados em casa. No ano passado, informou ter recebido R$ 1,9 milhão em um empréstimo concedido por uma pessoa física e mais R$ 2,17 milhões recebidos como lucros e dividendos de uma de suas empresas, a Costa Global Consultoria Ltda. Dessa forma, os recursos sem origem podem chegar a R$ 37,2 milhões. A situação de Costa ainda está em análise pela Receita. Provavelmente ele será chamado a explicar e comprovar a origem dos recursos. Se não o fizer, deverá ser autuado. O caso de Costa é semelhante ao do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine. Conforme a Folha revelou em agosto, o fisco detectou uma variação de R$ 280 mil a descoberto no patrimônio de Bendine. Chamado a explicar, ele não comprovou a origem do dinheiro, e foi autuado. Bendine pagou a multa sem recorrer. Fonte: Folha de São Paulo - Poder OUTRO LADO DEFENSORA DE PAULO ROBERTO COSTA NÃO É ENCONTRADA PARA COMENTAR Publicado: Folha de São Paulo - 04/10/14 - Pág. A4 | On Line 04/10/2014 02h00 Leonardo Souza, do Rio A Folha procurou Paulo Roberto Costa por meio da advogada que o representava, Beatriz Catta Preta, até esta quinta-feira (2). A reportagem deixou recados na caixa postal do telefone celular de Catta Preta, mas ela não telefonou de volta. A advogada informou à Justiça que deixou a defesa de Costa após a delação premiada de seu cliente ter sido homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Costa foi solto na quarta (dia 1º) e vai cumprir a pena de prisão domiciliar no condomínio em que mora, no bairro Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. PETROS Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o Petros, informou que somente há contrapartida da patrocinadora nas contribuições regulares de acordo com percentuais preestabelecidos do salário do participante. Fora das contribuições regulares, o participante pode fazer aportes a qualquer tempo, de qualquer valor, sem a contrapartida da patrocinadora. A Petros ressaltou que os aportes financeiros acima de R$ 50 mil são devidamente informados ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: O Globo - País TRE DO MATO GROSSO APURA DENÚNCIA DE USO ELEITORAL DOS CORREIOS Sindicato diz que diretor regional da estatal enviou cartas a servidores pedindo votos para Dilma e petistas Publicado: O Globo - 04/10/14 - Pág. 12 | On Line 03/10/2014 21:37 / Atualizado 03/10/2014 21:41 Anselmo Carvalho Pinto, especial para O Globo CUIABÁ — O sindicato dos funcionários dos Correios de Mato Grosso protocolou nesta sexta-feira no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) um pedido para que seja investigado o uso da estrutura da estatal em favor da candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT). Na semana passada, o diretor regional dos Correios em Mato Grosso, Nilton do Nascimento, enviou cartas aos funcionários pedindo votos para Dilma e para candidatos do PT e do PR no estado. “Pedi seu voto em 2010 e conquistamos muito com isso, por isso volto a pedir seu voto”, escreveu Nascimento na carta endereçada aos funcionários. “Agora o Brasil precisa avançar mais e somente o governo Dilma (...) poderá ampliar os programas sociais e econômicos e fazer o melhor para sua gente”. Segundo o sindicato, as cartas foram encaminhadas aos trabalhadores nas agências onde eles estão lotados, com preço de postagem abaixo do previsto para esse tipo de correspondência. — Ele usou o banco de dados dos Correios para saber onde cada funcionário atua. Além disso, uma correspondência deste tipo custa R$ 1,30 e ele pagou R$ 0,60 — disse o presidente do sindicato, Edmar Leite. Segundo ele, algumas correspondências chegaram um dia depois da postagem: — Mais rápido que o Sedex! Esta semana, a oposição denunciou o uso dos Correios na campanha de Dilma e do candidato a governador Fernando Pimentel (PT) em Minas Gerais. Um vídeo divulgado terça-feira pelo jornal “O Estado de S. Paulo” mostrou uma reunião em que o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG) reconhece que o bom desempenho da presidente em Minas tem “o dedo forte dos petistas dos Correios”. Em nota, a assessoria de imprensa dos Correios em Mato Grosso negou que tenha havido uso de infraestrutura pública para envio das cartas. “Foram enviadas apenas 670 malas diretas locais e estaduais, para pessoas conhecidas de Nilton do Nascimento”, diz a nota. A assessoria informou ainda que o diretor regional enviou as cartas “na condição de cidadão”, com a postagem paga com dinheiro próprio. “O preço de cada unidade variou de R$ 0,77 (estadual) e R$ 0,72 (local)”. * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - País WAGNER PINHEIRO: DO FUNDO DE PENSÃO DA PETROBRAS À PRESIDÊNCIA DOS CORREIOS Atual comandante da estatal é um bancário que se aproximou do PT pelas mãos de João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, e do ex-ministro Gushiken Publicado: O Globo - 04/10/14 - Pág. 12 | On Line 03/10/2014 22:54 / Atualizado 07/10/2014 13:04 Gabriela Valente, Rennan Setti e Fernanda Krakovics BRASÍLIA E RIO — Antes mesmo de a presidente Dilma Rousseff assumir o governo, uma das primeiras preocupações foi blindar os Correios. A estatal estava desgastada. Além da mancha do mensalão, a empresa era controlada por indicados da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, que foi afastada do governo em meio a denúncias de corrupção. Um filho de Erenice foi acusado de fazer lobby em favor de uma prestadora de serviços dos Correios. Para a tarefa, Dilma chamou o então presidente da Petros, o fundo de pensão da Petrobras. O petista Wagner Pinheiro já era um velho conhecido. Dilma e ele trabalharam juntos na transição dos governos FHC e Lula. O currículo do novo presidente dos Correios agradava à futura presidente. Pinheiro é economista formado pela Unicamp, onde Dilma estudou. Além disso, o petista tinha o peso de ter ficado nada menos do que oito anos à frente do segundo maior fundo de pensão do país. A trajetória profissional de Pinheiro começou no final dos anos 1980, no antigo Banespa. Foi no movimento sindical dos bancários que ele estreitou relações com o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, e com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, um dos acusados de envolvimento nos escândalos da Petrobras. Ele também era próximo do ex-ministro Luiz Gushiken, morto em 2013. — A relação com o Gushiken era umbilical — classifica uma fonte do governo. Com isso, Pinheiro virou assessor da bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo no início dos anos 1990. E, em 1994, começou a carreira em fundos de pensão no Comitê de Investimentos do Fundo Banespa de Seguridade Social (Banesprev). Juntamente com a presidência da Petros nos governos Lula, chefiou também o Instituto Cultural de Seguridade Social (ICSS). Segundo números da Associação das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), os investimentos da Petros triplicaram durante a gestão de Pinheiro, de R$ 18,6 bilhões para R$ 55,7 bilhões entre 2002 e o fim de 2010 . Esse aumento de 200% foi maior do que o registrado no setor como um todo, que foi de 132%, mas abaixo, por exemplo, da evolução da Previ. Os investimentos do fundo do Banco do Brasil saltaram 252% no período. — A gestão do Wagner na Petros foi marcada por perda de direitos previdenciários dos petroleiros e por uma relação ruim com os representantes dos trabalhadores que mantém postura de independência ao governo — critica Ronaldo Tedesco, representante dos funcionários no Conselheiro Fiscal da Petros. Segundo ele, Pinheiro “precarizou o direito à previdência complementar dos petroleiros” ao criar o Plano Petros 2, em 2006. O novo plano introduziu o sistema de “contribuição variável”, pelo qual o benefício era calculado de acordo com contribuições do participante ao longo da carreira, em vez do anterior “benefício definido”. O Petros 2 fez parte de um plano de repactuação do fundo, que convivia com déficit bilionário. Em 2005, o próprio Pinheiro identificou rombo de R$ 8 bilhões na Petros. Pinheiro só soube que sairia da Petros dias antes de Dilma assumir. Foi o início da “faxina ética” promovida pela presidente no início de seu governo. À frente dos Correios, Pinheiro defendeu o monopólio do mercado. Os Correios venceram judicialmente uma disputa com a embaixada dos EUA para a entrega de passaportes. O argumento é que, segundo a legislação, conteúdo de interesse específico do destinatário tem de ser transportado pela empresa. Com isso, a DHL deixou de entregar documentos, e filas se formaram em embaixada e consulados para pegar o passaporte com o visto. * Fonte primária: O Globo Fonte: Folha de São Paulo - Poder DELAÇÃO PREMIADA DE EX-DIRETOR DA PETROBRAS INCLUI BENEFÍCIO À FAMÍLIA Mulher, duas filhas e dois genros de Paulo Roberto Costa também são réus Publicado: Folha de São Paulo - 03/10/14 - Pág. A6 | On Line 02/10/2014 12h55 Mario Cesar de Carvaklho, de São Paulo O acordo de delação premiada assinado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa inclui cinco familiares dele: a mulher, duas filhas e dois genros. Todos são réus em uma ação penal da Operação Lava Jato sob acusação de tentar destruir provas. Deflagrada em março pela Polícia Federal, a operação descobriu um esquema de desvio de dinheiro da Petrobras que envolveu Costa, doleiros e fornecedores da estatal. Segundo a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da empresa. Costa é acusado de liderar um esquema que envolvia pagamento de propina a políticos do PP, PT e PMDB e lavagem de dinheiro. O esquema teria movimentado R$ 10 bilhões. Eles terão benefícios como a possibilidade de cumprir a pena em regime aberto e, em caso de condenação, a troca da pena privativa de liberdade por restrição de direitos. Num exemplo hipotético dessa substituição, o condenado pode fazer trabalhos comunitários em vez de ir para a prisão. A mulher, as filhas e os genros de Costa são acusados de, enquanto a PF fazia buscas da casa do executivo num condomínio no Rio de Janeiro, em 20 de março deste ano, destruírem e ocultarem documentos que estavam guardados num escritório. Numa busca posterior, a PF encontrou novos documentos relacionados a contas no exterior, o que poderia gerar um pedido de prisão contra as duas filhas. Foi nesse momento que Costa decidiu fazer, no final de agosto, o acordo de delação premiada, segundo o qual contará o que sabe sobre os esquemas de corrupção na Petrobras em troca de uma pena menor. Após a homologação do acordo de delação pelo Supremo, Costa foi libertado nesta quarta (1º) e vai ficar em prisão domiciliar no condomínio que mora na Barra da Tijuca, na zona sul do Rio. Ele estava preso desde junho na custódia da Polícia Federal em Curitiba (PR). O executivo se comprometeu a devolver R$ 70 milhões, o que inclui US$ 23 milhões que foram descobertos por autoridades da Suíça. A Folha revelou na edição desta quinta (2) que o ex-diretor da Petrobras disse no acordo de delação premiada que recebeu US$ 23 milhões (o equivalente hoje a R$ 57 milhões) da Odebrecht em contas secretas na Suíça. A empreiteira tem o terceiro maior contrato na obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, de R$ 1,48 bilhão, em valores de 2010. A Odebrechet nega com veemência que tenha feito qualquer pagamento a Costa. Segundo a empreiteira, todos os contratos com a Petrobras foram conquistados por meio de licitações. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: Folha de São Paulo - Poder CONSÓRCIO REPASSOU A DOLEIRO R$ 38 MI, AFIRMA LAUDO DA PF Grupo liderado pela Camargo Corrêa tem maior contrato em obra da Petrobras Polícia diz ter achado indícios de que serviços foram simulados para justificar pagamentos a empresas de Youssef Publicado: Folha de São Paulo - 03/10/14 - Pág. A4 | On Line Mario Cesar de Carvalho, de São Paulo Um consórcio liderado pela Camargo Corrêa repassou R$ 37,7 milhões a empresas fantasmas do doleiro Alberto Youssef ao pagar a Sanko Sider e Sanko Serviços por serviços simulados, aponta laudo da Polícia Federal. O consórcio, chamado CNCC, pagou R$ 38,75 milhões à Sanko por serviços em que há "fortes indícios" de que não foram prestados, de acordo com os peritos da PF. A maior parte desse valor (R$ 37,7 milhões) foi repassada à MO Consultoria e GFD Investimentos, duas empresas controladas pelo doleiro, entre outubro de 2010 e dezembro de 2013. Procuradores que atuam na Operação Lava Jato dizem que todos os pagamentos feitos às empresas de Youssef eram repasse de propina, já que essas firmas não tinham atividades que justificassem os recebimentos. Dois réus e uma testemunha do caso afirmaram à Justiça que os contratos assinados pelas empresas de Youssef eram só uma forma de justificar a entrada de recursos, já que os serviços nunca foram prestados. As empresas negam as acusações e ressaltam que o laudo não aponta que houve superfaturamento no preço dos tubos (leia texto abaixo). O consórcio CNCC, formado pela Camargo Corrêa e Cnec, ganhou o maior contrato individual para as obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, de R$ 3,4 bilhões, em valores de 2010. O custo da refinaria, estimado em R$ 5,6 bilhões, deve chegar a R$ 57 bilhões quando ficar pronta em 2015. Os procuradores afirmam que contratos superfaturados da refinaria eram uma das fontes do suborno distribuído pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa a políticos. Ambos decidiram fazer um acordo de delação premiada para ter uma pena menor. Além do consórcio, a própria Camargo Corrêa fez pagamentos à Sanko que também foram transferidos ao doleiro, segundo o laudo. Em 20 de julho de 2009, a empreiteira pagou R$ 3,6 milhões à Sanko pelo fornecimento de tubos e prestação de serviços. Em 31 de julho e 1º de outubro, a Sanko repassou R$ 3,2 milhões para Youssef. "Informações obtidas pelos peritos indicam que a venda dos produtos (tubulação) não foi efetivada", diz o laudo. A PF também não encontrou na contabilidade da Sanko registro dos serviços que a empresa diz prestar ao consórcio CNCC. O laudo diz que há indícios de fraude na avaliação que a Petrobras fez da Sanko para cadastrar a empresa --todos os fornecedores da estatal precisam desse certificado. Segundo a PF, a Petrobras aceitava avaliar a Sanko usando documento contábeis de outra empresa, a Cia. Mecânica Auxiliar, da qual detém só 33% das ações. Para os peritos, "os demonstrativos contábeis [de 2009 a 2013] revelaram uma fragilidade financeira acentuada, com seguidos prejuízos e elevado endividamento", o que a impediria, em tese, de ser aprovada como fornecedora da Petrobras. Em 2009, a Sanko registrou um prejuízo de R$ 22,9 milhões e um patrimônio líquido negativo de R$ 64,1 milhões. Os peritos são didáticos ao explicar que é patrimônio negativo: se a Sanko vendesse todos os seus bens e transformasse em dinheiro todos os seus direitos, ficaria devendo R$ 64,1 milhões. Raio-X - Refinaria Abreu e Lima 2011 - era a data inicialmente prevista para que a refinaria em Pernambuco, uma das obras do PAC, começasse a operar 2015 - é data atualmente prevista para a entrega da obra 230 mil barris/dia - é a estimativa de produção R$ 5,6 bilhões - era a estimativa inicial de construção da refinaria R$ 46 bilhões - é a estimativa atual da obra R$ 57 milhões - é o equivalente à propina de US$ 23 milhões que teriam sido pagos pela empreiteira Odebrecht ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa R$ 367,9 milhões - é o valor que, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União, teria sido superfaturado pelas empreiteiras Camargo Corrêa, Odebrecht e OAS em seus contratos na obra da refinaria Outro lado Consórcio critica laudo e afirma que todos os serviços foram prestados DE SÃO PAULO O advogado do consórcio CNCC, Celso Vilardi, diz estar indignado com as conclusões do laudo: "Todos os serviços foram prestados e temos como comprovar isso". Os serviços prestados pela Sanko-Sider, segundo ele, envolveram busca de fornecedores de tubos no exterior, cadastro dessas empresas na Petrobras, desembarque e rastreamento das tubulações no canteiro de obras. Vilardi diz que os peritos teriam de visitar o canteiro para poder afirmar que não houve prestação de serviços. "É uma loucura uma perícia contábil concluir que há fortes indícios de que os serviços não foram prestados." A Camargo Corrêa afirma em nota que "não pode comentar vazamento ou citação de procedimentos judiciais que correm sob sigilo e aos quais não teve acesso". A empresa diz repudiar as suspeitas de irregularidades e afirma que todos os seus pagamentos correspondem a serviços prestados. A Sanko alega que as afirmações do laudo "não são conclusivas" porque a análise foi feita por amostragem. Sobre as suspeitas de fraude no cadastro da Petrobras, a empresa diz que "atende a todas as suas exigências e normas estabelecidas". "Refutamos severamente qualquer afirmação precipitada, afoita e leviana, que falseie as informações cadastrais de nossas empresas e extrapolem aquilo que está inscrito nas conclusões deste relatório", afirma a nota. Para a Sanko, o laudo conclui que "não houve superfaturamento e o trabalho se deu dentro da lei e da ética". Procurada, a Petrobras não quis se manifestar. * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: O Globo - País CORREIOS: PRESIDENTE DA EMPRESA NEGA EXTRAVIO DE MATERIAL Pinhiero diz que contrato com tucanos só previa entrega nas residências Publicado: O Globo - 03/10/14 - Pág. 8 | On Line Catarina Alencastro Brasília - O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, negou que a empresa tenha extraviado material de campanha do PSDB em Minas Gerais, como acusam os tucanos. Segundo Pinheiro, os Correios receberam reclamações sobre a não entrega de parte do material contratado, mas o que houve foi a recusa de alguns porteiros de condomínios de receberem as propagandas e o fato de comércios não terem recebido também. Quanto aos endereços comerciais, ele alega que o contrato com os tucanos previa apenas a entrega nas residências. - Eu não tenho notícias de extravio. Foi enviado para nós uma relação de locais que não era residencial, era comercial, e eles (carteiros) passaram direto. Nosso pessoal falou para o cliente e enviamos novamente - afirmou, apontando que em Minas foram contratados 32,7 milhões de correspondências de mala direta, gerando uma receita de R$ 8,9 milhões para os Correios. Destas, 13,1 milhões de papéis eram propaganda do PSDB. Defesa de carteiro Pinheiro também comentou vídeo que circulou ontem nas redes sociais, de um carteiro entregando panfletos de Dilma, no qual não viu nenhuma irregularidade. Segundo ele, o funcionário, que está sendo identificado, apenas cumpria o seu papel de entregar o material de mala direta, serviço que os Correios prestam para distribuir propaganda comercial e partidária. - Pelo vídeo, me parece que ele está cumprindo o papel dele na entrega de mala direta. O carteiro, pelo que vi, cumpre o papel dele. Pelo que vi no vídeo, não há ilegalidade. Tenho certeza absoluta de que não houve prática de crime eleitoral pelos Correios - disse Pinheiro. Ele explicou que há dois tipos de mala direta: a endereçada e a não endereçada. Nesse último caso, o carteiro entrega o material em todas as residências ou estabelecimentos comerciais por onde passa durante a entrega regular de seu lote de correspondências. Quem contrata esse serviço pode escolher um bairro específico onde a propaganda será deixada de porta em porta. Instituição atingida O presidente dos Correios disse que resolveu prestar esclarecimentos porque a imagem dos Correios estava sendo atacada pela campanha de Aécio: - Respondi em defesa da instituição pública. Porque a candidatura está atacando a imagem da instituição e tenta manchar a credibilidade que os Correios tem. Tenho obrigação de fazer essa defesa. Pinheiro afirmou que os Correios avaliam se vão tomar medidas judiciais contra danos à imagem da empresa. Sobre a participação de funcionários em campanhas petistas, Pinheiro disse que não houve mobilização dos servidores por parte da estatal. Ele confirmou que há funcionários que se reúnem para combinar participação em atos de apoio à candidatura de Dilma e de Fernando Pimentel (candidato do PT ao governo de Minas), o que acontece espontaneamente e fora do horário de trabalho. Ele mesmo admite ter participado de uma dessas reuniões, mas disse que custeou todas as despesas de sua ida à capital mineira. * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - País CONSÓRCIO DA CAMARGO CORRÊA REPASSOU R$ 40,9 MILHÕES PARA DOLEIRO Transferências teriam sido feitas para lavar dinheiro desviado da Petrobras. Empresa nega irregularidades Publicado: O Globo - 03/10/14 - Pág. 7 | On Line 02/10/2014 18:43 / Atualizado 02/10/2014 21:32 Jailton de Carvalho BRASÍLIA - Laudo da Polícia Federal informa que a empreiteira Camargo Corrêa e o Consórcio Nacional Camargo Corrêa (CNCC) repassaram R$ 40,9 milhões para as empresas GFD Investimentos e MO Consultoria, duas empresas usadas pelo doleiro Alberto Youssef para, supostamente, lavar dinheiro desviado da Petrobras. Pela laudo, os repasses teriam sido feito em operações triangulares com a Sanko Sider. O documento deverá servir de base para a denúncia por lavagem de dinheiro e corrupção que o Ministério Público Federal está preparando contra as empreiteiras flagradas em negócios suspeitos com Yousssef, entre elas a Camargo Corrêa. Pelas informações da polícia, o Consórcio Nacional Camargo Corrêa repassou R$ 38,7 milhões a Sanko Sider a título de pagamentos de tubos e serviços entre 2010 e 2013. Quantia de igual valor foi repassada pela Sanko Sider para a MO Consultoria e para a GFD Investimentos, ambas controladas por Youssef. Pelas investigações da Operação Lava Jato, a MO e a GFD são empresas de fachada, usadas para emitir notas fiscais frias para justificar movimentação de dinheiro de origem supostamente ilegal por Youssef. "Ao comparar-se na empresa Sanko a receita dos serviços listados na tabela 7 (pagamentos efetuados pelo CNCC à Sanko), com os repasses a MO Consultoria e GFD, verifica-se que em alguns meses, após Sanko receber repasses do CNCC pela prestação de serviços, ocorriam pagamentos às empresas MO Consultoria e GFD", informam os peritos responsáveis pela analise de parte da contabilidade da Camargo, do Consórcio e das empresas de Youssef. 'ACUSAÇÃO LEVIANA E SEM EMBASAMENT0' No mesmo laudo, os peritos informam que identificaram um repasse de R$ 3,6 milhões da Camargo Corrêa para a Sanko Sider em 20 de julho de 2009. Depois de receber o dinheiro, a Sanko fez dois pagamentos no valor total de R$ 3,2 milhões para a MO."A transação do ano de 2009 entre a Camargo Corrêa e a Sanko Sider possui parâmetros semelhantes àqueles observados entre o CNCC e a Sanko Sider", sustentam os peritos. A Sanko Sider informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda vai analisar os laudos da Polícia Federal sobre as transações financeiras da empresa. “Definitivamente, não são conclusivos, porque relativos, conforme declararam em seu relatório os próprios peritos da Polícia, a uma análise baseada apenas em amostragem", diz nota divulgada pela Sanko. O Consórcio Nacional Camargo Corrêa negou que tenha cometido qualquer ilegalidade. "A empresa repudia as acusações de irregularidades, pronunciadas de forma leviana e sem embasamento ou comprovação, e esclarece que jamais fez qualquer pagamento ilegal nem pode responder por pagamentos de terceiros", diz a empresa em resposta por escrito ao GLOBO. Versão Impressa Brasília - Laudo da Polícia Federal informa que a empreiteira Camargo Corrêa e o Consórcio Nacional Camargo Corrêa (CNCC) repassaram R$ 40,9 milhões para a GFD Investimentos e a MO Consultoria, duas empresas usadas pelo doleiro Alberto Youssef para, supostamente, lavar dinheiro desviado da Petrobras. Pelo laudo, os repasses teriam sido feitos em operações triangulares com a empresa Sanko Sider. O documento deverá servir de base para a denúncia por lavagem de dinheiro e corrupção que o Ministério Público Federal está preparando contra as empreiteiras flagradas em negócios suspeitos com Yousssef. Pelas informações da polícia, o Consórcio Nacional Camargo Corrêa repassou R$ 38,7 milhões à Sanko Sider a título de pagamentos de tubulações e serviços entre 2010 e 2013. No mesmo período, a Sanko Sider fez pagamentos da ordem de R$ 37,7 milhões para a MO Consultoria e para a GFD Investimentos, ambas controladas por Youssef. Segundo a PF a MO e a GFD serviam apenas para emitir notas fiscais frias para justificar movimentação de dinheiro de origem supostamente ilegal por Youssef. "Ao comparar-se na empresa Sanko a receita dos serviços listados na tabela 7 (pagamentos efetuados pelo CNCC à Sanko), com os repasses a MO Consultoria e à GFD, verifica-se que em alguns meses, após a Sanko receber repasses do CNCC pela prestação de serviços, ocorriam pagamentos às empresas MO Consultoria e GFD" informa o laudo incluído sobre parte da contabilidade da Camargo, do Consórcio e das empresas de Youssef. O laudo foi incluído ontem à tarde em um dos processos abertos na 13ª Vara Federal de Curitiba contra Yossef. O Consórcio Nacional, formado pela Camargo Corrêa e pela CNEC, é um dos responsáveis pela construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. No mesmo documento, os peritos informaram que identificaram um repasse de R$ 3,6 milhões da Camargo Corrêa para a Sanko Sider em 20 de julho de 2009. Depois de receber o dinheiro, a Sanko fez dois pagamentos no valor total de R$ 3,2 milhões para a MO. "A transação do ano de 2009 entre a Camargo Corrêa e a Sanko Sider possui parâmetros semelhantes àqueles observados entre o CNCC e a Sanko Sider" sustentam os peritos. O laudo da PF também aponta indícios de superfaturamento e o chamado jogo de planilha da Camargo Corrêa com a Petrobras. Numa análise por amostragem dos preços dos tubos usados na construção da refinaria, os peritos sustentam que o consórcio cobrou da Petrobras valor 17 vezes superior ao que teria pago à Sanko Sider pelo material. . "Além disso, a quantidade negociada do produto ora em estudo é 3 vezes superior à inicialmente prevista" no planejamento inicial, diz o laudo. Os peritos apontam ainda irregularidades na inclusão da Sanko Sider no cadastro oficial de fornecedores da Petrobras. Pelas informações da perícia, a Sanko Sider usou documentos de uma outra empresa, a CIA Mecânica Auxiliar, para incluir seu nome na lista. A empresa estaria atolada em dívidas e, se usasse os próprios balanços, não teria condições de receber o certificado de fornecedora da Petrobras. "Em face do que foi apurado, ficou visível que o mecanismo de controle que a Petrobras tem para evitar a certificação de fornecedores com problemas financeiros foi burlado" sustentam os peritos. Em resposta por escrito ao GLOBO, o Consórcio Nacional negou que tenha cometido qualquer ilegalidade. "A empresa repudia as acusações de irregularidades, pronunciadas de forma leviana e sem embasamento ou compro-vação, e esclarece que jamais fez qualquer pa-gamento ilegal nem pode responder por paga-mentos de terceiros" disse a empresa. A Sanko Sider também negou qualquer irregularidade. "Definitivamente, (os laudos) não são conclusivos, porque relativos, conforme de-clararam em seu relatório os próprios peritos da polícia, a uma análise baseada apenas em amostragem. Garantimos que o cadastro de nossa empresa sempre esteve alinhado com a Petrobras e todas as suas exigências e normas estabelecidas" disse a empresa. * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - País EMPREITEIRAS LIGAVAM PARA GENRO DE PAULO ROBERTO COSTA, MOSTRAM DOCUMENTOS Foram dezenas de telefonemas de Odebrecht e Andrade Gutierrez Publicado: O Globo - 03/10/14 - Pág. 6 | On Line 03/10/2014 6:00 / Atualizado 03/10/2014 6:37 Eduardo Bresciani e Vinicius Sassine BRASÍLIA — Quebras de sigilo telefônico obtidas pelo GLOBO mostram que Márcio Lewkowicz, um dos genros do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, trocou dezenas de telefonemas com as empreiteiras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, duas gigantes do setor e fornecedoras da estatal. Ele é um dos parentes incluídos por Costa em seu acordo de delação premiada. A quebra de sigilo de dois telefones fixos em nome do ex-diretor revela ainda que a Petrobras ligou 26 vezes para esses números mesmo depois da primeira prisão de Costa na Operação Lava-Jato, em 20 de março. Lewkowicz é casado com Arianna, filha mais nova de Costa. Está no nome dele e no do outro genro, Humberto Sampaio de Mesquita, uma das contas do exterior que terá os recursos repatriados. São aproximadamente US$ 2,8 milhões em uma conta no Royal Bank of Canada, nas Ilhas Cayman. COM A ODEBRECHT, 85 LIGAÇÕES Os documentos obtidos pelo GLOBO mostram que houve 85 telefonemas de dois telefones fixos de propriedade de Lewkowicz para números pertencentes à construtora Norberto Odebrecht ou vice-versa. As ligações foram realizadas entre 2009 e 2014. Dentro do processo de delação premiada, Costa afirmou que recebeu US$ 23 milhões da Odebrecht em contas no exterior. A partir do número da sede da construtora no Rio foram direcionadas 43 chamadas para Lewkowicz. As ligações têm duração variada, chegando a até 14 minutos, como ocorreu em uma conversa de outubro de 2012. Outras duas, realizadas nos dias 22 e 29 de novembro de 2013, têm como origem um telefone da empresa em Itaguaí (RJ), com duração de pouco mais de dois minutos cada uma. De aparelhos registrados em nome de Lewkowicz, por sua vez, partiram 39 telefonemas para números da sede da empresa, sendo 15 para o número geral da Odebrecht e o restante para ramais. O outro telefonema foi para a sede Odebrecht em Macaé (RJ), com duração de 2 minutos. Há ainda registro de uma ligação para o próprio Costa com origem em um aparelho da Odebrecht em Ipojuca (PE), onde um consórcio liderado pela empreiteira participa das obras da refinaria Abreu e Lima. Este telefonema levou apenas 27 segundos. COM A ANDRADE, 46 TELEFONEMAS No caso da Andrade Gutierrez, são 31 ligações da sede da empresa, no Rio, para o genro de Costa no período de julho de 2011 a agosto de 2012. Quatro chamadas superam dez minutos de duração. Lewkowicz, por sua vez, fez 13 chamadas para números registrados na sede da empresa. Há ainda uma chamada feita e outra recebida em agosto de 2012 de um telefone celular corporativo da empresa registrado no Rio. O GLOBO falou com o servidor que utilizava o número ontem. Ele disse não conhecer nem Costa nem o genro dele. Há ainda o registro de quatro ligações de um número da empresa para Costa entre setembro de 2009 e fevereiro de 2010, sendo que Costa tinha ligado para outro aparelho em agosto de 2010. ODEBRECHT NEGA RELAÇÃO COM GENRO As empreiteiras divulgaram duas notas sobre esses telefonemas. A nota da Odebrecht diz: “A Odebrecht informa que alguns de seus executivos mantinham contato estritamente profissional com Paulo Roberto Costa, então diretor de Abastecimento da estatal e que também atuou por dois anos como vice-presidente do Conselho de Administração da Braskem, nomeado pela Petrobras. A estatal, sócia da Braskem, tem direito de nomear quatro dos onze conselheiros da petroquímica. Assim, os contatos pessoais e telefônicos existiam unicamente para atender às exigências das relações profissionais entre as empresas. A Odebrecht ressalta que nunca teve qualquer relação com o senhor Márcio Lewkowicz, portanto não vê razões para que tivessem ocorrido ligações telefônicas para números registrados no seu nome”. A nota oficial da Andrade Gutierrez diz: “A Andrade Gutierrez afirma que não mantém e nunca manteve qualquer tipo de relacionamento com as empresas citadas e repudia qualquer tentativa de envolver seu nome em episódios ligados às mesmas. A Andrade Gutierrez reitera que tomará as medidas cabíveis contra qualquer ato leviano de tentar envolver seu nome nos recentes episódios citados pela reportagem. Em relação aos números de telefones informados, por não termos tido acesso ao teor dos questionamentos e aos documentos citados pelo repórter, não há o que comentar sobre o assunto”, diz a nota. Sobre o pagamento de recursos a Costa, a Odebrecht “nega veementemente a notícia baseada em suposto vazamento ilegal de informação falsa” e “considera leviana e falaciosa a publicação de informações especulativas e desprovidas de qualquer fundamento fático”. * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - Opinião On Line APARELHOS ATUAM NAS ELEIÇOES E NA CORRUPÇÃO Usam-se fundos de pensão de estatais em altas negociatas, mas não se ouvem reclamações das vítimas, talvez por uma estranha solidariedade ideológica Publicado: O Globo | On Line 03/10/2014 0:00 EDITORIAL Prestes a completar 12 anos de Planalto, o PT, ou facções dele, vê-se envolvido em alguns casos emblemáticos de uma característica relevante desse longo período no poder, a montagem de aparelhos do partido na máquina pública. A invejável disciplina e empenho petistas na defesa da visão de mundo do partido se reflete no exercício do perigoso princípio de que “os fins justificam os meios”. Com este pano de fundo é que foi engendrado o mensalão, abastecido com dinheiro público desviado sem pudores para comprar apoio político-parlamentar ao primeiro governo Lula. Os últimos meses têm sido férteis em casos nada abonadores derivados da atuação de aparelhos petistas. O que operou desde o primeiro governo Lula na Petrobras, num conluio entre sindicalistas, políticos e empreiteiros, apenas começa a ser conhecido com vazamentos de partes de longos depoimentos prestados sob acordo de delação premiada pelo ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa. O doleiro desse e outros esquemas, Alberto Youssef, fez o mesmo acordo com a Justiça e deve contribuir com informações também esclarecedoras deste que talvez seja o maior escândalo, em cifras, dos últimos tempos. Soube-se há pouco da atuação enviesada dos Correios, em Minas, para privilegiar as candidaturas de Dilma e de Fernando Pimentel, esta ao governo do estado, na distribuição de peças de propaganda eleitoral. Desvendada pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, a história também é exemplar da atuação de aparelhos petistas, cujo resultado é a “privatização” dessas estatais por interesses partidários. E como a eleição presidencial tem sido a mais dura enfrentada pelo PT desde a vitória de Lula em 2002, todo este aparato de militantes instalados dentro da máquina do Estado — funcionários concursados ou não — trabalha nestes dias com empenho extra. Há muita coisa em jogo nas urnas — além do poder em si, empregos e dinheiro. Na mesma linha dos golpes dados na Petrobras, há o uso criminoso de fundos de pensão de funcionários de empresas públicas, em altas negociatas, diante do silêncio do braço sindical petista e, por tabela, dos funcionários. O próprio Youssef e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, são citados em investigações sobre malfeitos com dinheiro da Petros, fundo dos empregados da Petrobras, e Postalis, não por acaso o fundo dos Correios. Há várias operações de que resultam prejuízos para os fundos e, claro, lucros para os operadores. Pouco ou nada se sabe de reclamações contra esses virtuais assaltos aos fundos. Talvez o silêncio se explique por alguma estranha solidariedade ideológica. Na Petrobras, há quem não critique a gestão no mínimo temerária de José Sérgio Gabrielli, em cuja administração Paulo Roberto fez a festa, por considerá-lo um “nacionalista”. Mais uma vez, fins justificam meios. * Fonte primária: O Globo On Line Fonte: Folha de São Paulo - Poder EMPREITEIRA DEU US$ 23 MI, DIZ EX-DIRETOR DA PETROBRAS Paulo Roberto Costa apontou Odebrecht como responsável por pagamento Empresa, que obteve contrato de refinaria em Pernambuco, nega ter feito depósitos em contas na Suiça Publicado: Folha de São Paulo - 02/10/14 - Pág. A4 | On Line 02/10/2014 02h00 Mario Cesar Carvalho, de São Paulo O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa apontou a Odebrecht como a empreiteira responsável pelo pagamento de US$ 23 milhões, o equivalente a R$ 57 milhões, que ele recebeu na Suíça entre 2010 e 2011, segundo quatro pessoas envolvidas nas investigações da Operação Lava Jato ouvidas pela Folha. Na época dos depósitos, Costa era diretor de abastecimento da Petrobras e responsável pela obra mais cara da estatal, a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O custo final do empreendimento deve passar de R$ 45 bilhões. Em consórcio com a OAS, a Odebrecht ganhou o terceiro maior contrato das obras de Abreu e Lima, de R$ 1,48 bilhão, em valores de 2010. A OAS é acusada pelos procuradores de ter usado sua subsidiária na África para enviar US$ 4,8 milhões para uma conta do doleiro Alberto Youssef, preso desde março. O doleiro e Costa são réus sob acusação de integrarem uma quadrilha acusada de desvios de recursos públicos, pagamento de suborno a políticos e lavagem de dinheiro. A Odebrecht nega ter feito qualquer pagamento para o ex-dirigente da Petrobras. Auditoria do Tribunal de Contas da União divulgada no último dia 24 aponta que Camargo Corrêa, Odebrecht e OAS superfaturaram seus contratos na obra de Abreu e Lima em R$ 367,9 milhões. A Camargo Corrêa obteve o maior contrato da refinaria, de R$ 3,4 bilhões. As empreiteiras negam que tenha havido sobrepreço nos contratos e contestam critérios usados pelo TCU em suas análises. Paulo Roberto Costa apontou a Odebrecht num dos depoimentos que prestou após o acordo de delação premiada que fez com o Ministério Público Federal em agosto. Ele se comprometeu a contar o que sabe na tentativa de obter uma pena menor na Justiça. O executivo foi libertado nesta quarta (1º), mas continuará em prisão domiciliar. OUTRO LADO Em nota enviada à Folha, a empreiteira afirma: "A Odebrecht nega veementemente ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer diretor ou ex-diretor da Petrobras. A Odebrecht mantém, há décadas, contratos de prestação de serviços com a Petrobras, todos conquistados de acordo com a lei de licitações públicas". Prossegue a nota: "A empresa repudia a divulgação, pela Folha de S.Paulo, de notícia totalmente leviana, falaciosa, baseada em suposto vazamento ilegal de informações especulativas e desprovidas de qualquer fundamento fático. E lamenta que pretenso vazamento como este –feito ao arrepio da lei e em período pré-eleitoral– ocorra sem que a reportagem do jornal tenha tido acesso aos termos da delação e a qualquer documento que possa embasar a sua notícia." A empresa conclui: "Neste sentido, é de estranhar a postura da Folha, que contradiz a cautela' com supostos vazamentos de informações inverídicas em procedimentos de delação premiada, recomendada pelo editorial do jornal (Petrobras como prêmio'), publicado no último dia 9 de setembro". A OAS não quis comentar as acusações do Ministério Público Federal. O consórcio liderado pela Camargo Corrêa diz que não há "qualquer procedência" nas acusações feitas pelo Tribunal de Contas. O consórcio diz que obteve a obra, por meio de licitação, após oferecer o menor preço. CUSTOS EM ALTA Ainda em construção, refinaria Abreu e Lima estava prevista para 2011 ● R$ 5,6 BI era a estimativa inicial da obra em Pernambuco ● R$ 46 BI é o custo atual da construção da refinaria ● R$ 57 MI é a propina que teria sido paga pela Odebrecht a Paulo Roberto Costa * Fonte primária: Folha de São Paulo Fonte: O Globo - País COSTA DEVOLVERÁ MAIS DINHEIRO DO QUE PAÍS CONSEGUIU REAVER ATÉ HOJE Em 10 anos, R$ 43 milhões recuperados; delação trará R$ 63 milhões Publicado: O Globo - 02/10/14 - Pág. 4 | On Line 02/10/2014 6:00 / Atualizado 02/10/2014 8:42 Vinicius Sassine BRASÍLIA — O montante de dinheiro que será repatriado por conta do acordo de delação premiada firmado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa é superior a todo o valor que o governo brasileiro já conseguiu reaver desde 2004, ano da criação do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), vinculado ao Ministério da Justiça. No acordo firmado com o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ficou acertado que Costa renuncia a US$ 25,8 milhões (R$ 63,9 milhões, pela cotação do dólar de ontem) mantidos em contas bancárias nas Ilhas Cayman e na Suíça e se compromete com a repatriação do dinheiro ao Brasil. Até agora, ao longo de mais de dez anos da existência de um órgão exclusivo para tratar de lavagem de dinheiro, o Estado brasileiro só conseguiu reaver R$ 43 milhões que estavam no exterior após serem lavados em operações criminosas. Em julho de 2013, o Ministério da Justiça divulgou que R$ 40 milhões haviam sido repatriados nos últimos cinco anos, a partir de pedidos do Judiciário e da atuação do DRCI, vinculado à pasta. O GLOBO apurou junto a fontes do MPF e do governo que o total recuperado não ultrapassou R$ 43 milhões em dez anos. É praxe que recursos desviados para contas bancárias no exterior só retornem ao país após o trânsito em julgado dos processos, ou seja, quando já não há nenhum recurso para ser apreciado. Por isso, a repatriação de quase R$ 64 milhões num único caso, em processos ainda numa fase inicial, é apontada por autoridades como um dos trunfos do acordo de delação premiada. Os termos homologados pelo ministro do STF Teori Zavascki preveem a repatriação de US$ 2,8 milhões (R$ 6,9 milhões) mantidos por dois genros de Costa no Royal Bank of Canada em Cayman. Outros US$ 23 milhões (R$ 57 milhões) estão depositados em contas na Suíça em nome do ex-diretor e de familiares. Ele reconheceu que todo o dinheiro é “produto de atividade criminosa” e se comprometeu com “qualquer ato necessário” para a repatriação do dinheiro ao país. A União conseguiu reaver, por exemplo, US$ 5 milhões (R$ 12,4 milhões) desviados das obras do TRT em São Paulo para contas na Suíça, dinheiro que só retornou ao país por conta de um processo penal que tramitou na Justiça Suíça e que já foi encerrado. A repatriação ocorreu no ano passado. No Brasil, o processo que pede o bloqueio dos bens no exterior e o retorno do dinheiro ainda não foi encerrado. Os R$ 43 milhões efetivamente recuperados contemplam ainda três obras de arte enviadas pela Justiça dos Estados Unidos no caso do Banco Santos, avaliadas em US$ 5 milhões (R$ 12,4 milhões), e dinheiro referente aos desvios do Banestado. O DRCI não conseguiu repatriar recursos desviados por Jorgina de Freitas, fraudadora do INSS na década de 90. US$ 300 MILHÕES BLOQUEADOS O bloqueio de um bem no exterior, com a consequente repatriação, depende de um pedido de cooperação internacional por parte da Justiça, do Ministério Público ou da Polícia Federal (PF). A maioria dos processos iniciados no momento da criação do DRCI ainda não foi encerrada, o que dificulta o retorno do dinheiro ou do bem bloqueado. A estimativa é de que US$ 300 milhões (R$ 744 milhões) estão bloqueados no exterior, dinheiro que só poderá voltar ao Brasil após os processos transitarem em julgado. Dificuldades comuns à repatriação são a falta de informação por parte de autoridades no exterior sobre os valores bloqueados e a dificuldade de identificação das contas bancárias que precisam ser bloqueadas. Autoridades estrangeiras não aceitam pedidos genéricos de bloqueio, sendo necessário apontar quais contas precisam ficar indisponíveis. O mais provável é que o dinheiro desviado pelo ex-diretor da Petrobras fique bloqueado numa conta no país, a ser indicada pela Justiça, até a conclusão dos processos. Contratempos como nulidades processuais podem fazer o dinheiro retornar a Costa. * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - País DILMA AFIRMA QUE DEMITIU EX-DIRETOR DA PETROBRAS, MAS ATA DIZ QUE COSTA RENUNCIOU Documentos desmentem versão da presidente de que foi ela quem exonerou ex-funcionário da estatal Publicado: O Globo - 02/10/14 - Pág. 3 | On Line 02/10/2014 6:00 / Atualizado 02/10/2014 7:47 Maria Lima e Eduardo Bresciani BRASÍLIA — Documento oficial da Petrobras põe em xeque o discurso adotado pela presidente Dilma Rousseff, nos últimos dias, sobre as circunstâncias em que o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa deixou o cargo. Ao declarar que combate os malfeitos, Dilma sustenta que demitiu Costa em 2012. Ata da reunião que escolheu o sucessor de Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento traz, no entanto, uma versão diferente. No documento, os representantes do governo no Conselho de Administração da Petrobras não só registram que foi o diretor quem renunciou ao cargo como ainda fazem questão de elogiar a atuação de Costa na cúpula da estatal. A ata resume a reunião do Conselho de Administração do dia 2 de maio de 2012, presidida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Registrado na Junta Comercial do Rio no dia 16 do mesmo mês e publicado no Diário Oficial do estado no dia 28, o documento diz que todo o conselho concordou em registrar em ata elogios ao desempenho do mesmo diretor que, agora, a presidente diz ter demitido. “O presidente do Conselho de Administração, Guido Mantega, em face da renúncia do diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, submeteu o nome do senhor José Carlos Cosenza, indicado pela presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, para substituí-lo”, informa a ata. Aprovado o novo nome para a direção da Petrobras, a ata registra: “Outrossim, determinou o registro dos agradecimentos do colegiado ao diretor que deixa o cargo, pelos relevantes serviços prestados à companhia no desempenho de suas funções”. CORRUPÇÃO REVELADA EM DETALHES Preso na Operação Lava-Jato, Paulo Roberto Costa fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, homologado pela Justiça. No acordo, Costa se comprometeu a revelar detalhes sobre esquema de corrupção na Petrobras. Ele já prestou cerca de cem depoimentos. Não só apontou o envolvimento de empreiteiras como indicou partidos e políticos que eram beneficiados pelo pagamento de propina a partir de contratos com a Petrobras. Num dos depoimentos, como revelou O GLOBO, o ex-diretor contou que recebeu US$ 23 milhões, em contas na Suíça, de apenas uma empreiteira. O dinheiro era de propinas que ele recebeu sem que o doleiro Alberto Youssef, outro acusado no esquema de corrupção, ficasse sabendo. No último domingo, durante o debate na TV Record, para rebater os ataques de Aécio Neves (PSDB) em um pedido de resposta, Dilma declarou que demitira Costa e que, em seu governo, a Polícia Federal fez as investigações que culminaram na prisão dos envolvidos na Operação Lava-Jato. Os adversários não chegaram a questionar a presidente Dilma sobre o fato de que não cabe ao presidente da República nomear ou demitir diretores da Petrobras. — Na verdade, uma coisa tem que ficar bem clara! Quem demitiu o Paulo Roberto fui eu. E a Polícia Federal, do meu governo, foi quem investigou todos esses malfeitos, esses crimes e ilícitos. Eu sou a única candidata que apresentou propostas concretas de combate à corrupção, principalmente contra a impunidade, como, por exemplo, tornar o crime de caixa dois crime eleitoral — disse Dilma, durante o debate, sem fazer menção aos agradecimentos que o Conselho de Administração fez a Costa. Participaram da reunião do Conselho de Administração, além de Mantega, os conselheiros Francisco Roberto de Albuquerque, Jorge Gerdau Johannpeter, Sergio Franklin Quintella, Silvio Sinedino Pinheiro, Josué Christiano Gomes da Silva — candidato ao Senado em Minas Gerais pelo PMDB —, a presidente Graça Foster, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. CAMPANHA REAFIRMA QUE DECISÃO FOI DE DILMA Nos últimos dias, a presidente Dilma tem atacado a candidata do PSB, Marina Silva, taxando-a de “mentirosa” por ter declarado que votou a favor da aprovação da CPMF. Mostrando checagem feita pelo GLOBO e que desmentem Marina, Dilma tem colado na adversária a pecha de mentirosa. “É muito importante que as pessoas assumam o que fazem. Errar é humano, mas mentir é desvio de caráter”, atacou Dilma anteontem. Procurada, a coordenação da campanha de Dilma informou que a decisão de demitir Paulo Roberto Costa da direção da Petrobras foi da presidenta da República, e essa decisão foi comunicada ao diretor pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. A assessoria enviou ao GLOBO trecho do depoimento de Paulo Roberto Costa à CPI da Petrobras no Senado. Segundo a campanha, o depoimento do ex-diretor confirmaria o que Dilma declarou sobre a demissão. Disse Costa na CPI: “O ministro me falou (...) “Nós resolvemos que precisamos ter uma nova pessoa na Diretoria de Abastecimento.” Eu falei: “Ministro, sem problema. Não há nenhum problema. Eu entendo isso.” E o ministro falou (...): “Eu gostaria que você fizesse uma carta de demissão.” Eu disse: “Nenhum problema, eu faço.” (Colaborou Márcio Beck) * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - País PAULO ROBERTO COSTA DEIXARÁ PRISÃO NA TARDE DESTA QUARTA-FEIRA Ex-diretor da Petrobras foi autorizado a deixar prisão em Curitiba, após acordo de delação premiada Publicado: O Globo - 01/10/14 - Pág. 13 | On Line 30/09/2014 18:09 / Atualizado 01/10/2014 11:05 Jailton de Carvalho, Raphael Kapa e Eduardo Bresciani BRASÍLIA - Depois de delatar políticos e empreiteiras por desvios de dinheiro da Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa foi autorizado a responder aos processos abertos contra ele em prisão domiciliar. Ele deixará a carceragem da Polícia Federal em Curitiba e será trazido no início da tarde desta quarta-feira, num jato da PF, para o Rio de Janeiro, onde mora. A tornozeleira eletrônica que será usada pelo ex-diretor foi cedida à PF pelo governo do Paraná. Antes da liberação do ex-diretor, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), homologou o acordo em que Costa delatou o envolvimento de deputados, senadores e governadores com irregularidades na Petrobras. A partir de agora, Zavascki deverá decidir se abre inquérito contra os parlamentares citados por Costa. A decisão sobre os governadores ficará sob a responsabilidade do Superior Tribunal de Justiça (STJ). No processo de delação, Costa prestou aproximadamente cem depoimentos, um para cada suposta fraude. Em um dos interrogatórios, ele confessou ter recebido US$ 23 milhões (R$ 56 milhões) de uma empreiteira no exterior, conforme revelou O GLOBO sexta-feira. Também confessou ter recebido US$ 1,5 milhão de propina só para não atrapalhar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras. DEVOLUÇÃO E MULTA Para deixar a prisão, o ex-diretor concordou em devolver os US$ 25,8 milhões (R$ 63,2 milhões) que recebeu a partir de negócios ilegais relacionados à Petrobras. Também se comprometeu a pagar uma indenização de R$ 5 milhões pelos prejuízos causados aos cofres públicos. Costa terá que entregar ainda uma lancha avaliada em R$ 1,1 milhão, um terreno de R$ 3,2 milhões em Mangaratiba e até a Land Rover Evoque, de R$ 300 mil, que ganhou do doleiro Alberto Youssef. O ex-diretor teve ainda que abrir mão de todo os valores em espécie apreendidos em poder dele na Lava-Jato: R$ 762,5 mil, US$ 181,4 mil (R$ 444,5 mil), €$ 10,8 mil (R$ 33,5 mil). O ex-diretor também se comprometeu a manter o bloqueio de imóveis no valor de R$ 5 milhões como garantia de que cumprirá integralmente o acordo firmado com os seis procuradores da força-tarefa responsável pelas investigações da Lava-Jato. Pelo acordo, Costa permanecerá por um ano em prisão domiciliar com a tornozeleira eletrônica. Ao fim dos processos, em caso de condenação, o ex-diretor cumprirá eventual pena de prisão em regime semiaberto por dois anos. O Ministério Público deverá ainda suspender por dez anos inquéritos e processos contra Costa a partir do momento em que prováveis condenações atingirem o patamar de 20 anos de prisão. COSTA PODE SER ACAREADO COM YOUSSEF A ordem de prisão domiciliar de Costa foi expedida pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Para os procuradores do caso, depois de colaborar amplamente com as investigações, Costa pode permanecer em casa. Mas a colaboração não está encerrada. Costa deverá ser chamado outras vezes para explicar mais detalhes sobre supostas fraudes em contratos de empreiteiras com a Petrobras. Se for necessário, deverá ser acareado com Youssef, que também assinou acordo de delação premiada. O início dos depoimentos de Youssef, que estava previsto para segunda-feira, teve que ser adiado. Procuradores estavam cuidando dos detalhes finais da saída de Costa da prisão e tiveram de deixar os interrogatórios do doleiro para um segundo momento. Pelas investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, Costa e Youssef se associaram para desviar dinheiro da Petrobras. Costa intermediaria contratos entre empreiteiras e a estatal. Youssef seria o responsável pela lavagem de parte do dinheiro desviado. Num dos depoimentos prestados depois da delação, Costa disse que recebeu os US$ 23 milhões de uma empreiteira sem a participação de Youssef. Teria sido “um por fora” do esquema dele com o doleiro. Os US$ 23 milhões estão bloqueados em contas na Suíça desde junho. O Ministério Público já está tomando providências para a repatriação dos recursos. No somatório de valores que Costa se comprometeu a devolver estão ainda US$ 2,8 milhões (R$ 6,5 milhões) depositados no Royal Bank of Canada em Cayman. No despacho que homologou o acordo de delação premiada, Zavascki confirmou que Costa citou parlamentares. “Dos documentos juntados com o pedido há elementos indicativos, a partir dos termos do depoimento, de possível envolvimento de várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive de parlamentares federais, o que atrai a competência do Supremo Tribunal Federal”, diz o ministro Zavascki. O acordo de delação também prevê a concessão de benefícios penais para os familiares de Costa, mas com a celebração de contratos individuais. Duas filhas e dois genros do ex-diretor são acusados de movimentar parte dos recursos desviados por Costa. O ex-diretor se comprometeu a revelar todas as informações e fatos disponíveis sobre crimes de que tenha conhecimento, tendo ou não participado, relativos à Petrobras, à administração pública e a pessoas físicas e jurídicas que tenham se relacionado de algum modo com a administração pública e sobre recursos públicos. Ontem à tarde, o advogado Márcio Thomaz Bastos, contratado pela empreiteira Odebrecht, pediu ao Ministério Público a abertura de investigação para apurar suposto vazamento de informações relacionadas à delação de Costa. * Fonte primária: O Globo Fonte: O Globo - País LAVA-JATO: POLÍCIA FEDERAL INVESTIGA AÇÃO POLÍTICA EM FUNDOS DE PENSÃO Há suspeita de influência do esquema do doleiro Alberto Yousseff nos investimentos de Petros e Postalis Publicado: O Globo - 01/10/14 - Pág. 12 | On Line 01/10/2014 6:00 / Atualizado 01/10/2014 9:12 Alexandre Rodrigues e Rennan Setti RIO - A Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que revelou a relação entre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, começa a esbarrar em possíveis ramificações nos fundos de pensão de funcionários das estatais. Controladas por dirigentes indicados por partidos da base do governo, essas entidades acumulam prejuízos em operações financeiras complexas e parecem obedecer a uma coordenação externa para fazer os mesmos investimentos controversos. A PF abriu uma nova frente de investigação para apurar se investimentos feitos por fundos de pensão em empresas ligadas a Youssef foram influenciados pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. O GLOBO revelou que o advogado Carlos Alberto Pereira Costa, um dos principais auxiliares de Youssef, disse em depoimento que Vaccari frequentou uma empresa em São Paulo, entre 2005 e 2006, para tratar de negócios com fundos de pensão com um operador do doleiro. Domingo, o jornal “Folha de S.Paulo” revelou que a PF encontrou e-mails em computadores de pessoas ligadas a Yousseff atribuindo à influência de Vaccari a aplicação, em 2012, de R$ 73 milhões das fundações Petros e Postalis, dos funcionários da Petrobras e dos Correios, na empresa Trendbank, que administra fundos de investimentos, causando prejuízos às fundações. Vaccari nega participação. Em maio, O GLOBO já havia mostrado que Postalis teve prejuízo ao aplicar R$ 40 milhões num fundo no Banco BNY Mellon por meio de uma gestora de investimentos indicada a dirigentes da fundação por operadores de Youssef, em 2012. A complexidade e o grande número de operações, muitas delas feitas de forma indireta por meio de fundos que fazem outros investimentos, dificultam a identificação dos prejuízos dessas fundações, que administram as contribuições de funcionários das estatais e pagam os benefícios complementares aos aposentados dessas empresas. Os negócios suspeitos já revelados mostram que os interessados em lesar os fundos usam como estratégia a capilaridade e a divisão dos riscos entre vários fundos. Um caso emblemático é a quebra do Banco BVA, em 2013, cuja falência foi formalmente pedida no início deste mês. Apuração do Banco Central apontou indícios de conluio entre dirigentes do BVA e da Petros na formulação de operações fraudulentas. No entanto, mais de 70 fundos de pensão de funcionários de estatais, estados e prefeituras perderam dinheiro no BVA comprando principalmente títulos lastreados em empréstimos dados pelo BVA a empresas com poucas condições de pagamento. Compraram juntos R$ 2,7 bilhões diretamente ou por fundos de investimento ligados ao BVA. PREJUÍZOS COM DEBÊNTURES DO GALILEO Nesse tipo de papel, se o credor não paga numa ponta, o investidor (no caso o fundo de pensão) perde na outra. Petros e Postalis estão entre os que mais perderam dinheiro no BVA. Os dois fundos são protagonistas de outro fracasso: compraram R$ 100 milhões em debêntures do Grupo Galileo, mantenedor da Universidade Gama Filho, que fechou as portas insolvente no ano passado. A Petros comprou 25% dos papéis e o Postalis ficou com os outros 75%, contra a regulação que limita aos fundos a aquisição de até 25% de emissões de títulos. Postalis e Petros têm muito mais em comum do que péssimas aplicações. O atual presidente do Postalis, Antonio Carlos Conquista, foi executivo da Petros entre 2003 e 2009, quando o fundo de pensão era dirigido por Wagner Pinheiro, atual presidente dos Correios, que o indicou para o Postalis. O fundo de pensão dos Correios é dividido entre o PT, que indicou o presidente, e o PMDB, que indicou os outros diretores, inclusive o financeiro. A Petros segue sob domínio exclusivo do PT, embora as diretorias sejam divididas por dois grupos: o dos ex-sindicalistas bancários e o dos petroleiros, todos oriundos da CUT, braço sindical do PT. NO POSTALIS, ROMBO DE R$ 1 BILHÃO Com um patrimônio de R$ 6,8 bilhões, bem menor que o da Petros (R$ 60 bilhões), o Postalis tem sofrido mais com a má gestão. Os prejudicados são os 140 mil participantes, o maior contingente entre as fundações de estatais. Em 2012, o Postalis passou a cobrar contribuição adicional dos participantes e pensionistas para cobrir um rombo de R$ 1 bilhão, cuja metade foi assumida pelos Correios. Agora, segundo funcionários, novo déficit atuarial chega a R$ 2,2 bilhões. A Previc, órgão do Ministério da Previdência que fiscaliza as fundações, é considerada lenta nas investigações, que não são transparentes e geralmente terminam em punição leve. Em agosto, a Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap) e outras entidades pediram à Previc uma intervenção no Postalis. — A diretoria da Previc nos informou que a reposta só virá no fim de outubro ou em novembro — afirmou Maria Inês Capelli, presidente da Adcap. A Previc se recusou a informar que medidas toma sobre o Postalis, alegando, em nota, que “não trata publicamente de situações específicas, em face da necessária preservação de fatos e dados envolvidos em possíveis processos administrativos.” Em nota, o Postalis informou que reestruturou sua carteira de investimentos da fundação, privilegiando títulos públicos, e negou influência de Youssef. A fundação considera natural que vários fundos de pensão participem de um mesmo investimento, já que são grandes investidores no mercado. O mesmo argumento foi usado pela Petros, que também negou influência política e disse que as avaliações de investimento são estritamente técnicas. A Petros diz não ter investido diretamente no BVA e diz ter recuperado 90% do que investiu em operações estruturadas pelo banco, mas não informou o valor. * Fonte primária: O Globo Fonte: ESTADÃO - Blog do Fausto Macedo VICE DA CAMARGO CORRÊA ERA CONTATO E YOUSSEF, AFIRMA RÉU DA LAVA JATO Em novo depoimento, Carlos Costa, que atuava como laranja do doleiro, revela que contratos de serviço da GFD eram na verdade pagamento de comissões Publicado: ESTADÃO ON LINE 29 setembro 2014 | 20:33 Mateus Coutinho e Fausto Macedo O advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, réu na Operação Lava Jato e laranja do doleiro Alberto Youssef, declarou à Justiça Federal, nesta segunda feira, 29, que os contatos do doleiro na Construtora Camargo Correa eram os executivos Eduardo Leite – vice presidente da empreiteira – e João Auler, membro do conselho de administração. O advogado foi ouvido como testemunha em uma das ações contra Youssef – personagem chave da investigação da Polícia Federal sobre esquema de lavagem de dinheiro e corrupção que pode ter alcançado R$ 10 bilhões. Carlos Costa decidiu colaborar com a Justiça, por isso foi colocado em liberdade. O depoimento confirma as suspeitas da PF que já havia interceptado trocas de mensagens entre Youssef, o empresário Márcio Bonilho, e uma outra pessoa que utilizava o apelido “Leitoso”, que seria um executivo da Camargo Corrêa. A própria assessoria da empreiteira confirmou que Eduardo Leite é o vice-presidente da empresa. No depoimento desta segunda-feira, Carlos Costa voltou a mencionar ainda que as prestações de serviço previstas nos contratos da GFD não eram realizadas e, pela primeira vez, admitiu que eram relativos a comissões das negociações de Alberto Youssef com empreiteiras. “O que me disse o Alberto (Youssef) é que era um comissionamento sobre a negociação de venda de tubos da Sanko para a Camargo Corrêa. Não sei precisar qual o porcentual, não participei da negociação. Minha função era só como procurador da empresa (GFD)”, afirmou o advogado ao ser questionado sobre um contrato da empresa Sanko, cujo diretor comercial era o Márcio Bonilho, com a GFD Investimentos. As empresas do Grupo Sanko (Sanko Sider e Sanko Serviços) são citadas nas investigações do MPF sobre os contratos para as obras da refinaria de Abreu e Lima da Petrobrás, em Pernambuco. O Consórcio CNCC (Consórcio Nacional Camargo Corrêa) foi o vencedor de uma das licitações das obras da refinaria em 2008 e contratou a Sanko Sider, que vendeu tubulações, flanges e conexões para a obra, e a Sanko Serviços. As empresas do Grupo Sanko, então, firmaram contratos com a MO Consultoria e a GFD Investimentos empresas controladas por Youssef e colocadas em nome de “pessoas interpostas”. A MO era empresa de fachada, enquanto a GFD seria utilizada para ocultação do patrimônio de Youssef. No depoimento desta segunda, Carlos afirmou que um contrato de prestação de serviços da GFD com a Sanko nunca foi cumprido. “Sim era um contrato de consultoria financeira e não foi prestado esse serviço. Era comissionamento, mas a GFD não podia emitir nota de comissionamento porque no contrato social da GFD não prevê esse tipo de prestação de serviço (pagamento de comissões)”, explicou o advogado. Segundo a denúncia do MPF, com base na quebra do sigilo fiscal das empresas, a Sanko Sider e a Sanko Serviços receberam R$ 113 milhões do CNCC e da Camargo Corrêa entre 2009 e 2013. Parte deste valor, de acordo com a Procuradoria, incluía contratos superfaturados e desvio de dinheiro de recursos da Petrobrás que seriam utilizados para pagamento de propina a políticos. Soentre 2009 e 2013 a Sanko Sider e a Sanko Serviços repassaram R$ 26 milhões para a MO Consultoria provenientes de contratos com o CNCC Neste mesmo período (2009 a 2013), as empresas do grupo Sanko repassaram, de acordo com o MPF, R$ 26 milhões para a MO Consultoria provenientes de contratos com o CNCC. COM A PALAVRA, A CNCC E A CAMARGO CORRÊA Procurados pela reportagem, o Consórcio CNCC e a empreiteira Camargo Corrêa divulgaram nota negando ter relacionamento comercial com Youssef ou qualquer uma de suas empresas. Abaixo a íntegra da nota “O Consórcio CNCC e a Camargo Corrêa jamais mantiveram qualquer tipo de relacionamento comercial com Alberto Youssef, nem com qualquer uma de suas empresas, e não podem responder por pagamentos de terceiros. A Sanko Sider, fornecedor cadastrado na Petrobrás há mais de 10 anos, foi contratado pelo CNCC por concorrência de menor preço para o fornecimento de mais 200 mil itens de tubulação e serviços nas obras à cargo do Consórcio CNCC na Refinaria Abreu e Lima, que já foram entregues e devidamente prestados após comprovação pela Petrobrás.” COM A PALAVRA, O GRUPO SANKO Veja a íntegra da nota divulgada pelo Grupo Sanko “É necessário enfatizar que, desde o início, e em todas nossas manifestações, estamos afirmando exatamente isso que agora aparece como “revelação”. Atingidos de forma brutal, buscamos demonstrar de forma transparente nossa idoneidade construída com trabalho e dedicação ao longo de 18 anos, reconhecidos pelo mercado: 1 – Alberto Yousseff foi representante de vendas da Sanko-Sider (todo o trabalho de vendas da Sanko-Sider é terceirizado). Ele fez as vendas; recebeu as comissões de praxe no mercado, tudo mediante notas fiscais contabilizadas e tributadas, com pagamentos via sistema bancário às empresas por ele indicadas. Conforme as investigações vêm confirmando, as informações prestadas pelo Grupo Sanko são absolutamente corretas. E as operações seguem as normas legais vigentes. 2 – Ambas indicadas por Yousseff, a MO foi contratada para a execução de trabalhos técnicos; e a GFD, para representação comercial. Repetimos: a Sanko-Sider não tem equipe própria de vendas, e todo o trabalho do setor é terceirizado. 3 – Estas informações foram por nós prestadas às autoridades há tempos, tão logo se iniciaram as averiguações. Embora sem qualquer solicitação formal, entregamos às autoridades todos os documentos relativos ao relacionamento entre o prestador de serviços e as duas empresas que formam o Grupo Sanko. * Fonte primária: ESTADÃO On Line Juntos somos mais fortes e vamos mais longe!
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